CAVALGANDO COM TEX - LAURA ZUCCHERI
TEX, o maior herói dos quadrinhos de faroeste, está completando cinquenta anos de publicação ininterrupta no Brasil, e o ColetiveArts está preparando uma programação especial no dia 30 de setembro para comemorar não só os cinquenta anos de publicação em terras brazucas, mas os 73 anos de criação do personagem.
Continuando o aquece da festa, o Arte e Cultura segue com sua série de reportagens e entrevistas ligadas ao personagem criado pela dupla Giovanni Luigi Bonelli e Aurélio Gallepini, conversando com fãs, com colecionadores, com pessoas que amam o universo do personagem. E para mostrar o quanto amamos o personagem, fomos conversar com a primeira mulher a desenhar TEX, Laura Zuccheri. Laura é dona de uma simpatia e de uma gentileza que me encantou desde o primeiro contato, dona de um traço lindo e forte, certamente está entre as melhores artistas do mundo. Confira abaixo como foi a nossa conversa. Laura Zuccheri, nós, texianos, te admiramos muito!
LAURA ZUCCHERI
JORGINHO: Como a Laura Zuccheri se define?
LAURA ZUCCHERI: Como faço para me definir? Gosto de me definir não só como uma artista dos quadrinhos, mas também como uma pintora, uma ilustradora, uma designer, uma concept artist. Não consigo me definir de uma maneira apenas, porque muitas são as minhas influências e muitas são as minhas paixões.
JORGINHO: Quando a arte entrou em sua vida?
LAURA ZUCCHERI: Desde
pequenina eu sempre desenhei, sempre tive a vocação para o desenho, para todas as artes figurativas e também para a música. Eu sempre tive uma sensibilidade especial que me levou a enxergar a beleza e a arte como expressão da alma humana.
JORGINHO: O que você lia quando era criança?
LAURA ZUCCHERI: Eu sempre estive rodeada de quadrinhos, meu pai era um colecionador, por isso desde criança eu lia Tex, Mafalda (do Quino), Asterix, e muitas coleções de ficção científica que meu pai tinha nos anos 1970; edições com personagens americanos dos anos 1940 e 1950, que hoje eu só tenho em minha memória. Então eu lia muito isso desde criança, e eu posso dizer que tive contato com vários estilos de quadrinhos.
JORGINHO: Quais são suas maiores influências no desenho?
LAURA ZUCCHERI: Minhas influências são variadas, o que significa que eu realmente gosto do design de civilizações antigas, portanto, eu sou um pouco inspirada por essas populações antigas. Também por tudo relacionado ao figurino que é usado nos teatros, na pintura antiga, na arquitetura. Mas eu realmente tenho é uma grande paixão por civilizações antigas, especialmente as chinesas, as tibetanas e as indianas.
JORGINHO: Você sofreu preconceito por ser uma mulher que desenha quadrinhos?
LAURA ZUCCHERI: Sim, digamos que eu tenha sofrido muitos preconceitos até agora, de vez em quando eu ainda sofro. É um ambiente muito masculino, e por isso é muito difícil uma mulher chegar lá. Para chegar a níveis mais elevados, para poder fazê-lo, você tem que estar completamente desconectada de tudo o que a sociedade, a família e as pessoas ao seu redor esperam de você, "que frequentemente e com boa vontade, fique em casa, para ter filhos, talvez um emprego em meio período”.
Digamos que eu tenha lutado muito para impor minha identidade.
JORGINHO: Como iniciou sua carreira nos quadrinhos?
LAURA ZUCCHERI: Comecei minha carreira aos 20 anos, depois de fazer um minicurso gráfico de publicidade. Sem poder trabalhar, eu tive a ideia de tentar fazer quadrinhos, para os quais eu preparei algumas páginas depois de estudar Blueberry de Jean Giraud, ele foi meu verdadeiro mentor. Então eu levei algumas páginas de faroeste para Lucca Comics, onde conheci Berardi e Milazzo (Gian Carlo Berardi e Ivo Milazzo, criadores de Ken Parker) que nos anos 80/90 eram os autores mais importantes da Itália. Eu comecei a trabalhar com eles como assistente, e, lentamente, fui seguindo.
JORGINHO: Como como foi para você desenhar o encontro de Tex com Doc Holliday?
LAURA ZUCCHERI: Como eu disse, Tex está na minha vida desde que eu era criança. Meu pai era um colecionador de Tex, acima de tudo um apaixonado por Tex, e, portanto, do western. Para mim, foi um gênero que sempre amei muito desde a infância. O encontro com o Doc Holiday, neste livro que eu desenhei, foi uma experiência ótima e difícil, pois foi minha primeira história desenhada no gênero western. E a história é bastante complexa e também muito bonita; o personagem Doc Holiday é emblemático, ele é um personagem histórico, muito fascinante e por isso foi extraordinário ter tido esta oportunidade de trabalhar em tal história.
