DANIEL FILÓSOFO

 

Copa do Mundo

Diego é mais um desses jovens rapazes sonhadores que habitam em qualquer bairro do Rio de Janeiro. Sedento por futebol pensa no esporte noite e dia e vive correndo atrás de bola nos campos do bairro. Essa paixão puxou de seu pai. Outro fanático pelo esporte bretão. Botou o nome do seu filho, em homenagem a Diego Armando Maradona, craque argentino, em que era admirador do seu jogo.

Baixinho e canhota como o argentino, Diego leva jeito com a pelota. Seus pares e quem o assiste, cansam de elogiar. Seu pai é um cara critico. Acha que o garoto precisa melhorar bastante fundamentos. Às vezes dá o braço a torcer e tece alguns elogios ao seu rebento. Mas não faz por mal, só gosta que o garoto crie falsas expectativas e deslumbre. A vontade de Diego era jogar no Maracanã e se divertir. Ver o agito da torcida, as bandeiras tremulando e a massa gritando o seu nome. Isso o deixava sonhando acordado, pisando em nuvens. Como sempre foi um pouco desatento e sempre foi um garoto sonhador, o apelidaram de soneca durante as partidas. Mas num lance, decidia partida e ganhava um dez.

Num campeonato de bairros, organizado no campo do mocidade e organizado pelo bicheiro do bairro, o intuito era animar a garotada da região e ter um intercâmbio com outros meninos de bairros diferentes da cidade. E o velho bicheiro também gostava de ver a garotada jogar bola. Surgiu-lhe a ideia de premiar o time vencedor. Ia bancar um churrasco ao time campeão. E como tinha alguns bons contatos, ia convidar alguns olheiros para observar os meninos e vê se surgia uma joia a ser lapidada em algum clube e ter futuro no futebol.

Começa o campeonato, nível de qualidade lá em cima. Todos a de convir que temos uma boa geração para longos anos. Alguns meninos se vê que não levam jeito pra coisa. Alguns meninos estavam suando frio por estarem sendo observados por olheiros. Só um que estava ali no seu Olímpio. Diego estava iluminado e endiabrado.

E Diego leva o time do bairro a final. Carrega o time nas costas. E a final cai num Domingo ensolarado. O dia estava convidativo para o jogo. O campo do mocidade estava cheio. O patrono ia dar o pontapé inicial. E feito isso. Começa o espetáculo. O adversário era justamente contra o bairro vizinho, com uma rivalidade histórica. O time rival jogava o fino da bola. Vinha dando espetáculo desde o inicio do campeonato. Seu principal jogador já estava de contrato assinado com o flamengo. Uns cinco ali poderiam ser aproveitados facilmente pelos olheiros. E no final foram. Mas do outro lado tinha Diego. E empurrado pela torcida de todos do bairro, família, Cecília sua namoradinha, o motivou ainda mais a brilhar e ser visto por algum olheiro e jogar num grande clube.

E o dia era seu. Jogou brilhantemente, decidiu a partida a favor do seu time e foi considerado o craque do campeonato. Para coroar, veio o olheiro do Fluminense já com um contrato na mão e garantia de um bom contrato. Não durou muito por aqui e foi jogar na Espanha e conquistar o mundo com seu talento.



Daniel Filósofo

Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista. Também escreve a coluna "A música segundo o Filósofo".

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