DUBLADORES
Gravataí, dez de agosto de dois mil e vinte e um. Dia chuvoso nesta cidade, umidade no ar, porém não muito frio. Um dia qualquer poderia ser. Ontem, houve reunião online via plataforma Zoom do Conselho Municipal de Políticas Culturais, reunião aberta à participação da comunidade, e conselho este ao qual eu secretario, tenho como uma de minhas atribuições a elaboração das ATAs. Ainda trabalhando de forma remota, basicamente tirei o dia para finalizar esta ATA e enviar aos conselheiros para aprovação; também conversei com a artista Ná Silva, a Nayara, moça muito simpática e que desenvolve excelente trabalho, pintora e escultora formidável. Vou entrevistá-la brevemente, se tudo der certo; este mundo virtual está apresentando formas e meio antes pouco explorados. E quanta gente bonita e interessante há por aí! Artistas incríveis, escritores talentosos, atletas guerreiros, alunos brilhantes! Somos potência, gente! Não se deixem nunca enganar. A maior riqueza de uma nação é seu povo, e o nosso é lindo! Corajoso, batalhador, somos potência! Não podemos ficar e estar divididos. Respeito ao pensamento alheio, tolerância ao controverso, empatia com as coisas e as pessoas, é disso que precisamos. Mas enfim, talvez eu ande bastante reflexivo nestes últimos tempos, até pelo contato proporcionado com tantas mentes diversas, tantos pensamentos e olhares brilhantes, não sei.
Hoje, li uma notícia, através de um dos grupos que faço parte via Whatsapp. Um amigo compartilhou, sobre a morte do dublador Júlio Chaves. Um dos grandes dubladores brasileiros, dos filmes, desenhos e séries clássicas, de Mel Gibson a Flash Gordon, Rowan Atkinson, Tommy Lee Jones, Andy Garcia, Jeff Bridges e Jeremy Irons.
Que ano! Que perdas! Perdemos a pouco Scooby Doo e Salsicha – Orlando Drummond
e Mário Monjardim, amigos de décadas, profissionais que emprestaram sua voz a incontáveis personagens, fazendo a alegria dos telespectadores. Está um ano difícil, em especial aos dubladores, muitas perdas importantes!
Lembrei de um dos entrevistados pela ColetiveArts, na Coletive Som. Luiz Nunes. O Spectreman, o Megatron do Transformers, ou o Drácula do Anime Castlevania. Luciano Xaba e Patrícia Maciel presentearam o universo Nerd com uma entrevista deliciosa, em que o artista Luiz Nunes insere o público neste fantástico universo dos atores e atrizes dubladores. Eles e elas não aparecem nas imagens, mas a voz dá personalidade, confere identificação aos personagens. Que entrevista! Que profissão!
Clique e Escute podcast com o dublador Luiz Nunes |
Sou fã de uma série de coisas, e entre elas, as animações da DC. Lembro de uma em especial que fechou um arco do universo de animações da DC Comics, que foi Liga da Justiça Sombria – Guerra de Apokolips. Esta animação foi o fecho, o fim de um ciclo
que iniciou em 2011. Foram vários filmes em formato animação; a DC tem a mesma força, um universo coeso e bem explorado neste modelo de animações ao qual a Marvel desenvolve em seu universo MCU. Mas esta animação, com a responsabilidade e a qualidade que dela se espera, sofreu uma enxurrada de críticas por parte de seu público por um motivo: devido à pandemia e às restrições impostas, aqui no Brasil a equipe de dublagem de voz foi completamente modificada. Isso mesmo. Mudaram todos e todas os dubladores e dubladoras. E este detalhe foi determinante para a queda da audiência, a reclamação dos fãs, o repúdio do público. Nada errado com o traço. As mudanças no estilo dos roteiros, nos traços apresentados, nos mundos explorados e personagens, tudo isso é absorvido e adaptado pelos fãs. A voz é imperdoável! A voz é o elo que faz a ligação. A Mulher Maravilha, o Super Man, o Batman, Flash, Mulher Gavião, Caçador de Marte ... enfim, os estilos mudam, mas a voz permanece! E quando se muda completamente o estilo, a voz do personagem, o trabalho perde a personalidade.
Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jean Claude Van Damme são exemplos de atores que são dublados desde os anos 1980 pelos mesmos dubladores, em sua maioria.
Isto mostra também uma categoria que não sofre muita renovação. Orlando Drummond, 101 anos. Mário Monjardim, 86 anos. Júlio Chaves, 76 anos. Quantas categorias profissionais são tão longevas? Esta personalidade emprestada pela voz destes profissionais alcança tanta notoriedade quanto os astros dublados.
Enfim, esta meia tarde encaminha-se para o final, e eu, bastante introspectivo. Estas perdas sempre abalam, fãs que somos destes trabalhos. O dia é cinza, semana que vem retorno ao trabalho presencial na Biblioteca. Penso neste reinício, penso nos meus queridos próximos entrevistados: Henrique Martins, um escritor e poeta talentoso, Carla Tassinari, artista, escritora e música de grande talento, Na Silva, pintora e escultora, artista essencial e talentosa, que está aí para quebrar barreiras e incitar as imaginações. Estar ao nível deles é minha preocupação. Eles merecem o melhor! Desafiador, instigante, belo ... o contato com as pessoas é. Cada biografia linda temos por aí ... e agora, é hora de um delicioso café! Servidos? Boa tarde!
Orlando Drummond dublando. |
Sandro Ferreira Gomes, Professor de Língua Portuguesa, Conselheiro Municipal de Políticas Culturais em Gravataí/RS, Servidor Público, Porto Alegrense, admirador das belas artes, do texto bem escrito e das variedades de pensamento.
Sandro Gomes |
03 ANOS DE COLETIVEARTS
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4 Comentários
Que ano! Quantas perdas!
ResponderExcluirVerdade!!!! Um ano marcante!
ResponderExcluirNem acreditei na notícia de falecimento de mais mais um dublador. Que descanse em paz
ResponderExcluirPerdemos mais um ... e dos lendários!!!
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