ARTE E CULTURA

 COLECIONADORES

(*) Matéria originalmente publicada na coluna Tecitura em 24/08/2021

Arte: Adriano Silva

Sexta-Feira, 20 de agosto de 2021, 21:00hs. Começa a Live teste com os ilustres G G Carsan, Jorginho, eu e Paulo Ricardo Kobielski, diretos da Paraíba, Capão da Canoa, Gravataí e Alvorada, respectivamente. Épico encontro da cultura nerd! Quando em outros tempos uma reunião assim seria possível? Estes jovens senhores são nascidos nos anos 60 e 70. Espírito e alma de meninos, o tempo é só um detalhe! E a pauta, um bate papo de apresentação e um teste para a Live a ocorrer em 21/08 às 20hs, sobre o personagem Tex.

Eles são especialistas! Amantes e colecionadores, histórias infindáveis a contar, profundos conhecedores e atuantes no cenário cultural. Eu, um entusiasta! Tenho uma história com Tex, foi através dele que eu me “puxei” aprendi a ler e dei meus primeiros passos na literatura. Meu ídolo era Zagor! Esta minha história com Tex nasceu de meu pai, este sim um grande fã! Se vivo estivesse, com certeza iria se deleitar nesta reunião, leitor que era de Tex desde menino, e estas grandes figuras presentes na reunião iriam estar como eu estava ... boquiabertos escutando as histórias que meu pai iria contar. Nossa, lá em casa era revista do Tex pra tudo que é lado!

Que prazer estar ali. Mas não sou como eles! Neste campo, é como se fosse eu aluno do fundamental entre professores com mestrado. Mas observei. Observei, e aprendi. E ri, me emocionei. Quantas histórias acompanhando as vidas destas pessoas! Leitores de HQs e, em especial, colecionadores, são pessoas à parte! Uma cultura rica permeia este universo. Imaginem, um personagem criado a 75 anos. Tex Willer, um Ranger do estado americano do  Arizona, na segunda metade do século 19. Criado a 75 anos na Itália, este personagem clássico une gerações e pessoas oriundas de diversos países a décadas! Estes amigos que comigo estavam nesta reunião, tinham muitas histórias para contar. E sobre os personagens clássicos dos Westerns! Jorginho respondeu a uma pergunta minha, sobre Billy the Kid e a teoria apresentada no ótimo filme The Young Boys 2 – aqui no Brasil recebeu o título Jovens demais  para morrer, com trilha sonora magistral de John Bon Jovi e com elenco memorável, entre eles Emilio Estevez, Kiefer Sutherland, Christian Slater, Lou Diamond Phillips, entre outros, todos muito jovens à época -saberiam o sucesso que fariam anos após ano? – teoria esta de que Billy the Kid morrera velho, fugido que foi para o México, e não jovem, aos 21 anos, como dizem os registros históricos. E Jorginho dissertou! Apresentou uma bela tese. Após, esta turma bacana também respondeu a uma dúvida que me acompanhava desde criança, e por não ser tão assíduo leitor deste universo, não havia ainda relacionado. O tempo histórico em que viveram Tex e Zagor! Dúvida esclarecida! Claro, não poderia faltar a fala sobre Wyatt Earp e Doc Holliday.

Arte: Afrânio Braga

E assim fluiu a conversa. Eu e Kobielski estávamos a pouco mais de 20kms de distância entre um e outro. Gravataí e Alvorada são cidades vizinhas. Jorginho, mais longe, no litoral. Creio uns 120kms. E Carsan, este sim em outro mundo. Nordeste brasileiro! Dona Inês. Uma história interessante tem a origem deste município. Carsan falou, e assim está lá, no site de apresentação desta cidade: “Contam os mais antigos, que por volta de 1850, vaqueiros que vinham de outras regiões à procura de gado desgarrado, avistaram ao longe uma coluna de fumaça. Achando tal fato estranho, pois julgava-se que o lugar era completamente desabitado, para lá se dirigiram e encontraram, à sombra de um cajueiro, ao lado de uma cacimba, uma senhora de cor branca, tendo como acompanhante um serviçal negro. A senhora disse chamar se INÊS, que era “Senhora de Engenho” em Pernambuco.” Que interessante esta cidade Dona Inês, lar desta figura ímpar e que gera igual interesse, G G Carsan. um Texiano, um colecionador, um daqueles Nerds de respeito! Conhecimentos catedráticos, adquiridos ao longo de uma vida acompanhando fielmente seus ídolos. Eu não. Sou fã de muitas coisas, pessoas e personagens, mas ídolos tenho poucos. Era para ser diferente! Eu fui um colecionador de respeito, trocava “gibis” com meus amigos Giovane e Sidnei, fomos sócios na banca que montei no Bazar e Papelaria Nossa Senhora Aparecida, a loja de meus pais, ali no IAPI. Cheguei a ter as edições N. 1 do Homem – Aranha e N. 1 de Heróis da TV! Colecionava A Espada Selvagem de Conan e Superaventuras Marvel. E tinha inúmeras revistas do Tex e do Zagor, que eram de meu pai. Estas eram intocáveis! Só para ler. Ai de mim trocar qualquer uma delas. Eram do pai! Quando mudamos, ficaram guardadas na casa do vô, em Gravataí. Diversos sacos de ráfia cheios de revista! Anos após, depois que meu pai faleceu, uma reforma e um destino foram dados “às coisas” do pai e ao meu universo de quadrinhos. Já era adulto, que eu ia querer com “Gibis”? deve ter pensado a mãe. E em uma de minhas tantas viagens, estes quadrinhos e os Tex do pai foram vendidos, doados, sei lá. Só não fugi de casa em sinal de protesto porquê a mãe cozinhava muito bem. Foi só por isso!

