ARTE E CULTURA

Conversas e Pradarias - II

Ao longo desses cinco anos de Cavalgando com Tex, tive o privilégio de realizar muitas matérias e entrevistas com colecionadores, escritores e artistas do mundo texiano. Todas elas  me deixaram muto feliz, conheci muita gente legal e conversei com alguns dos meus ídolos. 

Hoje nesse Arte e Cultura especial, trago um copilado das entrevistas que eu realizei, optei por não colocar a data que elas saíram, mas não mexi em uma vírgula, então haverão sinais em que período elas saíram.

Espero que vocês se divirtam lendo elas, tanto quanto eu me diverti às realizando.

Boa leitura.



LAURA ZUCCHERI


JORGINHO:  Como a Laura Zuccheri  se define?

LAURA ZUCCHERI: Como faço para me definir? Gosto de me definir não só como uma artista dos quadrinhos, mas também como uma pintora, uma ilustradora, uma designer, uma concept artist. Não consigo me definir de uma maneira apenas, porque muitas são as minhas influências e muitas são as minhas paixões.


JORGINHO: Quando a arte entrou em sua vida?

LAURA ZUCCHERI: Desde pequenina eu sempre desenhei, sempre tive a vocação para o desenho, para todas as artes figurativas e também para a música. Eu sempre tive uma sensibilidade especial que me levou a enxergar a beleza e a arte como expressão da alma humana. 


JORGINHO: O que você lia quando era criança?

LAURA ZUCCHERI: Eu sempre estive rodeada de quadrinhos, meu pai era um colecionador, por isso desde criança eu lia Tex, Mafalda (do Quino), Asterix, e muitas coleções de ficção científica que meu pai tinha nos anos 1970; edições com personagens americanos dos anos 1940 e 1950, que hoje eu só tenho em minha memória. Então eu lia muito isso desde criança, e eu posso dizer que tive contato com vários estilos de quadrinhos.



JORGINHO: Quais são suas maiores influências no desenho?

LAURA ZUCCHERI: Minhas influências são variadas, o que significa que eu realmente gosto do design de civilizações antigas, portanto, eu sou um pouco inspirada por essas populações antigas. Também por tudo relacionado ao figurino que é usado nos teatros, na pintura antiga, na arquitetura. Mas eu realmente tenho é uma grande paixão por civilizações antigas, especialmente as chinesas, as tibetanas e as indianas.


JORGINHO: Você sofreu preconceito por ser uma mulher que desenha quadrinhos?

LAURA ZUCCHERI: Sim, digamos que eu tenha sofrido muitos preconceitos até agora, de vez em quando eu ainda sofro. É um ambiente muito masculino, e por isso é muito difícil uma mulher chegar lá. Para chegar a níveis mais elevados, para poder fazê-lo, você tem que estar completamente desconectada de tudo o que a sociedade, a família e as pessoas ao seu redor esperam de você, "que frequentemente e com boa vontade, fique em casa, para ter filhos, talvez um emprego em meio período”.

Digamos que eu tenha lutado muito para impor minha identidade.


JORGINHO: Como iniciou sua carreira nos quadrinhos?

LAURA ZUCCHERI: Comecei minha carreira aos 20 anos, depois de fazer um minicurso  gráfico de  publicidade. Sem poder trabalhar, eu tive a ideia de tentar fazer quadrinhos, para os quais eu preparei algumas páginas depois de estudar Blueberry de Jean Giraud, ele foi meu verdadeiro mentor. Então eu levei algumas páginas de faroeste para Lucca Comics, onde conheci Berardi e Milazzo (Gian Carlo Berardi e Ivo Milazzo, criadores de Ken Parker) que nos anos 80/90  eram os autores mais importantes da Itália. Eu comecei a trabalhar com eles como assistente, e, lentamente, fui seguindo.


JORGINHO: Como como foi para você desenhar o encontro de Tex com Doc Holliday?

LAURA ZUCCHERI: Como eu disse, Tex está na minha vida desde que eu era criança. Meu pai era um colecionador de Tex, acima de tudo um apaixonado por Tex, e, portanto, do western. Para mim, foi um gênero que sempre amei muito desde a infância. O encontro com o Doc Holiday, neste livro que eu desenhei, foi uma experiência ótima e difícil, pois foi minha primeira história desenhada no gênero western. E a história é bastante complexa e também muito bonita; o personagem  Doc Holiday é  emblemático, ele é um personagem histórico, muito fascinante e por isso foi extraordinário ter tido esta oportunidade de trabalhar em tal história.


