ARTE E CULTURA

Conversas e Pradarias

Aqui neste dia especial publicamos na seção Arte e Cultura uma coletânea de textos, depoimentos e vídeos que fãs de Tex foram nos mandando para deixar esse momento mais incrível ainda. Agradeço de coração a cada um que reservou alguns preciosos minutos de sua rotina para homenagear o famoso ranger.

Nós do ColetiveArts temos muito orgulho do que fazemos, e tudo é feito com muita seriedade e comprometimento.

Viva Tex Willer!


Jorginho

COMO NÃO GOSTAR DE TEX?

Não resta dúvida que a mitologia do faroeste foi criada e consagrada pelo  cinema norte-americano. Cineastas como Howard Hawks (Rio Bravo/1941), George Stevens (Shane – Os Brutos Também Amam/1953), John Ford (Rastros de Ódio/1956), John Sturges (Sete Homens e um Destino/1960), Henry Hathaway (A Conquista do Oeste/1962), entre outros, se consagraram com filmes que se tornaram clássicos do gênero. 

Mas o gênero chamado “western” por lá e “faroeste” por aqui, teve um declínio a partir da metade da década de 60, sobretudo pela mudança de perfil dos espectadores, que passaram a se preocupar com questões mais imediatas em suas vidas, de cunhos social, político e cultural, que não tinham ressonâncias em filmes em que a lei do mais rápido no gatilho prevalecia. Foi justamente num país muito distante da “América”, no velho continente e com um idioma latino, que o faroeste teve um renascimento, notadamente pelo talento do diretor italiano Sergio Leone, com seus filmes tendo o protagonismo de Clint Eastwood, “Por um Punhado de Dólares” (1964), “Por uns Dólares a Mais” (1965), “Três Homens em Conflito” (1966) e a sua obra prima “Era Uma Vez no Oeste”(1968), desta vez sem Eastwood, mas trazendo atores consagrados do cinema norte-americano como Henry Fonda, Jason Robards, Charles Bronson e ainda revelando a beleza da italiana Claudia Cardinale.


O sucesso dos filmes de Leone motivou e resultou em dezenas de outras produções do gênero e trouxe ao conhecimento do mundo atores italianos como Giulano Gemma, Franco Nero e Terence Hill.

Mas longe das telas, numa linguagem gráfica já consagrada entre os fãs, mas com restrições da dita “cultura séria” e duas décadas antes do sucesso dos “spaghetti westerns”, outros jovens italianos adoradores da mitologia do faroeste, mesmo sem nunca terem colocado os pés em território norte-americano, começaram a saga de Tex Willer que se tornaria um ícone do gênero nas histórias em quadrinhos. Em 1948 Giovanni Luigi Boneli e Aurelio Gallepini publicaram a sua primeira parceria de uma bela longevidade. De início no formato de tiras com no máximo três quadrinhos e publicada semanalmente num “gibi” de 32 páginas. O resto é uma história de sucesso mundial que já dura 74 anos.

Em meu primeiro contato com uma revista do Tex, eu tinha dez anos de idade e encontrei na casa de um primo uma edição de 1973 da editora Vecchi. Sei bem esse detalhe porque o meu primo me presenteou com a revista, tal a admiração que demonstrei pela qualidade dos desenhos em P&B e da história. Durante muitos e muitos anos a mantive como uma relíquia.

Ao longo da minha vida minha paixão pelos quadrinhos se desenvolveu passando pelas histórias do Pato Donald e do Tio Patinhas de Carl Barks, pela Mônica do Maurício de Souza, pelo Homem Aranha do Stan Lee e Steven Ditko, pelo Batman do Dennis O’Neil e Neal Adams, pelo Asterix do Goscinny e do Uderzo, pelo The Spirit do Will Eisner, até chegar nas graphic novels da década de 80 e no “Watchmen” do Alan Moore e Brian Gibson e no “Sandman” do Neil Gaiman. Em meio a isso tudo teve o descobrimento de quadrinhos europeus de Valerian à Tenente Blueberry e tantos outros.