Mas G G Carsan. Pois então, que figura! Uma riqueza de olhares, pensamentos e aquela sensibilidade comum aos artistas e entusiastas de todas as artes comungam. Entre tantas histórias, Kobielski e Jorginho apresentando seu vasto conhecimento Texiano também, tantas falas e pessoas citadas, Carsan nos presenteou com uma daquelas histórias maravilhosas, únicas, pessoais. Diz ele que conheceu um entusiasta do Tex, colecionador como ele e “gibizeiro” de muito tempo. Parece que foi em uma das tantas viagens realizadas nos encontros dos fãs de Tex Willer, não lembro ter sido aqui no Brasil ou no exterior – parece que em Portugal, no Canadá, nos States e em tantos outros países há grupos fortes – ele conheceu este senhor, um colecionador de prenome Nelson. Ou teria sido em um evento de divulgação do Tex, ou via redes sociais? Não recordo ao certo agora. Fato é que ficaram amigos e passaram a se corresponder. E, numa destas comunicações, Nelson perguntou-lhe quando faria aniversário, e de que ano era. Carsan nasceu em 16 de fevereiro de 1965. Assim, um belo dia qualquer (próximo de seu aniversário), Carsan recebeu uma encomenda. Tem a caixa guardada ainda! Em seu conteúdo, 11 revistas publicadas em fevereiro de 1965 e uma carta explicando cada uma daquelas revistas! Eram revistas do Tex, Super Homem, Batman, entre outras. Personagens icônicos, capas espetaculares – havia uma do Super Homem com o Presidente Keneddy na capa! Que presente maravilhoso! Quem melhor um colecionador para receber um presente destes, que é muito mais que um presente ... é um legado! Legado de outro colecionador, que tem, com certeza, uma coleção de causar inveja! Que história Carsan nos presenteou. Lindo! É o respeito e a admiração que torna possível uma troca assim. Quisera eu ter dado este destino aos meus Gibis e aos Tex do pai. Tomara que quem quer que os tenha  adquirido, tenha-os cuidado bem! Ali estava toda a minha infância e juventude e uma vida de admiração que meu pai tinha pelo Tex!

E foi assim. Ontem participei desta “Live teste” com estas figuras ímpares, singulares. Hoje vai ser “a valer”. Entre eles, eu vi seu Altair, meu pai, dando aquela sua risada, contando as suas piadas, e fazendo estes “guris” ficarem boquiabertos com as suas histórias e o Tex. Ele era leitor a muito mais tempo! Ia tomar conta da Live, e mais tantas histórias seriam contadas. Obrigado, amigos! Foi uma experiência marcante!

Arte: Adão de Lima Júnior



TEXIANOS

(*) Matéria publicada originalmente na coluna Tecitura em 26/08/2021

Arte: Anderson ANDF


Aconteceu! 21 de agosto de 2021, o tão esperado encontro. Live com transmissão direta no youtube, acompanhei e aprendi muito com estes “monstros” da cultura nerd, fãs incondicionais dos quadrinhos e profundos conhecedores de Tex Willer.

Em comemoração aos 73 anos da criação do personagem, em 30 de setembro, haverá uma série de eventos comemorativos no Brasil e em outros países. Este ano, devido ao advento da pandemia de Covid19, G G Carsan está organizando o evento na forma online, procurando suprir a falta do presencial, e expandindo também as possibilidades e o alcance para outros públicos.

