PSI QUER?

 Silêncio: não mais!

Meio-dia: horário de almoço num dia normal de trabalho semanal com aquele bate-papo trivial entre uma garfada e outra: “- Como foi a aula hoje? O que aprendeu na aula de Matemática?” A reposta também não fugiu do habitual. “-  Foi boa! Foi legal!” Até que entra uma mensagem no whats. Num ato nada corriqueiro, o dedo é passado e a mensagem é visualizada na íntegra. A paciente estava desmarcando o atendimento do início da tarde, porque estava indo na delegacia da mulher fazer um B.O. em função da violência sexual sofrida. 

Tal cena narrada poderia ser mais uma de filme policial que consta na lista do top 10 da Netflix. Quem dera que assim fosse uma ficção, mas não é. O fato ocorreu e, possivelmente, ainda ocorrerão muitas outras vezes. Como profissional da área da saúde mental, acompanho mulheres que têm seus templos sagrados violados. Toques indesejados, beijos forçados, agressões verbais após uma negativa ,entre outros comportamentos, são relatos frequentes que ficam presos às quatro paredes de um consultório de Psicologia. Embora sejam crimes de importunação sexual, previstos por lei  desde 2018, mesmo assim, ainda existe muita dificuldade e constrangimento, por parte de algumas mulheres em denunciar. 

Geralmente o ato de silenciar a violência sexual vem acompanhado da culpa por achar que poderia ter evitado tamanha violência. A sociedade necessita evoluir e consolidar a convicção de que a mulher é sempre vítima. Não existe   comportamento, estilo de se vestir, forma de dançar ou seja lá o que for... que autorize um homem a achar que pode transgredir a regra do “NÃO É NÃO!” e invadir e abusar do corpo feminino. 

A violência sexual pode desencadear ansiedade, síndrome do pânico, comportamentos autodestrutivos e tantas outras marcas deixar no psiquismo da vítima. Romper o ciclo do silêncio imposto pela violência é o primeiro passo para ressignificar o trauma. Evitar falar no assunto não é a melhor forma de resolver o problema. Falar sobre a violência sofrida é uma forma de libertação. É uma forma de desconstruir as sensações de culpa e desamparo. A vítima precisa entender que falar é necessário ,para que o trauma seja elaborado. E para isso, hoje existem políticas públicas no enfrentamento da violência sexual sofrida pelas mulheres como, por exemplo, na cidade de Gravataí há a delegacia especializada atendimento à mulher e o centro de referência da mulher (Casa Lilás) que são espaços de acolhimento com escuta  especializada para esse tipo de demanda. Falar é um movimento de autocuidado. Denunciar é uma forma de empoderamento feminino. 

Silêncio: não mais!


FERNANDA ROCHA

Me chamo Fernanda, mas para os mais íntimos, sou a Fê . Em função dos meus 50 anos, me considero uma jovem há mais tempo. Minhas linhas de expressão são meramente relatos de tudo que já vivi. Sou mãe de uma menina linda chamada Marcela. O que, pelo adjetivo, você pode notar que além de mãe, sou também muito babona. Fiz minha graduação em Psicologia na Unisinos nos anos 90. Logo após a conclusão do curso comecei a trabalhar como Psicóloga. Tenho um vasto “currículo” com cursos, formações, etc, mas nada se compara ao aprendizado frente à experiência clínica ao atender cada paciente que passou por mim nestes 23 anos de profissão. Costumo dizer ao meu marido: “Como é bom ajudar pessoas!” e foi assim que eu comecei a escrever textos sobre saúde mental (minha especialidade), contendo dicas de autocuidado e autoconhecimento para postar nas redes sociais com o objetivo de levar a Psicologia para além das quatro paredes de um setting terapêutico. Os textos circularam nas redes sociais até que recebi o convite para contribuir com o blog Coletivearts. Que delícia tudo isto! E cá eu estou. Escreverei textos com a abordagem da saúde mental frente aos perregues da vida diária. Espero que você goste.


DIA 21/05, CINCO ANOS DE COLETIVEARTS,
CONTANDO HISTÓRIAS, 
CRIANDO MUNDOS!
O Coletive repudia toda e qualquer
forma de assédio ou abuso sexual!
NÃO É NÃO!


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