JORGINHO: Anteriormente você me disse que estava trabalhando em um álbum de quadrinhos para a França e em mais um álbum de Tex, poderia falar um pouco sobre esses projetos para os leitores?
LAURA ZUCCHERI: Estou trabalhando em dois projetos para a França, um se chama Tellus, escrito por Simona Mogavino, para editora Glénaut. É uma história que sairá em quatro livros alternando entre mim e outro artista. Acabei de terminar o primeiro livro e irei começar o novo, é uma bela história de ficção científica.
Estou também em outro projeto com a Daniel Maghen que é uma editora e galeria de arte muito importante, sobre uma história passada na Índia antiga que é chamada de Balada da Rainha Vermelha (La Ballade de la Reine Rouge) escrita por um roteirista indiano chamado Sudeep Menon.
Estou trabalhando em Tex com duas histórias, uma feita para série regular com roteiro de Pasquale Ruju, que é chamado de "La Gazza Ladra". A outra é uma edição especial com roteiro de Mauro Boselli (estou esperando ele para concluir a história), é uma edição de capa dura, e é sempre uma edição especial para o título. A história fala de Pearl Hart, que é uma personagem feminina histórica.
JORGINHO: Que outras obras você desenhou e pode indicar para que possamos acompanhar mais o seu trabalho?
LAURA ZUCCHERI: Para a França trabalhei em um lindo projeto de fantasia chamado "Les Épées de verre", com roteiro de Sylviane Corgiat e publicado por Les Humanoïdes Associés. E também uma história de ficção científica em dois livros, chamada "Retour sur Belzagor", com roteiro de Philippe Thirault, pela mesma editora. Ambos os livros podem ser facilmente encontrados na Amazon.
JORGINHO: Deixe uma mensagem para o leitor do Arte e Cultura e para os fãs do seu trabalho.
LAURA ZUCCHERI: Espero em breve poder ir ao Brasil para conhecer todos os meus fãs brasileiros, que são muitos, e espero que vocês sempre possam se divertir lendo minhas histórias. Obrigado novamente pela entrevista, por tudo e pela sua atenção.
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"Eu sempre tive uma sensibilidade especial que me levou a enxergar a beleza e a arte como expressão da alma humana." - Laura Zuccheri |
NO DIA 30 DE SETEMBRO:
Dia 30 será um dia muito especial, todo programado para homenagearmos TEX WILLER. A cavalgada vai começar às 07h e não tem hora para acabar. Às 19h André Jesus, junto com GG Carsan, Adriano Rainho, Israel Santiago e outros convidados muito especiais, estarão fazendo uma live especial no YouTube do Coletive.
Durante a live teremos brindes que serão dados para os primeiros que responderem as perguntas que os apresentadores farão, todas elas relativas à programação do evento. Ou seja, serão feitas perguntas em que as respostas estarão nos podcasts, nas exposições e no vídeo de Israel Santiago, todos disponibilizados aqui no blog do Coletive, como está previsto na programação.
Fique esperto pard, para concorrer é preciso se inscrever no canal do ColetiveArts e dar o like na live quando ela estiver ocorrendo!
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Jorginho |
03 ANOS DE COLETIVEARTS.
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2 Comentários
Espetacular entrevista! Que orgulho da trajetória da Laura! Somos realmente afortunados em poder ter profissionais do mais alto calibre como ela no staff de Tex. Vida longa para o seu traço e que venham muitas outras histórias desenhadas por ela no universo texiano! Grande abraço!
ResponderExcluirAlém de ser uma exímia desenhista e pintora e ilustradora e... a Laura é uma gracinha quando se expressa. Entrevista desse naipe deveria durar um dia inteiro.
ResponderExcluirPor falar em dia inteiro, você sabia que o Cavalgando com Tex será realizado durante todo o mês de Setembro e culminará em todo o dia 30 de Setembro, da amanhecer ao fim do dia?
Aí, voltando à misses Luccheri, espero que volte logo a nos alegrar com uma aventura texiana e possa vir ao Brasil já no próximo Festival de Quadrinhos de Limeira homenageando o Tex, que deverá acontecer tão logo as condições sanitárias permitam.
Parabenizar o entrevistador Jorge Luís pela brilhante condução e perguntas tão bem colocadas. Eu ia tentar dizer mais, porém, o Rodrigo já falou tudo acima e assino aqui embaixo.