E lá estavam, além de mim, o grande G G Carsan, Jorge Luis ou Jorginho (como ele prefere), Israel Santiago e Paulo Ricardo Kobielski.

G G Carsan, autor dos livros Tex no Brasil: O Grande Herói do Faroeste, Tex no Brasil: Águia da Noite, Tex no Brasil: Justiça a Qualquer Preço, além de outros títulos, como Inês - Origens: A mulher que deu origem e nome a Dona Inês. É uma figura interessante. Ímpar, singular, simpático. Uma sumidade entre os entusiastas, colecionadores e fãs deste meio, Carsan oferece uma gama de conhecimentos magistrais, catedráticos, enciclopédicos sobre o personagem Tex e tudo o que o envolve. Encadernação, estilo, traços, histórias de criação, enfim. Conversar com Carsan é obter conhecimento, é internalizar conteúdo com cada palavra proferida. Carsan é assim, é daqueles que gostam de compartilhar conhecimento, não coloca os ganhos financeiros acima do propósito de informar através de seu trabalho, mostrar ao mundo este maravilhoso universo das HQs - e de tantos mais, já que escreve também em outros gêneros, com livros que falam do agora, nosso contexto atual, e aventura-se pelo gênero técnico e literário, apresentando relatos sobre sua cidade, apontamentos, histórias. Com certeza, sofre de Inquietude!

Kobielski é outro Inquieto! Residente na cidade gaúcha de Alvorada, vizinha a Gravataí, estando no meio entre Gravataí e Viamão; é um simpático Professor de História, nerd de carteirinha, organizador das Gibifest de Alvorada, um lutador pela arte e pela cultura, incansável. Os alunos devem adorar suas aulas! Tem uma coluna no blog da ColetiveArts, o Dossiê Kubielski, trazendo ao público informações, detalhes e muito conteúdo! Tex, Spectreman, Tarzan, Hanna-Barbera, entre tantos mais. É informação, é cultura pop, é intertextualidade, é história! Kubielski é acadêmico, porém seu estilo alcança todos os públicos. Cumpre perfeitamente seu propósito: levar conhecimento às pessoas. Seu trabalho pode ser usado para compor teses acadêmicas, dissertações, como também suprem o propósito de entretenimento, informação, leitura fluída. É um mestre!

ColetiveArts! Esta “Iniciativa” - lembra-me Iniciativa Vingadores … kkkk - surgiu de uma conversa entre três amigos. Os ilustradores Jorginho e Israel Santiago e a escritora Patrícia Maciel; um sonho, disse Israel, e a ideia de unir amigos, amigas, pessoas ligadas à cultura e às artes e criar um blog para todas estas expressões. Patrícia seria incumbida de criar o texto, a poesia. Israel e Jorginho fariam ailustração. Simples, prático, belo! Linguística e Semiótica, semiologia, o encontro da palavra com o traço. Simples? Nem tanto. Somente os detentores daquela sensibilidade, daquele olhar, são capazes de fazer. Precisam de um nome. Qual? Vamos convidar nossos amigos para participar, disse Jorginho. Vamos unir estes tantos conhecidos, disse Israel. Vamos inspirar este trabalho no Mutação na Feira,de Denilson Reis? Disseram todos. Uma união de artistas. Um coletivo. Isso! ColetiveArts! E assim foi. Desta forma nasceu a ColetiveArts, a pouco mais de três anos. Patrícia, amiga de Izabel Cristina, apresentou a ideia ao setor público, apresentando Adriana Emerim. E o Mutação na Feira, evento realizado nas feiras do livro de Porto Alegre, inspirou este grupo de artistas talentosos. Parceria de muito sucesso, agregando artistas e escritores/escritoras, trabalhando com a pluralidade e a diversidade, chamando a atenção de grupos, artistas das mais variadas vertentes, comunidade cultural e entusiastas do país e do exterior, oferecendo conteúdo de qualidade, informando, criando eventos e oficinas, ocupando espaços, participando de editais, fazendo-se presente. Esta história foi contada. Que qualidade e quanta informação contida através desta Live!

- O que é bom, inspira!