Mas mesmo em meio a tantas descobertas, nunca deixei de acompanhar as aventuras do Tex Willer.

Lembro que nos anos em cursei a Faculdade de Jornalismo na UFRGS, viajava em vários finais de semana para a minha cidade natal, Cachoeira do Sul, onde meus pais moravam e para rever os amigos que não tinha vindo morar na capital. Digo isso não por querer parecer um memorialista, mas
porque a cada vez que viajava, passava numa banca da rodoviária e comprava uma ou duas revistas do Tex para ler durante a viagem de três horas. E a cada revista adquirida e posterior leitura, era uma sensação reconfortante e estimulante ao mesmo tempo, como voltar a encontrar um velho amigo.

Já bem adulto e ainda fã de quadrinhos, me perguntei do porque ainda gosto dessas histórias do Tex e surgiu disso essa reflexão em forma de questões:

- Como não gostar de um personagem que se move pela integridade de caráter e um senso de justiça e honradez?

- Como não gostar de um homem do velho oeste, que não só respeita os nativos norte-americanos como se integra à cultura de vida da tribo navajo, onde é respeitado e chamado de “Águia da Noite”? E ainda contrai matrimônio como um mulher indígena e tem um filho com ela?

- Como não gostar de histórias que mesclam ação e aventura, sem esquecer toques de humor?

- Como não gostar de histórias que passam por outros desenhistas e roteiristas, trazendo novidades ao leitor fiel, sem nunca perder a essência dos personagens?

- Como não gostar de histórias que tem ótimos personagens coadjuvantes como Kit Carson, o fiel parceiro que motiva as principais tiradas de humor?

Enfim as publicações de Tex estão aqui em nosso país a meio século e conquistaram leitores fiéis de todas as idades, formações profissionais e classe sociais. Jamais esquecerei o momento em que estava fazendo um trabalho nos anos 90, a produção de um vídeo institucional com roteiro meu, para uma empresa do distrito industrial de Cachoeirinha. Depois do almoço, sai do refeitório só para dar uma caminhada e encontrei um rapaz vestindo um macacão típico dos empregados de serviços gerais, sentado numa mureta e compenetrado na leitura de um gibi do Tex. Não quis interrompê-lo, pois avaliei que ele não dispunha de muito tempo para a leitura, mas não pude deixar de pensar que por mais distintas que fossem as nossas idades, atividades profissionais e classes sociais, tínhamos algo em comum que poderia render muitas horas de bate-papo, que se resumia ao nome de Tex Willer.

Foi nesse momento que formulei pela primeira vez a questão: todas as pessoas de bem, que cultivam valores humanistas e gostam de quadrinhos, já leram alguma vez Tex e em sua imensa maioria, se tornaram fãs.

Afinal, como não gostar de Tex?


João Luiz Martinez, Porto Alegre, RS, Brasil


Adão Avila e Tex

Adão Avila, Gravataí,RS, Brasil

Lírio Branco



Todo tempo que penso em você
É pouco para lembrar do seu amor
Mesmo se tivesse mais tempo
Não seria suficiente para aplacar essa dor

Dor que aperta o peito
Que sufoca, quase até desmaiar
Como é difícil
Como é difícil saber que não vai voltar

Seria pedir demais.
… mais um afago seu
… mais um sorriso encantador
… mais um olhar apaixonado
... mais um beijo de amor

Lembrar dos nossos momentos
Dos vastos campos e planícies
Cânions e trilhas cavalgadas sem demora
Banhos em riachos
Carinhos a luz do luar
Mas nas pradarias celestes
É onde estás agora

Muitas vezes me questionam
Porque enfrento os perigos com ousadia
Se não tenho medo de morrer
Se quero mesmo me matar
Mas não sabem eles
Que meu único desejo
É poder em seus braços novamente estar

Lylith assim chamada
Um presente nos deixou
Lírio Branco para os navajos
Como um uivo o vento levou
Meu amor, sim meu amor
A saudade aqui ficou.


