TECITURA


 



O Capitalismo que nós queremos 

Dia destes, “navegando” pelas redes sociais, deparei com esta charge e com os debates por ela exercidos. Chamou minha atenção a questão referente ao tema e o impacto causado. Entre tantos comentários, merece especial atenção aqueles referentes ao capitalismo e às mazelas ocasionadas por este modelo. Leigo que sou, afinal vivo em um mundo globalizado, capitalista e democrático (ao menos aqui, neste país), nosso dia a dia, nossas culturas, nosso modo de pensar está enraizado com este conceito ao qual mal paramos para pensar. Nossa maneira de viver por muitas vezes faz com que uma simples reflexão, que é a real importância e as diferenças entre o Ser e o Ter, não tenha a dimensão verdadeira de seu significado.

Mas afinal, o que é o capitalismo? Segundo o dicionário Delp da Língua Portuguesa, capitalismo é “Sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos meios de comunicação, que são organizados tendo em vista o lucro e não pertencem aos trabalhadores, que recebem um salário em troca de sua força de trabalho” enquanto capitalista é “Relativo ao capital ou ao capitalismo; Pessoa que vive do rendimento de um capital; Pessoa que tem capitais empregados em uma empresa.”

Conceito adquirido, ainda faltava algo ... uma definição melhor do Capitalismo, não se tratando de etimologia da palavra, e sim de um conceito mais concreto, envolvido com a contemporaneidade, o mundo prático, as nuances de nosso fazer diário. A imagem cumpriu seu propósito, o casamento perfeito da linguagem verbal e a linguagem não verbal, a semiologia, esta junção de signos despertando a curiosidade e a vontade de aprender, de saber mais, e a curiosidade é a mola mestra desta complexa engrenagem que faz com que nós, os humanos, estejamos sempre em processo de evolução em todas as áreas do conhecimento. Procurei um livro de economia para aprofundar mais, intitulado Manual de Economia, de Diva Benevides Pinho e Marco Antônio Sandoval de Vasconcellos. Um livro excelente, rica fonte de estudos e pesquisas para os estudantes e profissionais da área, mas confesso que ao abri-lo, quase desisti lendo o índice! Não sou muito bom e afeito aos números, meu universo vive nas letras ... mas as passagens envolvendo os pensadores como Karl Marx, Adam Smith, François Quesnay, John S. Mill, entre outros, fez valer a pena algumas leituras. Gosto muito de ler, estabelecer diálogos com pensadores de diversas vertentes, abranger meu universo. Infelizmente aqui, sou limitado devido aos meus poucos conhecimentos em economia e matérias correlacionadas, fazendo destas leituras, apesar de muito prazerosas, insuficientes para sanar minha sede de informação sobre a questão Capitalismo.

Enfim, após mais algumas leituras e pesquisas, encontrei um texto excelente que trata sobremaneira desta questão, elucidando e remetendo a importantes reflexões; uma adaptação realizada pela Folha de São Paulo a um texto de Klaus Schwab e que começa com a seguinte questão: Que tipo de capitalismo queremos? O autor discorre sobre o tema, apresentando três formas de capitalismo atualmente utilizados entre os países, a saber:

Capitalismo de acionistas, que propõe que o objetivo de uma empresa deve ser a maximização dos lucros;

Capitalismo de Estado, que confia ao governo a tarefa de estabelecer a direção da economia e ganhou proeminência em países emergentes, entre os quais se destaca a China; 

Capitalismo de “Stakeholders” ou Capitalismo de Partes Interessadas, que posiciona as empresas privadas como curadoras dos interesses da sociedade e representa a melhor resposta aos atuais desafios ambientais.

Modelo hoje dominante, o Capitalismo de Acionistas ganhou corpo nos Estados Unidos da América na década de 1970, expandindo sua influência nas décadas
seguintes. Modelo que alcançou mérito, responsável pela abertura de inúmeras empresas e criação de muitos empregos, milhões prosperaram em seu período de auge. A questão negativa deste modelo é o fato de que seus defensores negligenciam o fato de que uma empresa de capital aberto não é apenas uma entidade que busca lucros, mas também um organismo social. Esta forma de capitalismo está sendo percebida por muitos como um modelo não mais sustentável. Provavelmente a isso se deva o efeito “Greta Thunberg”, jovem ativista sueca, que nos recorda que a adesão ao atual sistema econômico representa uma traição às futuras gerações por sua falta de sustentabilidade ambiental. Motivos correlatos, muitos jovens já não querem trabalhar para empresas cujos valores se limitem à maximização do lucro ao passo que executivos e investidores começaram a reconhecer que seu sucesso em longo prazo está intimamente ligado ao de seus clientes, empregados e fornecedores.

Está sendo lançado um novo Manifesto de Davos, colocando-se a favor do modelo Capital de Stakeholders para assumir este papel de modelo de capitalismo dominante, e que diz que as empresas devem mostrar tolerância zero à corrupção e sustentar os direitos humanos em toda a extensão de sua cadeia mundial de suprimento.

A transcrição do fecho deste ótimo artigo: “Os líderes empresariais têm neste momento uma grande oportunidade. Ao dar significado concreto ao capitalismo de Stakeholders, podem ir além de suas obrigações legais e cumprir seu dever para com a sociedade. Se eles desejam deixar sua marca no planeta, não existe outra alternativa."

Este texto trouxe luz à questão, por si só nasceu clássico. Estas palavras vão reverberar para a posteridade, pois acredito que, mesmo após muitos anos, ele estará atual. Uma profunda reflexão é incitada, e a resposta que eu procurava não é sobre o capitalismo em si, mas sim Que tipo de capitalismo queremos? ... este deve ser o questionamento.

Sandro Ferreira GomesProfessor de Língua Portuguesa, Conselheiro Municipal de Políticas Culturais em Gravataí/RS, Servidor Público, Porto Alegrense, admirador das belas artes, do texto bem escrito e das variedades de pensamento.

Sandro Gomes














03 ANOS DE COLETIVEARTS
 NÃO ESPALHE FAKE NEWS, ESPALHE CULTURA!

SIGA-NOS EM NOSSAS REDES SOCIAIS:


Sempre algo interessante
para contar!

Postar um comentário

3 Comentários

  1. Uma tese, um texto dissertativo. Apresenta uma opinião baseada em leituras, pesquisas. Um ponto de vista apresentado, com o propósito de enriquecer conteúdos para debate. Argumentos!

    ResponderExcluir
  2. Texto bem instrutivo, rapaz! Deixa em aberto o questionamento sobre o futuro que queremos.
    Me questiono se não haveria uma forma melhor de se "fazer sociedade" que segue para além de capitalismo, sociealismo ou qualquer outra coisa já pensada antes. Está claro que nenhum dos moldes atuais estão funcionando. Sou muito mais leiga ainda nessas questões econômicas, mas sinto que existe uma solução, uma outra forma de viver aí que está no nosso nariz e ainda não estamos vendo.

    ResponderExcluir
  3. Pesquise sobre Singapura, seu sistema de governo, educação e tudo relacionado. Não há interesse dos países mais avançados em propagandear este modelo. A dica foi-me dada por oficineiros sul-coreanos quando perguntei sobre a educação na Coréia do Sul .... os caras "manjam" ... kkkk

    ResponderExcluir