ARTE E CULTURA

         

'Revoada': vingança do cangaço estreia nos cinemas

dia 15 de agosto!

A Premiada produção do realizador baiano José Umberto Dias chega aos cinemas  em 13 cidades: Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Brasilia (DF), Feira de Santana (BA), Fortaleza (CE), Maceió (AL), Porto Alegre (RS), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP), e Vitória da Conquista (BA)


A madrugada de 1938, na qual Lampião é morto em emboscada, deixa os remanescentes do bando revoltados. Cheios de fúria, eles decidem partir para uma vingança alucinada. Chefiados por Lua Nova e sua companheira Jurema, o grupo leva muito ouro, pedras preciosas e dinheiro. A riqueza encoraja a reação, mas uma volante policial parte em perseguição implacável.


Ao abordar a reação desesperada e vingativa de integrantes do bando de cangaceiros em reação à morte do líder Lampião, o filme promove uma espécie de grand-finale do cangaço. Ao mesmo tempo, permite o resgate da cinematografia nacional que se debruçou sobre o tema e que passou a ser identificado pelo termo "Nordestern", numa analogia com o western (ou faroeste) norte-americano.



Este é o mote de "Revoada", longa de José Umberto Dias, que entra em cartaz no dia 15 de agosto de 2024 em todo o Brasil. O elenco traz Jackson CostaAnnalu TavaresNelito Reis e Aldri Anunciação. O filme recebeu os troféus Cacto de Ouro nas categorias melhor atriz (Annalu), figurino (Zuarte Júnior) e maquiagem (Wilson D'Argolo) no 10º Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões em Floriano (PI).


O filme tem pré-estreia em São Paulo (SP), com a presença do diretor e elenco no dia 13 de agosto, terça-feira, às 19h30min, no Espaço de Cinema Augusta (R. Augusta, 1.475). A produção também ganha sessão comentada no dia 15 na Sala de arte Cinema do Museu, em Salvador (BA), às 18h30min e 20h. 


Nós do Arte e Cultura já assistimos em primeira mão ao longa e amanhã será publicada nossa opinião. Aproveitando a oportunidade, fomos conversar com o diretor José Umberto Dias. Confiram:


JOSÉ UMBERTO DIAS



José Umberto Dias é Graduado em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia, começou sua história como cineasta num curso de iniciação cinematográfica ministrado pelo Grupo Experimental de Cinema daquela universidade, em 1968.


O sociólogo se formaria em 1971, mas não deixou mais o cinema. Desde então vem atuando na cena cinematográfica da Bahia, dirigindo, fotografando, roteirizando e montando. Seu primeiro longa de ficção, "O Anjo Negro", é de 1972. Ele coordenou a Divisão de Imagem e Som da Fundação Cultural do Estado da Bahia, entre 1976 e 1977. 


De 1980 a 1990, realizou documentários para a TVE-Bahia. O longa "Revoada", fruto de pesquisas acerca do cangaço, sucede "Musa do Cangaço", de 1982, em 35 mm, e "Dada", de 2001, um videoclipe. José Umberto Dias é também crítico de cinema, ensaísta, ator, roteirista, escritor, dramaturgo e poeta.



JORGINHO: Como foi para o senhor a criação de Revoada? 


JOSÉ UMBERTO DIAS: José Umberto Dias: "Revoada" é resultado de um processo. Bem longo, até. Tive uma longa convivência com a ex-cangaceira Dadá, mulher de Corisco do bando de Lampião. Em 1982 realizei o curta metragem "A Musa do Cangaço" , que fez relembrar esse assunto (que vinha esquecido pelo cinema) e escrevi um livro, "Dadá". Aí parti para elaborar o roteiro cinematográfico "Revoada", uma junção de ficção e fatos históricos desse fenômeno de banditismo no nordeste brasileiro.



JORGINHO: Na sua opinião o que Lampião e o cangaço representam como período histórico e cultural para o Brasil?


JOSÉ UMBERTO DIAS: O cangaço se conhece no Brasil desde o século XVIII. O chefe mais famoso na passagem do século XIX para o XX foi Antônio Silvino, "o Rifle de Ouro". Em seguida veio Virgulino Ferreira "Lampião", "o Rei do Cangaço" que é assassinado em 1938. Este é um mito legendário conhecido inclusive internacionalmente. O cangaceirismo lampiônico se projeta na nossa cultura pelo jornalismo, o rádio, a fotografia, o cinema, a música, o teatro, a literatura (sobretudo a literatura de cordel), as artes plásticas, etc. e adentra o imaginário popular do país.



