NAVALHAS AO VENTO

 

OS CÃES LADRAM E A ISAB PASSA

Após ler o texto "A Literatura e o Contexto Histórico" do amigo Sandro Gomes, um belo texto, não poderia deixar de me manifestar. Confesso que a crônica me balançou a ponto de eu me perguntar para onde nossos textos nos levarão e se daqui 50 anos ou mais alguém estará lendo, criticando ou aprendendo sobre a nossa época. Serão úteis para a história entender o caos que o ser humano está vivendo ou estarão em pior situação política do que agora? O Sandro relata a situação política e cita minha coluna, Navalhas ao Vento. Em suas palavras diz que tenho "respeito à gramática normativa" e que meus textos deveriam "estar sendo estudados em sala de aula" e "uma crônica de opinião de caráter forte, posicionamento firme" . Confesso que foram palavras que me surpreenderam positivamente após os ataques que recebo a cada crônica que publico.

O artista vive de aplausos e o escritor não é diferente. Adoramos críticas construtivas, precisamos de críticas que nos induzam a pensar, a mudar, a crescer como pessoas e como artistas que somos. Eu até entendo pessoa leiga me atacando, xingando após a leitura da coluna Navalhas ao Vento, mas não consigo entender nem aceitar esse ataque vindo de pessoas do meu próprio meio artístico. O Sandro admite que não concorda com meu posicionamento, mas consegue ver o texto em si, a obra e é apenas isso que o autor quer. Também não precisa ler se achar que não tem condições psicológicas para ler um texto opinativo.

As vezes até dói ser "esculachada" por um colega das letras, mas na maioria das vezes eu ligo o foda-se, eu não escrevo para meus colegas ou para um determinado público ou outro, eu escrevo para quem quiser ler, escrevo para desabafar, escrevo para contribuir, escrevo para quem pensa como eu. Não tenho a intenção de mudar o pensamento de ninguém com minhas escritas, só quero que aquele que pensa igual a mim saiba que não está sozinho. Se essas pessoas pensam que "avacalhando" meus textos eu pararei de escrever, estão enganadas. Sou como massa de pão: quanto mais apanho, mais cresço.

Comecei a escrever no ColetiveArts após ser atacada por um membro do meu convívio literário que tentava impor censura na literatura. Eu nunca tinha escrito crônica e o Jorge Luís desafiou-me a me dedicar a esse gênero. Agradeço muito pelo convite, pois foi o Jorginho que abriu as portas para que eu crescesse e não ficasse presa apenas a poesia. A critica do Sandro me deixou envaidecida e com vontade de escrever mais e melhor. Porque é para esse público que eu busco o aperfeiçoamento, um público que vê a arte em si. Depois do primeiro ataque vieram outros e a cada semana eu me livro de um falso amigo e conheço vários leitores que gostam da minha escrita.

Muitos colegas e amigos se posicionaram ao meu lado e a todos eu agradeço, seria difícil citar cada um aqui. Uma delas, após ler os absurdos que foram escritos para me atingir, entrou no meu watts e escreveu a seguinte frase: Os cães ladram e a caravana passa, continua sendo essa escritora, amiga e pessoa que tu és.

O meu foda-se está ligado desde o meu nascimento e não desligarei enquanto viver. Posso ser acusada de muitas coisas, nunca de falsa. Não preciso da amizade dessas pessoas que me agridem. Nem das que se acham alecrim dourados que pensam que tudo o que eu escrevo é direcionado a elas. Não obrigo ninguém a ler o que eu escrevo. Se a pessoa gostar, ótimo, leia o próximo. Se não gostar, ótimo, não leia o próximo. Mas para de criar treta e vai estudar história e literatura, por favor.


Isab-El Cristina Soares

Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras.

Escute o episódio do podcast Coletive Som gravado com Isab-El , clicando Aqui.


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5 Comentários

  1. Muito bom! E que bom ter gostado de meu texto. Está fazendo História, Isab-El ... São textos como o seu que irão reverberar em tempos futuros. És uma ótima cronista! Argumentação é uma arte, consegue também mostrar um ponto de vista diferente para aqueles que têm um pensamento um pouco diferente do seu, mas mantém a mente aberta.

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  2. Mais uma vez cheia de razões e certezas pra continuar, firme e forte, dizendo o que quer dizer e pra quem quiser ler. Estamos juntos!

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