Charles Dickel, Carazinho, RS, Brasil


Zeca e Tex

Arte: Adriano Silva


Chamo-me José Carlos Pereira Francisco, também conhecido por Zeca e nasci a 13 de Dezembro de 1967, em Maputo, ex-Lourenço Marques, capital de Moçambique, África, tendo vindo para Portugal, com os meus pais, em 1977. Sou casado, pai de duas filhas e profissionalmente sou director de produção numa indústria de mobiliário metálico, sendo também no campo editorial o representante da Mythos Editora em Portugal.

Comecei a ler Tex com pouco mais de 12 anos, uma vez que a minha paixão pelo Ranger criado, em 1948, por G. L. Bonelli e Aurelio Galleppini, nasceu já em Portugal, mais precisamente em 1980, aquando de umas limpezas do sótão da habitação principal onde eu fui residir com os meus avós, descobri uma caixa com muitas revistas de histórias em quadrinhos e entre elas estava somente um exemplar de Tex, mas era uma edição especial que me conquistou de imediato. Tratava-se de “Pacto de Sangue“, uma aventura onde acontece o casamento do Ranger e fiquei de tal forma impressionado que mesmo depois de 42 anos aqui estou eu a falar desta paixão.

Foi-me pedido para falar da melhor aventura do Tex em toda a saga, mas não é fácil eleger a melhor história de Tex, pois são muitas as aventuras que me deixaram uma recordação inolvidável, mas as mais marcantes foram “El Muerto”, “O Passado de Kit Carson”, “Oklahoma”, “Flechas Pretas Assassinas” e mais recentemente “Patagónia”, uma autêntica obra-prima da 9ª Arte que foi inclusive publicada em Portugal, não podendo esquecer “O Vale do Terror“, sobretudo pelo brilhantismo gráfico alcançado por Magnus.

O que me atraiu nas histórias do Tex foi sobretudo por o Ranger encarnar valores universais como, por exemplo, o desejo de justiça graças à força da lei ou até mesmo fora dela, a consciência da igualdade entre os homens e a capacidade de julgá-los apenas com base no seu comportamento efectivo, características essas que eram revolucionárias para uma personagem na década de 40 do século passado mas que são actuais nos dias de hoje, assim como continuarão a ser no futuro. Uma fórmula que praticamente continua imutável já que apesar de terem mudado os autores que trabalham com Tex, se alguém aplicou modificações ou inseriu novas temáticas, fez isso com o mais rigoroso respeito pela personagem, mantendo-se fiel aos princípios de G. L. Bonelli. No fundo Tex é o homem que todos gostaríamos de ser e quem lê Tex não consegue ficar indiferente ao Ranger, porque de certo modo ele é real, já que nos podemos rever nos seus princípios, nos seus actos e na sua coragem, sempre em prol da justiça. Mas para além de tudo isso há que destacar a excelência da produção. Tex é uma série excepcional pelos seus longos enredos, muitos deles permeados de factos e personagens históricas e que sempre teve magníficos desenhadores.


Zeca, Portugal (segurando arte de Laura Zuccheri 


MEU TIO, TEX WILLER

Arte: Anderson ANDF


Eu era forasteiro naquele lugar. Ainda que os ares inspirassem a confiança de lembranças antigas, havia sempre muitos perigos, o risco de alguma emboscada saltando do vazio. Firmei a vista. No longe de um verde promissor estavam as famosas montanhas Araripe, imponentes a separar mundos, entre Crato e Exu. Quem sabe de lá surgiria um coiote desgarrado, disposto a tudo para saciar a fome. Era preciso desconfiar da própria sombra isto no raro momento em que se podia parar e observá-la.

Recostado na rede de meu tio, aproveitei a ausência dele para vigiar o Rancho Crajubar, valendo-me daquela posição mais confortável, o chapéu de couro largo caindo na justa medida sobre os olhos. Fazia como quem estivesse dormindo, mas nem de longe havia o risco de que todos os poros do meu corpo não estivessem atentos ao desenrolar da história. O vento logo soprou mais forte, apurei o nariz, senti o odor de feno e mato misturados, típico das tumble weeds arrastadas pelos campos, girando loucas como o tambor de meu revólver nos momentos de tensão.

