ARTE E CULTURA


 Fábrica de Cadáveres - Do forno ao moedor


"Se você acha que ficou bom, devia ter visto 
como estava na minha cabeça"
- Fabio da Silva Barbosa

Com essa citação, Fabio da Silva Barbosa abre seu mais recente livro "Fábrica de Cadáveres - Do forno ao moedor", que saiu pela Editora Merda na Mão, editora que ele Fabio ajudou a criar. Trata-se de uma edição pocket, mas ele é pequeno apenas no tamanho, no conteúdo é gigante.

Uma coletânea de textos, contos, micro contos ou como queiram definir, que nos traz o olhar de quem já viu muito por onde passou. Fabio é cronista de uma realidade que muitos teimam em não enxergar, nenhuma linha é em vão e você não sai ileso de seus textos, se sair é porque não entendeu nada e não deveria nem estar lendo seus escritos.

Muitos textos eu já conhecia, pois Fabio é um dos membros mais ativos e antigos do ColetiveArts, contribuindo com eles para o  projeto que deu origem ao grupo: #temliteraturanarede. Alguns inclusive eu tive a honra de ilustrar, e mesmo assim ao reler eles na sequência proposta, me surpreendo e aprendo mais sobre o autor e sua visão de mundo.

Não tem como não ser tocado pelos personagens dos textos do Fabio, pois eles são reais. Quem nunca cruzou com alguém que pede um trocado em uma parada de ônibus e escuta: "por que não vai arrumar trabalho?" Quem nunca cruzou com essas almas penadas que dançam por entre os carros em um balé surreal? Quem nunca ficou sabendo de alguém entregue ao tráfico de drogas que se emocionou com o filho que nasceu e prometeu largar a contravenção?

Fábrica de Cadáveres é isso, uma viagem a um Brasil profundo (que cada vez é menos profundo, diga-se de passagem), um Brasil que está em cada esquina, em cada beco desde a grande cidade até a pequena, que alguns insistem em não ver, mas que graças a escritores como Fabio da Silva Barbosa ganham o registro que merece: forte, autêntico e imperdível. 

Para comprar a obra Fábrica de Cadáveres - Do Forno ao moedor:

fsb1975@yahoo.com.br  ou  editoramerdanamao@yahoo.com

A palavra do Maldito


Em um jogo de palavras, como se estivéssemos tomando uma cerveja preta, Fabio da Silva Barbosa reagiu as palavras propostas: 

JORGINHO: Patriotismo

FABIO DA SILVA BARBOSA: Mais uma arma do sistema apontada para a cabeça do povo.

JORGINHO: Partidos políticos

FABIO DA SILVA BARBOSA: Grupos de interesses que se digladiam, entre um abraço e um beijo quente. Revezam na administração da miséria do povo. Facções compostas por parasitas fantoches marionetes. Muito recomendado para os que gostam das eternas reprises.  

JORGINHO: Niterói/RJ

FABIO DA SILVA BARBOSA: Local onde passei a maior parte da minha vida e rolaram muitas loucuras. Coisas insólitas mesmo. 

JORGINHO: Porto Alegre/RS

FABIO DA SILVA BARBOSA: Uma nova etapa, também recheada de psicodelia. Até quando? Vai saber.

JORGINHO: Reboco Caído

FABIO DA SILVA BARBOSA: Zine que produzo há mais de dez anos e que terei de dar um tempo devido a falta de grana para impressão, correio... e tudo o mais que a coisa envolve. Sair apenas em formato digital? Isso não é uma opção. Mas assim que conseguir me organizar melhor, a coisa ressurge das trevas.

JORGINHO: Religião

FABIO DA SILVA BARBOSA: A pessoa ter uma espiritualidade, ou acreditar nisso e naquilo, é problema dela. Agora, quando falamos em religião, estamos falando de uma estrutura que desde sempre existe para manter o povo com medo, manso e submisso. 

JORGINHO: Família

FABIO DA SILVA BARBOSA: Depende do que você chama de família. Se for família enquanto instituição que compõe essa sociedade podre que nos cerca, está tão falida quanto todas as outras instituições. Mais uma tentativa de controle, de domesticação. Como todo o tecido social, não se sustenta.

JORGINHO: Racismo

FABIO DA SILVA BARBOSA: Ainda existir este tipo de coisa em pleno 2022 é, no mínimo, bizarro.

JORGINHO: Neo Nazistas

FABIO DA SILVA BARBOSA: Ainda existir este tipo de coisa em pleno 2022 é, no mínimo, bizarro.

JORGINHO: Cultura

FABIO DA SILVA BARBOSA: Uma palavra empregada de muitas formas e em várias definições. Como tudo o mais (a ciência, a medicina, a marreta...), é uma ferramenta que pode ser usada tanto para erguer uma casa, quanto para afundar um crânio. 

JORGINHO: Futuro

FABIO DA SILVA BARBOSA: Se não acontecer uma ruptura radical com o atual estado das coisas, não será dos melhores.

JORGINHO: Fabio da Silva Barbosa

FABIO DA SILVA BARBOSA: Se descobrir, me explica.


O escritor Fabio da Silva Barbosa, um dos membros mais antigos e ativos do ColetiveArts  (é dele a coluna Malditos Teclados Bailarinos). Dono de um olhar cirúrgico, Fabio é um verdadeiro cronista do underground, caminha pelos becos e bares da vida, que depois transforma em textos que são verdadeiras pedradas nas janelas dos "donos da moral e dos bons costumes"

Não percam suas colunas: Aqui


- Doutor, acaba de chegar o denunciado.
- Cada vez mais chegam esses tipos. Como está?
- Resistindo muito. Diz que tem diretos e que somos fascistas.
- Amarre na cadeira e use o imobilizador de cabeça.

- Fabio da Silva Barbosa, texto presente em Fábrica
de Cadáveres - Do Forno ao Moedor


Jorginho

Jorginho é Pedagogo, Filósofo, ilustrador com trabalhos publicados no Brasil e exterior, é agitador cultural, um dos membros fundadores do ColetiveArts, editor do site Coletive em Movimento, produtor do podcast Coletive Som - A voz da arte, já foi curador de exposições físicas e virtuais, organizou eventos geeks/nerds, é apaixonado por quadrinhos, literatura, rock n' rool e cinema.

COLETIVEARTS
Não espalhe fake news,
espalhe cultura!


Postar um comentário

2 Comentários

  1. Excelente entrevista.. Precisamos de mais Cultura em nossa sociedade para que haja uma forma de comunicação e aprendizagem dentro da sociedade que escravisa o Povo em suas decisões, mas para isso temos que contar com o envolvimento de todos que tenham interesse em evoluir pra uma sociedade mais livre em suas manifestações e vivências!! #salvemaculturapopular

    ResponderExcluir