JORGINHO: Anteriormente você me disse que estava trabalhando em um álbum de quadrinhos para a França e em mais um álbum de Tex, poderia falar um pouco sobre esses projetos para os leitores?

LAURA ZUCCHERI: Estou trabalhando em dois projetos para a França, um se chama Tellus, escrito por Simona Mogavino, para editora Glénaut. É uma história que sairá em quatro livros alternando entre mim e outro artista. Acabei de terminar o primeiro livro e irei  começar o novo, é uma bela história de ficção científica.

Estou também em outro projeto com a Daniel Maghen que é uma editora e galeria de arte muito importante, sobre uma história passada na Índia antiga que é chamada de Balada da Rainha Vermelha (La Ballade de la Reine Rougeescrita por um roteirista indiano chamado Sudeep Menon.

Estou trabalhando em Tex com duas histórias, uma feita para série regular com roteiro de Pasquale Ruju, que é chamado de "La Gazza Ladra". A outra é uma edição especial com roteiro de Mauro Boselli (estou esperando ele para concluir a história),  é uma edição de capa dura, e é sempre uma edição especial para o título. A história fala de Pearl Hart, que é uma personagem feminina histórica.



JORGINHO: Que outras obras você desenhou e pode indicar para que possamos acompanhar mais o seu trabalho?

LAURA ZUCCHERI: Para a França trabalhei em um lindo projeto de fantasia chamado "Les Épées de verre"com roteiro de  Sylviane Corgiat e publicado por Les Humanoïdes Associés. E também uma história de ficção científica em dois livros, chamada  "Retour sur Belzagor", com roteiro de  Philippe Thirault, pela mesma editora. Ambos os livros podem ser facilmente encontrados na  Amazon.


JORGINHO: Deixe uma mensagem para o leitor do Arte e Cultura e para os fãs do seu trabalho.

LAURA ZUCCHERI: Espero em breve poder ir ao Brasil para conhecer todos os meus fãs brasileiros, que são muitos, e espero que vocês sempre possam se divertir lendo minhas histórias. Obrigado novamente  pela entrevista, por tudo e pela sua atenção.



"Eu sempre tive uma sensibilidade especial que me levou a enxergar a beleza e a arte como expressão da alma humana." 
- Laura Zuccheri


DORIVAL VITOR LOPES

Imagem: Tex Willer Blog


JORGINHO - Como o Dorival se define?

DORIVAL VITOR LOPES - Sou uma pessoa feliz e realizada, tanto na vida privada como na profissional. Comecei a ler gibis com 11/12 anos e nunca mais parei. Naquela época havia poucas revistas: 3 ou 4 Disney, 2 ou 3 de faroeste da Rio Gráfica, Batman, Superman, Fantasma e Mandrake, pelo que me lembro. Desde os 13 anos eu trabalhava como office boy em um escritório e tinha muito tempo para ler. Como os gibis acabavam logo, passei a ler fotonovelas e livros. Li todos os clássicos brasileiros e portugueses: Machado de Assis, José de Alencar, Eça de Queiróz...

Com 19 anos fui trabalhar na Editora Abril, e logo estava na Redação Disney; primeiro, como coordenador de redação e, depois, como editor assistente. Depois de um tempo passei a Chefe de Redação. Em 1986 fui demitido da Abril e o Mauricio de Sousa me chamou pra trabalhar com ele. Fiquei lá dois anos, me demiti e abri o meu primeiro estúdio de produção de quadrinhos, produzindo para a Abril e logo também para a Globo, que se mudara para São Paulo. Era o ano de 1988, o ano em que conheci minha maior paixão nos quadrinhos... TEX.

Imagem: Tex Willer Blog

JORGINHO - Como foi sua trajetória até entrar na Editora Abril?

DORIVAL VITOR LOPES - Foi bem curta. Com 13 anos fui trabalhar de office boy em um escritório de representação comercial da indústria têxtil no centro de São Paulo. Os patrões eram portugueses, e cedo aprendi a admirar nossos “patrícios”. Eu gostava muito deles, e eles de mim. Fiquei lá até os 18 anos quando passei para a Editora Abril.

JORGINHO - Como foi trabalhar na Abril? Com quais títulos você trabalhou e quais os que mais te marcaram?

