GRAVATAÍ E SUAS FOQUINHAS ADESTRADAS
Confesso que peguei ranço da tal Rua Privada desde o dia em que a mesma “roubou” a via pública para se transformar num shoppinzinho metido a besta no meio da via. A população gravataiense a conhece como Rua Coberta, mas na verdade é um “mall”.
A Praça Mall, localizada onde antes havia a rodoviária da cidade, inclusive no Google consta “Rodoviária Fantasma” para aquela localização, se transformou num local anti-climático. Por ser um corredorzão, no inverno é um horror de frio e vento, no verão se transforma num forno, graças a arquitetura e material usado. A “rua” que não é rua, afinal nunca vi rua com porta, tem horário de funcionamento e com mesas, bancos e floreiras fixas no meio do que seria a via pública.
Desde a última Feira do Livro que eu não entrava na tal “rua”, mas hoje, acompanhando uma amiga, voltei ao local. Minha amiga reside em Canela e soube que em Gravataí havia uma Rua Coberta comparável a de Gramado e me pediu para conhecer. Como era cedo, estava fechado e ela questionou: ‘- Nunca vi rua com porta!”
Levei minha amiga para ver o que restou do nosso museu. Ela já o conhecia, inclusive doou várias peças ao então coordenador do museu, Professor Getúlio, quando eu trabalhava lá. Sentamos na praça da “santa dentro do aquário” e lá ela chorou de tristeza. Ela ficou chocada com a decadência histórica da nossa cidade. Nascida gravataiense, ela tem vínculos afetivos com a aldeia, mas confessou que esta não é a cidade que ela ama. Ela queria saber onde estão as peças que ela doou e eu desconversei. Senti “vergonha alheia”.
Na porta da tal “Rua” tem uma placa que consta: “Praça Mall, das 11h às 22h30”, então depois das 11h30 entramos na Rua Privada para almoçar. Eu teria almoçado em outro local, mas ela queria conhecer. Optamos por um treco parecido com um kebab, chamado de Pizza Roll, uma massa fininha, frango, queijo, repolho, molho e tomate, no valor de R$19,90 e um refrigerante. Não terminamos o lanche por dois motivos; era impossível permanecer no local graças ao calor infernal que aquela cobertura oferece e olha que eu gosto de verão, além disso as moscas quase entravam na nossa boca junto com o lanche. Onde está a Vigilância Sanitária? Uma mosca abusada chegou a pousar no meu lanche, querendo um pedacinho... ela que vá comprar... Comer espantando moscas num local que se acha chique é de cair os butiás do bolso. Tinha algumas pessoas almoçando, mas nada de público expressivo. Ora bolas, se querem ser shopping, botem logo portas de vidro, ar-condicionado e dedetizem. Será que tem inspeção sanitária?
Enfim, minha amiga foi triste para Canela. Ela tinha certeza de que veria uma Rua Coberta, porque ouviu por aí que Gravataí havia copiado Gramado e o que ela viu, nas palavras dela, foi uma “mão grande” na via pública para beneficiar uns poucos em detrimento do povo que paga impostos, onde deveria ter uma via para passagem de ônibus, viaturas e ambulâncias em benefício de todos, mas o que viu foi um shopping meia- boca que já nasceu falido, quente no verão, gelado ne inverno, cheio de insetos e com várias exigências na porta.
Quando a convidei para conhecer a Casa de Cultura ela disse:
- Só falta tu me dizer que parece a Casa de Cultura Mario Quintana!
Mais uma vez senti vergonha alheia e disse:
- Vamos embora...
E tem “foquinhas adestradas” que ficam batendo palminhas.
![]() |
Isab-El Cristina |
3 Comentários
Bah!!!!
ResponderExcluirEngoliram a praça para os poucos que vão lá engolirem seus sanduíches.A praça era do povo agora é do Mall
ResponderExcluirDesde o início chamei de Rua Privada e previ que seria muito quente no verão
ResponderExcluir