TECITURA

 


Lev Vygotsky e a Teoria Histórico-Cultural


A Teoria Histórico-cultural inclui a psicologia, a literatura, a psicolinguística e as artes, sendo seu principal representante Lev Semenovitch Vygotsky. Pensador complexo, com sua obra ainda em processo de descoberta e debates em muitos lugares, incluindo no Brasil, tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea. De extensa obra, seu trabalho sobre o tema de criação da cultura recebe destaque, em especial os estudos sobre desenvolvimento intelectual, em que atribui papel importante das relações sociais neste processo.

Os estudos de Vygotsky sobre aprendizado decorrem da compreensão do homem como um ser que se forma em contato com a sociedade, onde a formação se dá como uma relação dialética entre o sujeito e a sociedade ao seu redor – o homem modificando o ambiente e o ambiente modificando o homem.

A mediação é outro elemento chave na teoria de Vygotsky, em que todo o aprendizado é necessariamente mediado, tornando o papel do professor e do ensino muito mais ativo e determinante do que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação. Em outras palavras, o homem não interfere diretamente na natureza, ele o faz por meio de mediação, foi preciso alguém ensiná-lo a utilizar o objeto da cultura.

Segundo esta teoria, o homem é um ser histórico, construído através de suas relações com o mundo natural e social; Vygotsky busca superar o reducionismo biológico e visão mecanicista de outras teorias. O homem nasce com uma única herança: criar aptidões a partir da experiência sócio- histórica, e com suas vivências, novas aptidões psíquicas se formarão.

Há contrapontos na visão de Piaget que merecem aprofundamentos, havendo até a Defesa por muitos pensadores de possibilidade de conciliar a obra dos dois, na visão materialista de Vygotsky, confirmada no campo das neurociências.

Ao longo de seu desenvolvimento, o indivíduo internaliza formas culturais de comportamento (atividades externas) que se transformarão em atividades internas, em que as atividades psicológicas são constituídas de fora para dentro. A internalização não é um processo de cópia da realidade externa, e sim um processo que desenvolve um plano interno de consciência.

O processo de internalização é então um processo de transformação, partindo da modificação da compreensão individual em que há uma reorganização dos instrumentos fornecidos pela cultura, e não mais uma transmissão automatizada, compreendido como uma atividade de mediação do homem com o mundo, consistindo na transformação de uma atividade externa para uma atividade interna, de um processo interpessoal para um processo intrapessoal.

Essas transformações são fundamentais para o processo de desenvolvimento das funções psicológicas e interessam particularmente ao contexto escolar, pois lidam com formas culturais que precisam ser internalizadas.

Em situação de sala de aula, o professor trabalha com o aluno, explica, dá informações, questiona, corrige, leva o aluno a demonstrar, até que este consiga internalizar, agindo por fim independentemente.

Neste contexto, o professor exerce papel fundamental no processo ensino aprendizagem, não somente como transmissor de conhecimento, mas fundamentalmente como mediador neste processo de internalização, tornando o aluno como ator ativo nesta relação, em que desenvolve competências para adquirir independência de seu conhecimento.

Focando na educação e no professor como mediadores, pois há outros atores envolvidos no processo de internalização de conhecimento, desde a família e a aquisição da linguagem, até o ambiente e demais integrantes que agreguem conhecimento e experiências tangentes.


Lev Vygotsky (1896-1934) foi um Psicólogo bielorusso, pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. Sua obra ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças e é uma das mais estudadas pela pedagogia contemporânea.



Sandro Ferreira GomesProfessor de Língua Portuguesa, Conselheiro Municipal de Políticas Culturais em Gravataí/RS, Servidor Público, Porto Alegrense, admirador das belas artes, do texto bem escrito e das variedades de pensamento.

Sandro Gomes














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2 Comentários

  1. Adorei o tema, ele é um dos meus pensadores sobre educação que vejo que faz sentido na atualidade.

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  2. Sempre quis escrever sobre ele, não tive a oportunidade na minha graduação. Tive a oportunidade depois de ajudar uma amiga que estava fazendo um TCC em pedagogia, peguei as referências dela e me inspirei nos teóricos e pedagogos. Gostei desta dissertação, espero que o público aprecie!

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