PORQUE SER AVÓ É O MELHOR
PRESENTE DA VIDA
A maternidade me tornou uma pessoa muito melhor, me ensinou o que era o amor verdadeiro, o que era ter o coração fora do peito. E quando meu primeiro filho nasceu eu acreditei que estava completa e no nascimento do segundo eu tive certeza. Daí veio a vida e me mostrou que eu estava parcialmente completa.
Foi em abril de 2005 que eu conheci a totalidade da lição sobre o amor verdadeiro. Foi quando vi meu filho no colo do meu filho que meu coração parou de bater por alguns segundos. Eu não conseguia articular palavra, aliás nem pensamento eu conseguia formular. Eu estava paralisada quando minha nora colocou aquele pacotinho no meu colo e disse: - Vó, pega teu neto. O Arthur estava no meu colo, eu via meu filho novamente no meu colo e ao mesmo tempo o via olhando para mim, sorrindo de felicidade e orgulho. Meu rei Arthur havia chegado a este mundo para me mostrar que eu era sua súdita.
Alguns anos mais tarde, novamente meu coração parou por alguns segundos. A mesma emoção apertava meu peito e chorei quando vi o Júlio no colo do Junior. Meu filho mais velho tinha me dado duas pedras preciosas. Desta vez tive apenas quatro meses de intervalo, pois meu filho mais novo, Piero, me presenteava com o Cauã Pietro e eu novamente senti o coração parar, sufocar e chorar. O Piero estava chorando com o Cauã no colo, pai orgulhoso e eu orgulhosa do meu filho. Outros anos se passaram e meu mundo finalmente se completou. Meu sonho nunca realizado de ter uma filha, agora eu via minha nora carregando minha neta. Eu estava completa. Quando meu filho saiu da sala de parto com a Jamille no colo, eu travei. Não conseguia caminhar, falar, chorar, nada. Minha rainha estava lá e eu tremi, era como se aquela criança soubesse toda a felicidade que eu estava sentindo.
Hoje estou completa. Tenho dois filhos e cada um deles me presenteou com dois netos. E eu descobri que ser avó é a pós-graduação do amor verdadeiro. Ver meus filhos conversando com seus filhos, ensinando-os, guiando-os, não tem preço. Muitas vezes vejo o Junior falando com o Arthur ou com o Júlio e fico pensando que eu queria ter sido metade da mãe que ele é como pai. O modo como ele conduz cada situação é uma lição para mim. Sou avó de quatro netos e continuo aprendendo a ser uma pessoa melhor para que na próxima vida possa ser diferente.
Dia 26 de julho comemoramos o dia dos avós e eu não podia deixar de me parabenizar, posso não ser uma avó tradicional, daquelas que sempre tem bolo em casa, mas sou a avó que eles escolheram. Posso não ser aquela avó que fica numa cadeira de balanço fazendo crochê, mas sou a avó que os ama de uma forma que não sei explicar. Vejo meus filhos em cada um deles e vejo o passado e presente se fundirem estranhamente de uma forma poética e abençoada.
Ver o Júnior e o Arthur, que já tem 18 anos, conversando é assustadoramente lindo, pois são dois homens que partiram de mim em duas gerações diferentes e eu fico ali, sentada, calada, só olhando o belo trabalho que eu fiz, o belo presente que eu deixei para o mundo.
Parabéns a todos os avôs e avós, em especial a Dona Conceição e Seu Gama que me criaram e educaram (é deles a culpa por eu ser quem eu sou kkk), a Dona Eulina e Seu José (eu não tive o prazer de conhece-los) e a dona Reasilvia e seu Ildebrando que criaram e educaram meu pai.
Cada avô e cada avó tem uma história que será contada por seus netos. Espero que na memória deles a minha história seja alegre e até meio doida, mas nunca uma lembrança triste e nem dolorida.
Isab-El Cristina Soares |
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