DORIVAL VITOR LOPES - Na época, 1970, a Abril era o emprego dos sonhos. Ela estava em grande expansão, com as revistas Realidade, Veja, os fascículos, fotonovelas, a revista Placar, coleções de música brasileira... era uma época de fartura e pleno emprego, e eu surfei bem nessa onda, tendo tido várias promoções e bom salário. Com 20 anos comprei meu primeiro carro, com 22 casei com uma moça que conheci lá. Anos maravilhosos, cheios de aprendizado, excelentes amizades, aventuras e inocência. Sim, eram os anos da ditadura militar, mas pra mim o mundo era lindo. Eu curtia Beatles, Chico Buarque, Caetano, Gil, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Tom Jobim, Vinícius, Elis Regina, Roberto Carlos, Erasmo Carlos. Só mesmo quem viveu sabe que época fantástica foi aquela. Eu costumo dizer que nos últimos 50 anos 90% das revistas feitas no Brasil de alguma forma passaram pelas minhas mãos: ou diretamente, fazendo tradução, copy e revisão, ou como coordenador de equipe. Fiz Disney, Turma da Mônica, Flintstones, Jetsons, Manda-Chuva, Luluzinha, Bolinha, Gordo e Magro, Pica- Pau, Pererê, todas os personagens Marvel e DC, e alguns personagens italianos que saíam na revista Audaz, infelizmente com vida curta.

Dorival e Carlos Ramalho

JORGINHO -- Como surgiu a ideia do estúdio Art & Comics? 

DORIVAL VITOR LOPES - Em 1988 eu resolvi sair do Mauricio e fui pedir trabalho de freelancer na Abril. Para minha sorte a Abril estava começando a terceirizar a produção de seus quadrinhos. Fui o primeiro a fazer esse trabalho. Eu precisava abrir uma empresa, pois teria que dar nota fiscal para receber o pagamento. Abri o Estúdio Rarus e logo peguei vários títulos para produzir. Como a Abril tinha demitido muita gente para fazer a terceirização, eu passava bastante trabalho para o pessoal que estava desempregado, e a coisa funcionava muito bem. Sempre fui muito bom para coordenar equipes e conseguia fazer um ótimo trabalho.

Só que eu trabalhava como um louco, já tinha dois filhos em idade escolar e as despesas só aumentavam. Era comum eu ir deitar à meia-noite e colocar o despertador para as quatro horas da manhã, na verdade, da madrugada. Mas eu gostava, era jovem, e o mundo era lindo. Na época eu tinha uma moto e por duas vezes dormi em cima dela quanto pilotava. Por sorte não me machuquei muito nas duas quedas, mas percebi que precisava diminuir o ritmo. Mais uma vez o destino foi bom para mim, na verdade eu sempre tive muita sorte e coisas boas sempre acontecem comigo quando eu mais preciso. Nessa época, 1991, já havia um outro estúdio de produção de HQ. Era o Artecomix, dos meus amigos Helcio e João Paulo, que trabalharam comigo na Abril. Eles não eram muito bons de coordenação e resolveram me chamar para ajudá-los. Topei na hora e fundamos o Estúdio Art & Comics, juntando os dois estúdios. Depois o Art & Comics ficou mundialmente famoso quando começamos a agendar artistas brasileiros para desenhar para a Marvel, DC e outras editoras americanas. Mas essa é outra história.

Imagem: Tex Willer Blog


JORGINHO  - Como surgiu a editora Mythos?

DORIVAL VITOR LOPES - Um dia, de repente, a Editora Abril nos comunicou que não ia mais trabalhar com estúdios mas sim diretamente com os colaboradores. Helcio e eu (o João Paulo já não estava conosco) nos vimos na rua da amargura. O que fazer? Bom, tínhamos muita experiência em editar revistas, por que não editar as nossas próprias revistas? Como tínhamos contato com muitas editoras americanas, compramos os direitos de alguns personagens e fundamos a mítica Mythos Editora. O resto é história.

JORGINHO - Fora os títulos da Bonelli, com que outros você mais gosta de trabalhar na Mythos?

DORIVAL VITOR LOPES - Na verdade, eu faço praticamente só os Bonelli... dos outros quem cuida é o Helcio. Mas para citar um, Conan... sempre gostei muito dele. Quando eu fazia Marvel e DC meus preferidos eram Justiceiro, Aranha e Batman. 

JORGINHO - O que Tex representa para você?

DORIVAL VITOR LOPES -Tex é o homem que todos gostaríamos de ser, ou de ter por perto. Ele é honesto, justo, inteligente, forte, fiel, amigo, criativo, irônico e extremamente seguro de si. Sempre disposto a ajudar quem precisa e a mandar para a prisão, ou para o cemitério, quem abusa dos mais fracos. É o pai, o irmão, o amigo, o vizinho que todos sonham em ter.

Arte de Ana Pepper

JORGINHO - Qual é o segredo para a longevidade e a pluralidade de edições de Tex no Brasil?