De súbito o tiroteio começou, mal tive tempo de pular de onde estava e entrincheirar-me atrás de um velho barril de whisky. Eram os temidos índios  Kariri, loucos de vingança, certamente por conta de violência praticada por jagunços a mando de algum coronel da região, como era comum acontecer. Há anos eu vinha tentando combater esses bandoleiros da velha ordem, sempre nos meses de julho ou janeiro (quando tinha férias do meu colégio na capital), mas enquanto estivesse longe dali, no resto do ano, certamente algum desses “acima da lei” teria aprontado das suas, valendo-se da mão cega dos assassinos de aluguel.

Não havia muito tempo para explicações, dizer que estavam atirando e jogando machadinhas no homem errado ou mesmo lembrá-los de meu nome indígena, surgido da aliança que fiz com o grande Cacique Kapote-Anawará. Era hora da ação. Assobiei forte meu silvo especial para chamar animais e apareceu – com mil cactos selvagens! - o burro falante do Sítio do Picapau Amarelo, vindo de não sei onde e completamente deslocado de todo o cenário. Só pode ter sido uma coisa, pensei rápido como corisco atômico: tinha a ver com o efeito das balas de estoque que guardei entre os dentes, e aí meu assobio saiu meio engasgado, como uma sanfona de fole furado! Tentei de novo – desta vez com mais força, definindo o diapasão correto - e o grande corcel azul apareceu no horizonte.

Era meu tio, com seu velho Ford de estimação, entrando na garagem da casa e desligando o motor, no último relincho de aceleração antes de saltar. Ouvi as passadas, o retinir das esporas se aproximando no corredor. Parou na soleira do quarto, ensaiou um silêncio de quem escuta as palavras antes de falar. Ao me ver ali instalado, junto à pilha das revistas de Tom Wixler, compreendeu tudo num relance. Ajeitou o chapéu para cima, com um golpe leve dos dedos e sorriu. Com a bonomia dos grandes chefes que já foram crianças curiosas um dia, citou de cor: “Por mais rica que seja a gaiola, o falcão prefere voar no céu”. Gostei da frase, parecia combinar bem para encerrar aquele dia de aventuras. Deve ser por isso que até hoje para mim Tex Willer e Meu Tio Jefferson continuam a andar juntos, campeando as pradarias da imaginação.

Paulo Malburk, Brasil


Ceroni, Rita e Tex

Arte: Afrânio Braga

Olá, Pards!

Assim começa qualquer fala ou texto de um bom leitor de Tex. Especificamente de Tex. Pontuo isso por que a Bonelli possui uma linha de quadrinhos, prolífica, lendária e qualitativa. Os leitores de Tex, são leitores exigentes e peculiares. Não é qualquer coisa que lhes agrada.  Particularmente me tornei um leitor de Tex tardiamente. Desde criança assistindo à desenhos animados, as primeiras hqs que comprei e colecionei eram a origem ou às vezes até derivados dos desenhos televisivos. Os heróis da DC, Marvel, King Features, Thundercats, He-Man, Turma da Monica e quadrinhos independentes. Na infância li algumas vezes Tex, mas me pareceu uma leitura difícil. Deixei em stand by até que decidisse fazer mais uma tentativa. Os anos passaram, na verdade cerca de duas décadas. 

Então conheci minha esposa, a baiana Rita de Cássia. Leitora de Tex desde a infância, minha esposa numa época de extrema dificuldade devido a economia conturbada dos anos 80, conseguiu construir sua coleção de Tex. Ela colecionava Tex e um outro quadrinho de faroeste que era de bolso, mas que agora lhe foge o nome. Como a menina baiana foi fisgada por quadrinhos aparentemente tão masculinos? (Lembrando que nos anos 80 meninos e meninas eram expostos a outro direcionamento cultural que deixava bem delimitado, o que era "de menino, e o que era "de menina").

