NAVALHAS AO VENTO

 

FELIZ 2025

“Então é Natal/ E o que você fez?/ O ano termina/ E começa outra vez...” A voz da cantora Simone no Jornal do Almoço me fez pensar e sentar frente ao computador para escrever.

Entra ano, sai ano... as pessoas esperam resultados diferentes mas muitas cometem os mesmos erros. A voz da Simone continua entrando na minha consciência. A música termina e eu procuro no YouTube, preciso ouvi-la até entender o que eu ando fazendo.

Eu não tenho do que reclamar. Será que estou fazendo a coisa certa? Papai do Céu é um cara muito legal, me dá tudo o que eu mereço e me faz muito feliz. Claro que Ele não me dá o que eu quero, Ele sabe o que me fará sofrer e afasta, mas me dá o que eu mereço e isso me basta.

Estamos entrando no ano de 2025, um quarto de século já se passou desde a virada do milênio e ainda vemos intolerância, racismo, homofobia, como se estivéssemos na década de 20 do século passado. Antigamente alegávamos falta de informação, hoje temos a informação na palma da mão, nos nossos smartphones, e ainda acreditamos em fake News. O povo da bíblia debaixo do sovaco esquece que a mesma condena a mentira. Em Provérbios 12:22 consta que “O Senhor abomina os lábios mentirosos e se compraz nos que agem com sinceridade”. O oitavo mandamento da Igreja Católica, “Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo”, proíbe falsificar a verdade nas relações com outrem.

No Google consta que “A mentira pode ter consequências perversas na vida das pessoas e das nações”. Isso ficou claro na pandemia de Covid- 19 quando o povo da bíblia na mão espalhou que quem tomasse vacina viraria jacaré, que teria um chip nas vacinas, que vacina causava Aids entre outras mentiras. Isso fez com que caísse a procura pelas mais diversas vacinas. Desde 2016 as coberturas vacinais têm caído de forma consecutiva. A média da cobertura de todas as vacinas analisadas caiu de 83,8% em 2013 para 66,2% em 2023, uma queda de 17,6% neste período de 10 anos. Doenças como sarampo, rubéola, difteria, coqueluche, meningite e poliomielite que já estavam erradicadas podem voltar a ser uma preocupação devido as baixas taxas de imunização e correm o risco de impactar o Sistema Único de Saúde. Quando eu era criança minha avó não deixava passar uma vacina, pois ela me amava e queria me proteger. Fiz o mesmo com meus filhos. Hoje as pessoas leigas, muitas com o ensino fundamental incompleto, querem questionar cientistas alegando que “não  sabem o que contém naquela vacina”, como se soubessem o que tinha nas outras. Comem qualquer porcaria e questionam a ciência.

Outras mentiras como mamadeira de piroca e kit gay que até hoje ninguém viu, bem como banheiro misto, que nunca existiu, já afastaram muitas crianças das escolas, filhos de pais que nunca foram a uma reunião sequer na escola, mas que acreditam nas mentiras da tia do WattsApp.

Sai ano, entra novo ano e ainda tem quem acredite no falso messias, aquele que tem o prenome Jair, tanto que acharam que rezar para pneu seria a solução. Criticaram tanto a “saidinha de Natal” dos presidiários e agora criticam porque o Lula não deixa os criminosos do dia 8 de janeiro se privilegiarem com o benefício. Entra ano, sai ano e ainda estamos na época da Santa Inquisição com evangélicos quebrando imagens de outras religiões como fizeram na loja Armazém dos Orixás na cidade de Gravataí. Com motoristas de Uber criticando quem entra no carro vestindo axós, como já fizeram várias vezes comigo.

“Então é Natal... e o que você fez?...” Mais uma vez pergunta a Simone. Agora eu sei responder: Sou batuqueira, petista, lulista e colorada. Tudo o que essa gente de “Deus pátria e família” mais odeia. Mas vivo na verdade e o papai do céu me ama por isso mesmo, por defender a verdade, doa a quem doer. Então o que eu fiz foi viver a minha vida sem me preocupar em prejudicar ninguém. Defendendo a minha verdade sem usar mentiras. Defendo o meu irmão sem tentar causar prejuízo a sua saúde. Sou feliz com o que tenho e não desejo o que não é meu, agradecendo todo dia pela felicidade de poder sorrir e fazer alguém sorrir. Sou feliz por ser quem eu sou, graças a Olorum.

Pense nas tuas atitudes todos os dias no próximo ano. Não sou perfeita, mas procuro ser o melhor possível a cada dia, pois o presente (dia) é um presente, uma nova chance que Olorum nos dá para que possamos melhorar.

Feliz 2025 para todos. Que mamãe Iansã, com seus ventos, leve embora a tua mania de ser idiota e te traga a verdade nos seus raios brilhantes. 

Queira Oxalá.

Isab-El Cristina

Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras, é Diretora Cultural do ColetiveArts.

Escute o episódio do podcast Coletive Som gravado com Isab-El , clicando Aqui.

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- Ricardo Mendes

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