Arte: Daniel Pacheco


Vamos dissertar sobre esta afirmação. Gosto de dissertar. Foi assim que comecei a me aventurar por este universo literário. Meu primeiros textos foram dissertações. Teses. Argumentos. Escrevo por força de meu trabalho e pela escrita literária, em três áreas distintas da Língua Portuguesa: dissertação e gramática normativa, escrita literária e redação oficial. Resumindo, escrevo utilizando as três pessoas do discurso. Gosto das crônicas! Da liberdade criativa, da licença poética; como Stanislaw fazia, gosto de misturar a linguagem culta com os coloquialismos. E adoro dissertar! Misturar esses estilos produz ótimos efeitos. Assim o escritor se expressa. É a arte em forma de palavras. E a melhor forma que conheço, que para mim funciona, é me deparar com trabalhos inspiradores. Seja nas representações artísticas, seja nas palavras, seja nos atos. O que é bom, inspira! Há um lema: Não desinforme: informe! Lema melhor não há. Houve um retrocesso no pensamento geral, pessoas mal intencionadas mas muito bem equipadas, com acesso aos meios de comunicação e controle de algumas mídias têm ocupado estes espaços divulgando materiais de conteúdo duvidoso, notícias e informações falsas, falácias. Enganando o povo! Qual propósito teriam?

Percebo um propósito entre os artistas de forma geral, que demonstram sua percepção de mundo através da arte. Escrevem com qualidade, capturam o momento através das imagens fotográficas, conferindo alma, espírito às fotografias. Compartilham conteúdo de qualidade, pois têm compromisso com a verdade. As pessoas presentes nesta reunião, sem exceção, expressam isso no conteúdo produzido. Trabalhos individuais que juntos, por intermédio do Coletivo, mostram força e informação. São trabalhos potentes, agregadores, inspiradores. Quantos novos artistas e gente ligada à cultura nascem após a visualização destes trabalhos, a leitura destas obras, a participação nestas oficinas? É uma sementinha plantada. Pessoas como G G Carsan, Jorginho, Patrícia Maciel, Kobielski, Israel Santiago e tantos mais que vivem neste universo das artes e das culturas precisam ter voz, precisam ocupar espaços, ir a todos os locais, adentrar comunidades, periferias, escolas, feiras. Apresentar ao público a força do mundo artístico e cultural, mostrar que há uma outra forma, uma outra maneira de ver o mundo e as coisas, sem extremismos, com diálogo, doçura, sensibilidade, e a verdade sempre!

Por quê Tex? Ora. Tex é tudo isso. É a honradez e a coragem, a verdade sempre. É um personagem que inspira. Como não se inspirar com este personagem dos quadrinhos? Traz consigo todas estas virtudes que elenquei. G G Carsan e os queridos e queridas colegas da ColetiveArts são assim. Sejamos todos e todas Tex Willer!

TEX SHOW - QUINTA TEMPORADA - EP. 3




CAVALGANDO COM TEX 2ª EDIÇÂO


Dia 30 de setembro está chegando e, com ele, a 2ª edição de Cavalgando com TEX, evento online  que irá novamente reunir pards dos mais diversos cantos do Brasil e do mundo.

Em 2021 a primeira edição foi um enorme sucesso, tornando-se o maior evento online da história dedicado ao personagem. Este ano, a programação será mais enxuta, mas feita com muito amor pelo ColetiveArts e por todos aqueles que são apaixonados pelo personagem criado na Itália, em 30 de setembro de 1948, por  Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini, o Galep.

O Coletive, durante todo o dia 30,  irá disponibilizar publicações especiais aqui no blog, dedicadas ao personagem e seus fãs. E a partir das 21h, no YouTube do Coletive, ocorrerá a live de comemoração do aniversário de 74 anos do ranger mais querido do faroeste. 

Na live comandada por Israel Santiago e GG Carsan  haverá muitos brindes a serem sorteados, e para concorrer, tem que dar o like no vídeo, começar a seguir o canal do Coletive, e ficar de olho na programação que será publicada aqui no blog, pois as perguntas do sorteio serão sobre  essa programação toda especial.

Lugar de Texiano no dia 30 é aqui no Coletive, venha comemorar conosco essa data tão fantástica!

Para saber como foi o nosso primeiro "Cavalgando com TEX", clique AQUI.


Sandro Gomes

Sandro Ferreira Gomes, Professor de Língua Portuguesa, Conselheiro Municipal de Políticas Culturais em Gravataí/RS, Servidor Público, Porto Alegrense, admirador das belas artes, do texto bem escrito e das variedades de pensamento. 

Confiram podcast gravado com Sandro Gomes clicando Aqui

Arte: Haroldo Medina

04 ANOS DE COLETIVEARTS,
CONTANDO HISTÓRIAS, CRIANDO MUNDOS
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espalhe cultura!

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2 Comentários

  1. Eu lendo e pensando aqui...
    Deixa o Sandro Ferreira falar, bicho.
    E que seja assim. Obrigado pelas elucubrações tão sensitivas.

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  2. Grande amigo, um abraço! Obrigado pelo feedback!

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