Minha baianinha assistia com seu painho todos os faroestes que podia. E assistindo esses faroestes ela realmente tornou Tex parte de sua vida. E não estava sozinha! Eram quatro meninas em idade escolar, que colecionava Tex, os faroestes de bolso, e trocavam entre si. Pois bem, minha baiana me reapresentou o Tex. E desde 2018 o leio, quase que exclusivamente, até hoje. E também Martin Mystére, Zagor, Mágico Vento e outros títulos da Bonelli em menor escala.  

Tex é uma das tantas valências tão preciosas que minha baiana somou em mim. Longa vida ao Tex.

Ceroni e Rita, Bahia, Brasil


TEX ... SIMPLESMENTE TEX

Arte: Leandro Dóro


Em 1948, dia 30 de Setembro, na cidade de Milão,
o escritor Gian Luigi Bonelli com muita inspiração.
Criou um herói em quadrinhos, valente, forte e durão.
De um personagem desacreditado,
virou um herói aclamado,
hoje já um setentão.

Esse mocinho é Tex Willer, nenhum bandido o segura,
Bonelli escolheu Galepinni, para moldar sua figura.
Percorrendo o velho oeste, passou por mil aventuras.
Seu colt sempre certeiro;
faz bandidos e trapaceiros,
ir mais cedo pra sepultura.

Depois de se regenerar, e de expiar seus erros passados,
lutou contra a MÃO VERMELHA, bando forte e bem armado.
A entrar para o corpo dos RANGERS, ele então foi convidado.
Integrou suas fileiras;
e fez uma amizade verdadeira,
com outro ranger afamado.

KIT CARSON é o nome dele, Ranger maduro, firme e forte,
junto com esse parceiro, Tex desafia a sorte.
Montado em seu DINAMITE, cavalga de sul a norte.

Pelos índios foi aprisionado;
e a filha do chefe num gesto ousado,
foi quem lhe salvou da morte.

Casou a moda indígena, com LYLITH a esposa amada,
Lhe deu um filho, KIT WILLER, mas sua sorte estava traçada
Por mãos assassinas e traiçoeiras, ela foi assassinada.
Tex não chorou, foi forte,
e jurou vingar a morte,
de sua esposa adorada.

Vingou a morte da esposa, e para a aldeia retornou,
Com seu amigo índio Jack Tigre, a quem ele se afeiçoou.
A criar o pequeno Kit, Tigre muito lhe ajudou.
Tendo ele e Carson como amigos ,
enfrentaram muitos perigos,
e eis que o tempo passou.

Kit tornou-se rapaz, tornou-se Ranger também.
Como o pai é inteligente, atira e briga muito bem.
Esse quarteto valente não tem medo de ninguém.
São valentes, destemidos,
mandaram muitos bandidos,
ir mais cedo pro além.

Entre tantos inimigos, de uns não esquecerei,

Mefisto, seu filho Yama, El Muerto e o Grande Rei.
Lucero, Jack Thunder, Tigre Negro e o Mestre (Andrew);
Tex, Contra Marcus Parker, viu a coisa ficar feia
Pois foi parar na cadeia,
na história EM NOME DA LEI.
.
Para enfrentar tanta gente, Tex tem seus camaradas.
Jim Brandon e Gros Jean no Canadá, Pat com suas trapalhadas.
Cochise e Montales, no México, palco de muita enrascada
El Morisco, o Bruxo Mouro,
com o vinho Sangre de Toro;
e Eusébio na retaguarda.

Desejo longa vida a Tex, o nosso herói de papel,
Ajudou a formar meu caráter, ser um amigo fiel.
Mestres Bonelli e Gallep, escutem aí do céu,
A minha modesta homenagem,
a vocês e ao seu personagem,
pra todos tiro o chapéu...


Neimar Nunes da Silva, Capela do Saicã, RS/Brasil.


Edson Bertoncello e Tex




Luís Roberto e Tex Willer

Arte: Sérgio Streiechen

Todos nós amantes de gibis, HQs (infelizmente uma raça em extinção) costumamos desde cedo neste saudável hábito, a ter as mais variadas preferências dentre a numerosa gama de heróis, a grande maioria super-heróis. 

Pois este que me refiro não era "super", não tinha poderes especiais nem herdados por radiação, picadas de insetos, nem era oriundo de outro planeta.

