ARTE E CULTURA


O TRIUNFO DE GÊ MENDES


Conheci Gê Mendes em um evento de quadrinhos em Tramandaí/RS ou Imbé/RS, acredito que em 2017, ou 2018. Gê estava em sua mesa mostrando seus trabalhos, eu estava em paralelo mostrando os meus e os do Coletive, olhei ele e achei um figuraça: camisa estampada, calça de pegar siri, e um sorriso que trazia algo de "preto velho e erê".

Fui conversar com ele e ali começamos uma amizade que só cresceu e se fortaleceu. Somos aquarianos, nascemos no mesmo dia, 02 de fevereiro, portanto filhos de Iemanjá. Até já combinamos de passar um aniversário, juntos coisa que até agora inda não aconteceu. Nunca perdemos contato, as vezes pausamos ele por causa de nossos compromissos, mas os laços que nos unem são muito fortes. GÊ é meu amigo, e é um grande artista. 

Ele é natural de Belo Horizonte, vive em Três Coroas/RS há 20 anos, desde sempre desenhando nos mais prováveis e improváveis lugares. Em 2013 lançou a primeira HQ totalmente ambientada  na cidade em que reside, Três Coroas, LEGADO, que já está em sua segunda edição, agora ambientada na cidade vizinha, Igrejinha. Além delas, lançou também os zines BATEU FORTE, NUU ABRAPOEMA, este último em parceria com uma grande amiga mineira.

Também lançou GUARDIÕES que também se passa aqui no RS, e mostra um grupo de heróis que tem nos esportes radicais suas principais características e poderes. Dois livros lançados em parceria com o autor Doralino da Rosa, ANJOS TAMBÉM USAM BONÉ e O CÂNION DE DENTRO.

Lançou em 2021 a revista "As incríveis aventuras na cidade verde..." uma autobiografia mostrando os impasses culturais do autor com relação à cultura local. Em 2022 lançou em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente de Igrejinha o projeto " Um rio chamado Paranhana", onde podemos ver o que o futuro nos reserva se não cuidarmos dos nossos rios e afluentes.

Trabalha atualmente como ilustrador exclusivo da editora Kitembo, e lançou com a mesma  space-ópera, ANCESTRAL,  depois de participar do primeiro volume do almanaque da editora, lançado em 2021, lançou no ano passado o segundo volume do Almanaque, com a história DRAGÃO DO ESPAÇO, e este ano, fez a sua terceira participação no almanaque da editora. Lançou este ano, o seu mais audacioso projeto, TRIUNFO, uma história que atravessa gerações, curando e colocando pra dançar todo e qualquer MAL.

Então eu fui conversar com Gê sobre seu novo e lindo lançamento TRIUNFO, confiram:



JORGINHO: Quem é o Gê Mendes? Como você se define?

GÊ MENDES: Geraldo Mendes Veloso, artista. Preto, 40 anos, pai, filho, irmão e sonhador. 


JORGINHO:  Como o desenho e a história em quadrinhos entraram em sua vida? 

GÊ MENDES: Inveja de meu irmão... ao ver um desenho dele fazendo sucesso com os nossos familiares, quis ter a mesma “fama” em casa.


JORGINHO: Quais as suas maiores influências, tanto no roteiro como no desenho?

GÊ MENDES: Katsuhiro Otomo, Daniel Warren Jonhson, Hiroaki Samura, Yoshiyuki Sadamato, Masamune Shirow, Hayao Miyazaki, Jillian Tamaki, Aimée de jongh, Jefferson Costa e tantos outros.


JORGINHO: Como o mineiro Gê veio parar no Rio Grande do Sul? 

GÊ MENDES: Em 2004, após um falecimento na família, crises e o futuro cada vez mais incerto, um convite do meu pai veio e resolvi apostar na roleta da vida e descobrir o que este homem tão odiado e amado durante a minha infância, tinha para me oferecer. Chegando aqui, conheci o calçado e o desenvolvimento de produto, sempre lincando o desenho nas minhas atividades essenciais. Sempre gostei da moda, lendo as CAPRICHOS das minhas amigas lá na década de 90 e tudo mais que elas me indicassem, claro que, sempre na companhia delas, porque se lê-se isso em casa, sangue correria pelos ralos da casa. Foram 16 anos muito bem aproveitados e reconhecidos. Mas todo ciclo tem um fim, axé. E depois de muitos “sinais” não vistos, chegamos aqui: Arte educador, quadrinista imensamente feliz, grato, realizado e eterno aprendiz.


