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FANATISMO

Todo pensamento e toda iniciativa que nos levam a pensar de forma obsessiva sobre uma questão, sem dar margem à dúvida ou questionamentos, se caracteriza como fanatismo.

E todo fanatismo é doentio. É doentio porque nos cega, nos tira a razão, nos impede de pensar.

Por mais que sejamos adeptos disto ou daquilo — nada pode nos impedir de raciocinar, de avaliar se tudo o que estamos vendo ou apreciando tem sentido não apenas para nós, mas é razoável, é permitido discordar. E apesar de todo apreço que tenhamos por um assunto, poderá ser uma verdade a ser contestada, e devemos aceitar deste modo. Caso contrário, estaremos nos deixando levar pela intolerância.

Na verdade, o fanatismo torna as pessoas incoerentes. E esta incoerência transforma o indivíduo num ser insuportável, capaz de escudar suas ideias até com violência.

E o fanatismo pode envolver todo o tipo de coisa, mas principalmente o esporte, a política e a religião. Não é de forma alguma proibido defender seu clube preferido, mas não é preciso chegar à agressão para mostrar o ardor pelo seu time. O mesmo se dá com sectários políticos, que se aliam a um partido com excesso de zelo, esquecendo que seus representantes também cometem erros, e é preciso reconhecê-lo.

No entanto, os fanáticos religiosos parecem merecer mais atenção neste sentido.

No livro do escritor israelense Amós Oz, Como curar um fanático, o escritor afirma  que “existe um gene fanático em cada um de nós”. O autor enfatiza que “o fanatismo inicia com o desejo de mudar os outros, supostamente pelo bem deles”.

Todo fanático acredita que é o detentor da verdade, e lutaria para provar a qualquer um o seu postulado.

De qualquer modo, tentar dissuadir um fanático que sua verdade pode ser contestada, é perda de tempo, muitas vezes.

No século XVIII considerava-se fanatismo uma espécie de entusiasmo, significado este que era utilizado também na Antiga Grécia, conceituando o termo como exaltação à certeza da verdade e do bem.

Hegel, o filósofo alemão, limitou a ideia de fanatismo ao campo religioso e político. 

No dicionário Aurélio, fanático é o que segue cegamente uma doutrina ou partido.

Em suma, o fanatismo será sempre irracional, e a pessoa que lhe é depositária perde completamente a noção do certo e do errado, a não ser o da sua própria convicção.


Fernando Medina

Fernando Medina é escritor , tem Licenciatura em Letras na ULBRA e Pós Graduado em Literatura pela UFRGS, escreveu os livros ,A Testemunha (contos) e O Circo (romance infanto-juvenil). Aficionado por música instrumental tem como orquestras preferidas Ray Conniff, Percy  Faith, Nelson Riddle e o saxofonista Kenny G. Leitor prolífico tem como autores preferidos Machado de Assis, Júlio Verne, Victor Hugo e Sir Arthur Conan Doyle. Também é cinéfilo, apaixonado por filmes dos gêneros suspense e policial, e também não dispensa um bom documentário.


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