Criados à imaginação de autores italianos, este personagem americano teve suas aventuras projetadas no vasto território dos EUA. De início um fora da lei por fazer justiça a morte de seu pai e irmão, não demora a tornar-se um Ranger desequilibrando a balança a favor dos "mocinhos". Assessorado constantemente por um incansável velho amigo,  por um índio e seu filho mestiço fruto da união com a bela Lilith, tinha o respeito dos silvícolas e era chamado de Águia da Noite.

Seu poder maior era o senso de caráter e justiça, incansavelmente eliminando facínoras de toda estirpe e evitando por várias vezes a guerra entre os "caras pálidas" e "pele vermelhas". Imbatível na luta corpo a corpo, excelente no manuseio de armas, juntamente com seus "pards" era o tormento de todo tipo de vilões que cruzaram seus caminhos.

Sorvíamos com avidez cada quadrinho, cada página de suas epopeias e nosso único momento de frustração era quando na última página trazia a inscrição...CONTINUA..

Para quem não adivinhou falo do bravo, heroico, imbatível , para todos nós admiradores um super herói sim.

Falo de TEX WILLER!!!

Luís Roberto, Alvorada, RS, Brasil


Vilmar da Canto e Tex Willer



Paulo Kobielski , Kelvin Monteiro  e Tex

Arte: Sérgio Streiechen


O professor e colunista Paulo Kobielski é colunista do ColetiveArts e professor na rede pública estadual em Alvorada/RS, grande incentivador dos quadrinhos e dos fanzines, está sempre organizando e participando de eventos do gênero. Durante as aulas percebeu um jovem aluno de 15 anos lendo um exemplar de Tex, era Kelvin Monteiro Gonçalves. Paulo então convidou o jovem texiano para um depoimento para este dia festivo. confiram :

Paulo Kobielski, Alvorada, RS,Brasil

Paulo Kobielski: Desde quando começou a ler histórias em quadrinhos?

Kelvin Monteiro Gonçalves:  Eu comecei a ler história em quadrinhos quando eu tinha 10 anos.

Paulo Kobielski: Como foi?

Kelvin Monteiro Gonçalves: Foi uma experiência bem legal poder ler as histórias com imagens dos personagens, histórias mais divertidas e emocionantes.

Paulo Kobielski:  Revista? 

Kelvin Monteiro Gonçalves: Turma da Mônica.

Paulo Kobielski: Personagem (s)?

Kelvin Monteiro Gonçalves: Tex, Recruta Zero, Fantasma e Asterix.

Paulo Kobielski: Como chegou ao personagem Tex? 

Kelvin Monteiro Gonçalves: Eu encontrei uma revista do Tex em um sebo no Mercado Público de Porto Alegre/RS e comprei a revista e foi aí que eu me apaixonei por essas histórias.

Paulo Kobielski: Por que você gosta de Tex?

Kelvin Monteiro Gonçalves: Eu sempre gostei de histórias de velho oeste, tanto filmes quanto livros e jogos.

Paulo Kobielski: Além de Tex, que outros personagens dos gibis tu curte? 

Kelvin Monteiro Gonçalves: Recruta Zero, Asterix e Obelix, Fantasma, Turma da Mônica, Batman.

Paulo Kobielski : Conhecia o grande sucesso de Tex no Brasil? 

Kelvin Monteiro Gonçalves: Eu não fazia ideia do sucesso de Tex no Brasil.

Paulo Kobielski: Alguma história do personagem que mais te chamou atenção?

Kelvin Monteiro Gonçalves: A história que mais me chamou a atenção foi Vale dos Deuses.

Paulo Kobielski: Muitíssimo obrigado. Viva Tex Willer. 74 anos de muita aventura

Kelvin Monteiro Gonçalves

Antonio Garcia e Tex

Arte: Lauro Franco

Cansado de ver reinar a injustiça, eu descobrir um universo onde ela existe, mas lá ela não tem descanso. nesse universo a injustiça é procurada com afinco e tratada da maneira merecida. , a morte espreita em todas as esquinas e para vencê-la é necessário ser mais do que bom no gatilho, é necessário ser o melhor.