JORGINHO:  Como você enxerga o momento atual dos quadrinhos brasileiros?

GÊ MENDES: Estranho...

Mais e mais editoras surgem, e mais e mais o artista nacional é pouco reconhecido e valorizado no “mercado”. Sinceramente, não entendo essa lógica, de ter mais Pis internacionais circulando nas prateleiras nacionais, que o próprio: PRODUTO INTERNO BRUTO!?

É realmente mais rentável fixar no inconsciente popular, mais e mais enlatados e collant coloridos?? Nossos rincões, nossas aldeias, nossas histórias? Nossas ruas? Elas não merecem rodar o Mundo?


JORGINHO:  Fale sobre a sua parceria com o autor Doralino da Rosa.

GÊ MENDES: Um professor, tanto nas matérias ruins aonde visivelmente ele não “dominava” totalmente o que estava falando, quanto nas matérias boas, onde sua dicção e ações eu levarei para sempre comigo.


JORGINHO: Fale sobre a parceria com a editora Editora Kitembo.

GÊ MENDES: Um aprendizado necessário, na hora certa no momento certo. E digo em todos os sentidos, profissional, estratégico e empoderador. Em 2024 fechamos um ciclo de três almanaques, 3 livros e 2025 promete mais algumas surpresas.



JORGINHO:  Vamos falar agora sobre a HQ do momento, Triunfo, sobre o que ela trata, sua gênese e o que ela significa para você?

GÊ MENDES:Agora eu peço, humildemente, que coloquem para ouvir: existe uma voz, Rogê, enquanto vão ler esse trecho: 


TRIUNFO nasceu de uma inspiração momentânea depois de escutar um disco do Emicida, o seu último trabalho, AMARELO. Depois se transformou fixamente  em uma forma de presentear minha afilhada, coisas de quem cria. Mas depois de um longo papo com um amigo, ele sempre foi um diálogo que eu  gostaria de ter com o meu PAI. Claro que junto a isso, tinha que ter luta, poderes especiais e muita música. Mas o principal, era poder dizer para ele e para mim mesmo, através dos quadrinhos que a nossa história também pode ter um final feliz.


JORGINHO: Quais os planos do Gê Para o futuro?

GÊ MENDES: Conseguir me alimentar bem, estudar cada vez mais, ser honesto como  minha mãe me ensinou e nunca deixar de colocar tinta no meu bico de pena.


JORGINHO: Qual conselho você dá para quem está iniciando sua jornada nos quadrinhos?

GÊ MENDES: Produza com paixão e carinho, produza muito, quando errar, admita e tente não repetir, tenha amigos sinceros por perto para lhe dar um feedback sincero e depois que terminar essa leitura, vá desenhar.


JORGINHO:  Deixe sua mensagem para os leitores do Arte e Cultura.

GÊ MENDES: Que o blog e todos os envolvidos continuem produzindo e que tenham vida longa para nos abrilhantar com tanta informação boa e divagações artísticas necessárias que toda vida merece ter.


TRIUNFO


Para adquirirem a obre TRIUNFO é só entrar em contato com Gê Mendes:


"...ele sempre foi um diálogo que eu  gostaria de ter com o meu PAI.
Claro que junto a isso, tinha que ter luta, poderes especiais e muita música.
Mas o principal, era poder dizer para ele e para mim mesmo, através dos
quadrinhos que a nossa história também pode ter um final feliz."
- Gê Mendes

Jorginho

Jorginho é Pedagogo, Filósofo, graduando em Artes, com pós graduação em Artes na Educação Infantil, ilustrador com trabalhos publicados no Brasil e exterior, é agitador cultural, um dos membros fundadores do ColetiveArts, editor do site Coletive em Movimento, produtor do podcast Coletive Som - A voz da arte, já foi curador de exposições físicas e virtuais, organizou eventos geeks/nerds, é apaixonado por quadrinhos, literatura, rock n' rol e cinema. É ativista pela Doação de Órgãos e luta contra a Alienação Parental.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

DIRETO DA COLETIVE CAVERNA!
COLETIVEARTS, 06 ANOS DE VIDA,
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2 Comentários

  1. Excelente HQ. Tive a sorte de fazer uma leitura beta. O Gê tem uma narrativa muito boa e um traço bem dinâmico. O tema aborda relação entre parentes com profundidade. Recomendo que comprem a HQ. Legal dar de presente também! #DêHQBrasileiradePresente

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    1. Valeu Adão, fico feliz de ter lhe cativado. Obrigado de coração.

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