NAVALHAS AO VENTO

 

SERVIÇO PÚBLICO, MINHA PAIXÃO

Hoje, dia 18 de maio, comemoro 28 anos de serviço público municipal e isso muito me orgulha. Mesmo que muitas pessoas desprezem o servidor público, bem como desprezam as universidades federais (geralmente são pessoas que tentaram o concurso público e não foram aprovadas e/ou as que foram reprovadas nas universidades públicas) eu tenho orgulho do meu trabalho, do meu empenho e dedicação.

O servidor público é muitas vezes chamado de preguiçoso, relapso e outros adjetivos, mas nem sempre essa é a realidade. Vamos por partes: para ingressar no serviço público o candidato terá que estudar (e muito) para disputar com um elevado número de pessoas tão ou mais qualificadas que ele, muitas vezes tendo apenas uma vaga disponível para aquele cargo. Ou seja, se não gabaritar a prova não será admitido. Nossa estabilidade vem para suprir a falta de FGTS e isso não é um prêmio. Qualquer  pessoa pode comprar um imóvel usando o FGTS, nós não, a estabilidade não é garantia. Durante nossa jornada é necessário que façamos cursos, pós, doutorado, mestrado para capacitação e isso sai do nosso salário. No ato da aposentadoria não recebemos nada além do salário. Então porque muita gente se refere a “boquinha” quando fala em funcionário público? Faço trinta horas semanais muita gente pergunta como pode conseguir essa “mamata” e minha resposta é sempre a mesma: estuda, presta concurso público, gabarita a prova, apresenta títulos que vençam aos demais candidatos, passa pelo estágio probatório e fica 28 anos, daí tu chama como tu quiser.

Tenho visto muita gente reclamando do atendimento nas UPA’s de Gravataí, reclamando do funcionário público sem ao menos perguntar se aquelas pessoas fazem parte do quadro. Na prefeitura de Gravataí, bem como em muitos órgãos municipais, estaduais e federais existe o trabalho “terceirizado” (que eu digo que é para destruir com o funcionalismo). Esses funcionários são do setor privado, de uma empresa que venceu licitação e que trabalha no órgão público, mas não são funcionários públicos. Seria bom se informar antes de sair falando inverdades.

Nesses tantos anos de casa já passei por vários setores, secretarias e funções, mas minha  preferência é o atendimento ao público e isso já me rendeu muitas reclamações e muitos elogios. Sou humana, passível de erro, mas jamais farei algo para prejudicar o erário nem a fluidez do serviço. O contribuinte merece todo o respeito, até o momento em que sou desrespeitada, daí passo a tratá-lo com o mesmo desprezo. Muitas vezes servimos como saco de pancada de requerentes que com o bom e velho “eu pago o teu salário” (inclusive aproveito para pedir aumento) ofendem, agridem, magoam o primeiro que vêem. Nem sempre temos condições de realizar da forma adequada, fazemos o que dá e como dá. Na saúde quantas vezes vemos pessoas reclamando e até agredindo fisicamente a enfermeira, técnico e até mesmo a recepcionista porque não tem um remédio ou médico, mas isso não é culpa do profissional que está no posto de saúde. Porque não agridem o gestor público pela falta de condições para que o funcionário público possa trabalhar? Na educação não é diferente, o professor muitas vezes tira do seu próprio salário para comprar folha de ofício, giz e outros materiais que deveriam estar a sua disposição ou são agredidos porque a sala de aula está suja ou com problemas estruturais. Presenciei um guarda municipal ser agredido por um cidadão porque informou que naquele local era proibido estacionar.

São tantas as histórias, tantas as mágoas, tantas as dores… mas vale a pena a satisfação pessoal de dizer que trabalhamos pelo público e para o público. Não devemos nada a políticos nem a partidos, nem estamos aqui por indicação de ninguém e sim pela nossa capacidade intelectual. Somos os dedos da prefeitura, não os anéis. Estou nos últimos passos da caminhada como servidora, peço para que a população tenha mais respeito para com meus colegas, eu já estou calejada. Saibam distinguir e cobrem de quem realmente deve ser cobrado. Pelo bom andamento do serviço público.


Isab-El Cristina Soares

Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras.


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