A lei do Colt é a que reina dos mais longínquo desertos até as ruas mais movimentadas das grandes cidades, a saber San Francisco, Washington, Tucson e outras mais. quando os fazendeiros honestos, as mocinhas indefesas, os xerifes sangue bom se veem em apuros, a solução é convocar o terror da bandidagem. com ele cowboys malvados, negociantes inescrupulosos, xerifes desonestosíndios rebeldes, feiticeiras e bruxos não têm vez. ele e seus pards são sinônimos de lealdade, coragem e justiça. ele é Tex Willer e está sempre pronto para defender os fracos e excluídos. seu colt faz jus a sua fama e com ele e sua turma nossa vida se torna alegre e vibrante, pois ele com o seu humor sarcástico sabe nos levar aos recônditos mais inesperados da aventura. parabéns a tex este muchacho que completa 74 anos forte e viril como seu pai Aurélio Galleppini o quis preparar. viva Tex Willer, viva aventura e viva cada um de nós que amamos esse personagem super, hiper, mega especial.

Antonio Garcia


Rodinerio da Rosa e Tex 

Arte: Rodinério da Rosa

Sempre fui fã de faroeste, pois cresci vendo filmes preto e branco com meu pai. Eu tinha 14 anos e lia muito super herói da Bloch e Ebal. Na praia do Cassino em Rio Grande, onde vivi parte da minha adolescência tinha uma banca de revistas que também vendia HQs usadas. E um colega de aula me apresentou Tex. Em primeiro momento não gostei por ser em preto e branco, embora a Ebal publicasse em PB, estava mais na fase das HQs em cores da Bloch e da Abril. Mas levei um exemplar usado e fui fisgado! Era um faroeste com histórias longas e os desenhos de Ticci, Nicólo, Gamba e Fusco me conquistaram. Galep eu adorava as capas. Comecei a desenhar um "cowboy" gaúcho. Cheguei a fazer um gibi artesanal totalmente desenhado a lápis com páginas frente e verso, no formato A5 e capa a com lápis de cor. Pretensiosamente enviei MINUANO para a Noblet. E creio que hibernou uns dois anos por lá, até o Shimamoto colocar as mãos nela, bem na época em que republicava O Gaúcho no final das HQs do Carabina Slim. A partir disso nasceu uma amizade que dura até hoje e me trouxe um longo aprendizado na nona arte sob a tutela do Mestre Shimamoto.

Nesse tempo minha coleção de Tex tinha aumentado. A Vecchi lançou a segunda edição e fui completando os anteriores que faltavam. E surgiu a vontade de desenhar HQs de faroeste que eu fazia quase diariamente, mas com um desenho ainda muito tosco.

Em dado momento Tex passou a ser quinzenal e bateu o pavor: adolescente sem dinheiro, como fazer pra continuar comprando? Abri mão dos super heróis.

Em 1984 mudei de Rio Grande para Porto Alegre, onde conheci pessoas como Canini, Vasques, Santiago, Uberti entre outros que viriam a ser amigos, colegas e orientadores dos meus trabalhos. Nessa mudança aos 20 anos, sem profissão e vivendo em uma casa de estudantes, minhas coleções foram vendidas para que eu pudessem me manter na capital.

Seguindo, trabalhei na publicidade e em parques gráficos até abrir meu próprio estúdio de produção gráfica em 1988. Nesse meio tempo, sobrevivendo, as HQs foram ficando de lado.

Em 1993 com o estúdio em boa fase financeira, havia retomado a compra de HQs e consequente Tex, e Tex Gigante foi um achado para quem ficou tantos anos sem ler o personagem. Por Tex nunca ter cessado nas crises econômicas do Brasil, percebi que tinha um bom publico. E isto em empolgou a criar o Brett no ano seguinte. Mas essa história vocês já sabem, foi contada aqui no ColetiveArts.

