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QUANDO O SILÊNCIO FICA 

E AS PESSOAS SE VÃO 

É impressionante como, em certos momentos, as pessoas parecem esquecer a intensidade dos sentimentos que um dia demonstraram por você. É como se o coração delas fosse um sopro passageiro, um instante de brisa que, ao se dissipar, deixa apenas o vazio. Você passa anos alimentando relações, plantando carinho, trocando confidências. Mas basta um segundo, uma distração, e aquilo que parecia eterno se torna um desconhecimento profundo, uma indiferença que não faz questão de ser discreta. Não há explicação ou despedida, apenas a ausência, o vazio, o silêncio cortante. 

Muitas vezes, essas mesmas pessoas que te ignoram foram aquelas que juraram estar ao seu lado nos dias de tempestade. Quantas promessas, quantos olhares cúmplices, quantas palavras carregadas de emoção. A dor não vem apenas da partida, mas da facilidade com que algumas pessoas decidem desviar o olhar, como se todos os momentos que viveram ao seu lado fossem simples folhas ao vento, sem peso, sem história. E você fica ali, estático, tentando compreender onde tudo começou a se desmanchar, buscando nos detalhes as razões para essa indiferença.

 Há dias em que é quase impossível entender como alguém que antes te enxergava com tanta clareza agora finge não te ver. A troca de olhares que já foi recheada de cumplicidade agora é um desvio seco, uma fuga de qualquer vestígio de sentimento. Você passa ao lado dessas pessoas e o "oi" que parecia natural se transforma em um muro, uma barreira que eles erguem como se quisessem negar a sua própria existência. E você, mesmo sem intenção, acaba revivendo cada memória, cada momento, perguntando-se onde tudo se perdeu. 

A verdade é que o mundo está cheio de relações vazias, que se moldam ao sabor das conveniências e do que é conveniente para o momento. As pessoas estão sempre em busca do novo, do que lhes traz benefício imediato, e nem sempre querem carregar os laços que construíram no passado. Elas trocam de afeto como quem troca de roupa, esquecendo que cada pedaço de afeto desperdiçado deixa uma cicatriz no coração de quem ainda se importa. O mais irônico é que são essas mesmas pessoas que juram, em algum ponto, que "amizade" e "amor" são eternos.

 Mas a vida nos ensina, de forma dura, que não podemos controlar as atitudes dos outros. Podemos oferecer o melhor de nós, dar afeto, estar presentes, mas isso não garante a reciprocidade. Amar, cuidar, estar ali...  tudo isso deve ser feito com o coração aberto, sem esperar retorno. Porque é exatamente quando esperamos algo em troca que o vazio se torna insuportável. A dor da decepção vem do nosso desejo de que o outro nos corresponda na mesma intensidade, e a vida insiste em nos mostrar que o mundo nem sempre retribui como esperamos.

 Talvez a lição seja perceber que o valor que oferecemos não é algo que os outros precisam reconhecer para existir. Nosso amor, nosso cuidado, nosso carinho... tudo isso faz parte de quem somos, independentemente do que o outro faz ou deixa de fazer. Em algum momento, a ausência deles será apenas uma memória distante, e o que restará será a certeza de que fizemos o nosso melhor. A paz, no fim das contas, está em saber que, mesmo em meio a tantas indiferenças, seguimos sendo inteiros.

 E se um dia aqueles que se afastaram olharem para trás, perceberão que perderam algo valioso, algo que não se encontra em qualquer esquina. Não porque você é insubstituível, mas porque a sinceridade e a intensidade são raras, e quem as abandona sempre sente a falta. Eles podem negar, podem seguir em frente, mas a verdade é que poucos conseguem caminhar com a mesma leveza depois de deixar para trás alguém que realmente se importou.

 No final, você aprende que nem todas as pessoas que caminham ao seu lado permanecem, mas isso não significa que o que você viveu foi em vão. Cada história, cada risada, cada lágrima, tudo isso faz parte de quem você é. E mesmo que a indiferença alheia cause dor, ela jamais será capaz de apagar as marcas do que você viveu com intensidade. O tempo passa, as pessoas vão e vêm, mas o que é verdadeiro fica em você  e nada, nem ninguém, pode tirar isso de você.



Texto: Leonardo Pacheco

Arte: Lua Santos



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