JORGINHO: Muitos leitores adoraram a comparação de Lampião e seu bando com figuras lendárias como Billy The Kid no texto em que divulgamos a sua obra. Outros odiaram, dizendo que não poderia haver comparação. Poderia falar para o público leitor sobre o que os aproxima e os diferencia? 


JOSÉ UMBERTO DIAS: O cangaço é um modo de banditismo. E este é um arquétipo: ocorre no mundo inteiro. Portanto, o cangaceiro possui seus similares em tudo que é parte deste nosso planeta, de Oriente a Ocidente. E o cangaço tem as suas particularidades, suas nuances próprias, genuínas que o cinema brasileiro se apropriou como "nordestern", assim como o cinema norte-americano produziu o seu western e o nipônico criou seus samurais e o Reino Unido nos deu Robin Hood, com o ator Errol Flynn.



JORGINHO: A obra tem atuações fortes e marcantes e  uma fotografia linda. Quando chegamos ao final, temos a vontade de querer ver mais obras sobre o cangaço. O senhor tem vontade de retomar ao tema? 


JOSÉ UMBERTO DIAS: Quem sabe? Pode ser. O cangaço é um filão popular de forte significado para a nossa cultura. Podemos até identificar uma "estética do cangaço" bem definida nos seus detalhes de forma e conteúdo épico. Eu escolhi um tratamento barroco com uma dramaturgia de personagens em conflitos humanos que vão da vingança ao amor, do medo à paixão, numa jornada de enfrentamento com a morte. O público participa dessa catarse do drama.



JORGINHO:  Quais foram as suas grandes influências cinematográficos para Revoada? 


JOSÉ UMBERTO DIAS: O cinema moderno é a minha referência. Assisti muitos filmes com inúmeras tendências artísticas e absorvo deles o que mais me impressiona, mais me toca, mais me enriquece como artista, como inventor de narrativas. Importa a criação de seres inusitados, de paisagens que desconhecemos... importa tocar o invisível, o desconhecido e transmitir isso ao espectador.



JORGINHO: Quais os seus próximos projetos? 


JOSÉ UMBERTO DIAS: Tenho um roteiro pronto de ficção intitulado "Moema" que trata da antropofagia tupinambá que ocorria nas matas encantadas pré-cabralinas do imaginário tropical de Pindorama das terras brasilis.



JORGINHO: Deixe o seu recado para o leitor do Arte e Cultura


JOSÉ UMBERTO DIAS: Veja o filme de peito aberto para o que você vê e para o que você ouve. Já é um grande avanço. Ir ao cinema e se encher de encantamento. Pronto. O resto tá lá na telona. Uma tela branca onde a gente penetra nela como se fechasse os olhos para um sonho, para o deslumbrante de uma aventura espiritual única e livre.



"Revoada"


Estreia nos cinemas brasileiros dia 15 de agosto de 2024.

Duração: 85 min | Ficção

Classificação indicativa: 16 anos

Instagram: AQUI

Direção e roteiro: José Umberto Dias

Elenco: Jackson Costa, Annalu Tavares, Edlo Mendes, Nelito Reis, Aldri Anunciação, Gil Teixeira, Caio Rodrigo, Nayara Homem, Bernardo D’El Rey, Sérgio Telles, Christiane Veigga e Carlos Betão

Produção Executiva: Walter Webb

Direção de Fotografia: Mush Emmons

Som direto: José Melito

Música: João Omar

Montagem: Bau Carvalho, Severino Dadá, André Sampaio

Direção de Arte: Zuarte Júnior

Produção de Finalização: José Walter Lima

Pós-produção de Imagem: Cinecolor Digital, Samanta do Amaral

Pós-Produção de Áudio: Estúdio BASE, Eduardo Joffily Ayrosa

Produção: VPC Cinemavideo

Distribuição: Abará Filmes

TRAILER: 


Para ler mais sobre REVOADA, clique AQUI


"Importa a criação de seres inusitados, de paisagens que desconhecemos... importa tocar o invisível, o desconhecido e transmitir isso ao espectador."
- José Umberto Dias

Jorginho

Jorginho é Pedagogo, Filósofo, graduando em Artes, com pós graduação em Artes na Educação Infantil, ilustrador com trabalhos publicados no Brasil e exterior, é agitador cultural, um dos membros fundadores do ColetiveArts, editor do site Coletive em Movimento, produtor do podcast Coletive Som - A voz da arte, já foi curador de exposições físicas e virtuais, organizou eventos geeks/nerds, é apaixonado por quadrinhos, literatura, rock n' rol e cinema. É ativista pela Doação de Órgãos e luta contra a Alienação Parental.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

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