Mas em 2000 o estúdio fechou as portas e com ele minhas coleções de novo foram vendidas. Na verdade as HQs e os livros me salvavam nas vacas magras. E Tex tinha compradores garantidos. Tex sempre esteve presente ao longo da minha trajetória tirando os hiatos da minha sobrevivência. E hoje com  graphic novel, Tex capa dura e em breve em formato italiano, voltei a colecionar e ter o mesmo empolgamento de quando ia as bancas na adolescência.


Rodinério, Cachoeirinha, RS, Brasil


Sidnei Southier e Tex



Rodrigo Rudiger e Tex

Arte: Ge Mendes

Escolhi falar da história “Sinistros Presságios”, produzida pela dupla criadora do nosso herói, GL Bonelli e Gallep. Ela talvez nunca figure entre as melhores histórias de Tex, mas ao mesmo tempo é a mais marcante de todas pra mim, pois foi por meio dela que conheci o personagem e entrei sem volta para o universo texiano!

O primeiro gibi Tex que eu segurei na mão e que li na vida foi o Tex Edição Histórica 40 (presente de um amigo que trabalhava comigo no início dos anos 2.000), e que trazia exatamente essa história. Logo nas primeiras páginas, achei tudo sensacional, principalmente a postura de Tex frente às questionamentos sobre a legitimidade do seu comando sobre as tribos navajos. Além disso, a profundidade das falas dos personagens durante a trama e o plano de fundo feito com o misticismo indígena tornaram a história intrigante: as visões proféticas do velho feiticeiro Ta-Hu-Nah, as artimanhas da velha bruxa Zhenda, seus "diálogos" com o antigo entre os antigos (a figura mumificada que ela mantém em sua caverna), as "duas vidas" que serão tomadas para que a profecia se cumpra... todo o enredo é muito interessante.

As lições que ficam com o desfecho dessa história podem muito bem serem transportadas para o nosso mundo real, especialmente em casos de guerras e discussões de toda ordem sobre comando, controle e poder. Com muita sabedoria e dotado do seu inato senso de justiça, Tex consegue pacificamente mostrar à Sagua (que de início deseja usurpar a sua posição de líder dos navajos, por ele ser filho de um chefe indígena e Tex não), que sempre existirão alternativas para se resolver um litígio, desde que as partes estejam realmente dispostas a colaborarem juntas. De fato, Sagua logo percebe a hombridade de Tex, entende porque ele é tão respeitado, porque tem tantos amigos fiéis e finalmente o porquê dele ter chegado à essa posição de liderança. E tudo isso o fez em meio ao soar iminente dos tambores de guerra de várias tribos envolvidas na questão.

Deixo também uma passagem emblemática do final da história: mesmo quando Sagua consegue conquistar a lança sagrada (símbolo máximo do poder da liderança navajo), ele reflete e vê que no seu íntimo não está feliz. "Ao invés de alegria, meu coração está cheio de tristeza", diz. Fato de que todo aquele processo não o realizara como inicialmente imaginara. E é na resposta de Tex à Sagua que essa reflexão termina: "Nem sempre o poder aquece o coração do homem".

Rodrigo Rudiger, Penha, SP, Brasil


LIVE CAVALGANDO COM TEX - 2ª edição

Não Percam a live do Cavalgando com Tex, live recheada de brindes para os texianos que estão nos acompanhando.

Para concorrer ao sorteio tem que se inscrever no canal do You Tube do Coletive, dar like na Live e estar atento na nossa programação. 

Para se inscrever no canal, clique AQUI



Jorginho

Jorginho é Pedagogo, Filósofo, ilustrador com trabalhos publicados no Brasil e exterior, é agitador cultural, um dos membros fundadores do ColetiveArts, editor do site Coletive em Movimento, produtor do podcast Coletive Som - A voz da arte, já foi curador de exposições físicas e virtuais, organizou eventos geeks/nerds, é apaixonado por quadrinhos, literatura, rock n' rol e cinema. É ativista pela Doação de Órgãos e luta contra a Alienação Parental.


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1 Comentários

  1. Indiscutivelmente Fenomenal, parabéns a todos os participantes em especial ao Jorginho.

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