RETRATOS DA VIDA, Comentários Informais

IDOSO, NÃO VELHO

Quando se fala em velhice surge em nossa mente a ideia de antiguidade, e a isso associado, inércia. Porém, a cada dia que passa esse pensamento dá lugar a um novo paradigma. Ser idoso, e não velho, é estar vivendo a vida da melhor maneira possível. De certo modo, parece paradoxal dizer uma coisa dessas. Tempos atrás, falar-se numa pessoa idosa era falar de uma pessoa inativa. Ou seja, chegava-se à velhice, e o destino deste velho era a aposentadoria, e com ela, ficar em casa cuidando de  jardim ou criando gatos, ou, na pior das hipóteses, sentar-se defronte à televisão vendo a vida passar.

Isto até pode continuar acontecendo.

No entanto, os tempos mudaram, e os velhos, também. Se observarmos os anciões famosos iremos nos deparar com pessoas que não pensam em aposentar-se e ficar ociosas. Gilberto Gil, que acabou de completar seus 80 anos, continua cantando e foi eleito imortal da ABL. Roberto Carlos está com 81 anos, prossegue compondo e cantando. Mário Vargas Llosa, o escritor peruano, com 86 anos, segue escrevendo e publicando. Isto prova, por A mais B, que não existe idade para se fazer qualquer coisa, e não é pelo fato de alguém atingir à velhice para se pensar que chegou ao fim da jornada. Pelo contrário, com um ritmo adequado a sua idade, como vimos, muitos idosos ainda trabalham, divertem-se, namoram, fazem academia, enfim, adoram viver.

Assim, os idosos de hoje, os famosos e os milhares de anônimos que alguns conhecemos e que não vemos todos os dias na mídia — são pessoas que não veem  mais a vida como as pessoas de outras épocas. Isto prova realmente que vivemos um momento histórico único. E o mais importante é que não devemos tratar a terceira idade como sempre foi tratada. É verdade que há exceções à regra, idosos com a saúde delicada necessitam quem os ajude e os proteja. Nem todos, contudo, irão parar nos asilos. Todavia dizer que a velhice é a “melhor idade” é um eufemismo um pouco sem sentido. É a idade a que se chegou, e pode ser boa ou ruim, dependendo muito daquele que a atingiu.

Pode-se afirmar, deste modo, que muitos idosos continuam em atividade, apesar de aposentados, provando que a velhice não é mais a mesma de 50 anos atrás, quando uma pessoa com 40 ou 50 anos era considerada velha e seu destino era ser tratada como tal, um ser humano que já contribuiu com a sociedade e agora basta sentar-se e esperar que o tempo se esvaia paulatinamente.

E para aqueles que apregoam que velhos são pessoas às vezes chatas e rabugentas, aqui vai uma observação do anoso sábio romano, Cícero (106 a.C. /43 a.C.), quando dizia que “...há defeitos inerentes a cada indivíduo, não à velhice”.

 


Fernando Medina

Fernando Medina é escritor , tem Licenciatura em Letras na ULBRA e Pós Graduado em Literatura pela UFRGS, escreveu os livros ,A Testemunha (contos) e O Circo (romance infanto-juvenil). Aficionado por música instrumental tem como orquestras preferidas Ray Conniff, Percy  Faith, Nelson Riddle e o saxofonista Kenny G. Leitor prolífico tem como autores preferidos Machado de Assis, Júlio Verne, Victor Hugo e Sir Arthur Conan Doyle. Também é cinéfilo, apaixonado por filmes dos gêneros suspense e policial, e também não dispensa um bom documentário.


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