DORIVAL VITOR LOPES - Tex começou a ser publicado no Brasil em uma época em que a diversão da molecada eram as brincadeiras de rua, a matinê no cinema aos domingos e as revistas em quadrinhos. Com isso criou uma legião de fãs que são fieis até hoje.  A qualidade das suas histórias e o fato de ser publicado ininterruptamente desde 1971 fez com que ninguém se esquecesse dele. Por ter atravessado gerações, é possível republicar suas histórias muitas vezes, e sempre haverá alguém que vai ler pela primeira vez. A qualidade de seus roteiros e arte também fideliza o leitor, que sabe que sempre vai ler uma ótima aventura. Tex não tem uma história nota 4 e outra nota 9. Para mim, que já li milhares de histórias dos mais variados personagens, todas as de Tex são nota 8 para cima. Acho que esse é o principal motivo do seu sucesso, a qualidade do roteiro e da arte.

Arte de João Amaral

JORGINHO - Quais os desenhistas e roteiristas de Tex que você mais admira?

DORIVAL VITOR LOPES - O melhor desenhista sem dúvida é o Claudio Villa, mas o meu preferido é o Fabio Civitelli. Seu estilo limpo e preciso faz mais o meu gosto. Roteiristas, sem dúvida, é o G.L. Bonelli e o Claudio Nizzi. São fantásticos.

Arte: Claudio Villa

JORGINHO - Quais os planos da Mythos para Tex nesse segundo semestre de 2023 e se já existe algo previsto para 2024?

DORIVAL VITOR LOPES - Infelizmente o momento não está nada bom para nós. A falta de bancas, de distribuição, de livrarias e de comic shops nos obriga a depender quase que só das vendas pela internet, e se conseguirmos manter o que temos já é um quase milagre.

Arte: Karen Suellen

JORGINHO – Existe chance de o “tão sonhado álbum de figurinhas“ e a coleção das strisce/tiras (que resgatou edições no formato original de Tex serem publicadas?

DORIVAL VITOR LOPES - A esperança é a última que morre.... então, existe. Remota, mas existe. Já fizemos proposta para publicar o último álbum do Tex, mas como ele pertence à Bonelli e à Panini, não houve acordo. Mas ainda não jogamos a toalha.

GG Carsan e Dorival

JORGINHO - Como foi para você, como editor de Tex, estar no meio de fãs do pard, como foi em Chopinzinho-PR na comemoração dos 10 anos do Fã Clube Tex Brasil? O que você espera do dia 30/09 em Porto Alegre, no evento “Uma Tarde Bonelli”?

DORIVAL VITOR LOPES -  Claro que foi muitíssimo agradável. É gratificante ver o entusiasmo e a alegria dos fãs de Tex e sua gentileza comigo. Em Porto Alegre espero a mesma atmosfera contagiante de alegria e camaradagem. Só espero que não me ofereçam chimarrão... não curto, eh, eh, eh. Mas uma Faixa Azul vai muito bem.

Um abração a todos.


"Tex é o homem que todos gostaríamos de ser...É o pai, o irmão,
o amigo, o vizinho que todos sonham em ter."
- Dorival Vitor Lopes

CLAUDIO VILLA

JORGINHOComo Cláudio Villa se define?   

CLAUDIO VILLAUma criança curiosa procurando a maravilha escondida em um lençol branco.


JORGINHOQuando a arte entrou na sua vida?  

CLAUDIO VILLADesde pequeno adorei colocar marcas de lápis em todos os lugares, acho que a paixão pelo desenho nasceu e cresceu comigo, me fazendo companhia.  


JORGINHOO que você lia quando era criança?

CLAUDIO VILLAMeu pai era um grande fã de quadrinhos, e trazia regularmente para casa as revistas que eram recém lançadas e então eu as estudava com "atenção" (eu olhava principalmente as figuras, eu mergulhava nos desenhos)

Então assim eu entrei em contato com os primeiros super heróis americanos que chegaram na Itália: o Superman que aqui se chamava Nembo Kid, o Batman que nos primeiros tempos tinha um traje vermelho, depois uma série (Os clássicos D'Audace ), que oferecia quadrinhos franco - belgas de personagens como Dan Cooper, Ric Roland e muitos outros.

Depois houve Tex e Zagor.

Na medida que eu cresci, fui ficando curioso sobre o Universo Marvel, com o Homem - Aranha e o Demolidor.

Eu cresci entre gigantes.

JORGINHO: Quais são as suas maiores influências no desenho de quadrinhos?

CLAUDIO VILLASempre adorei uma prancha clássica e legível como a de Curt Swan (desenhista clássico de Superman) e Carmine Infantino (Flash), a dinâmica de Neal Adams (Batman), depois veio Giraud com seu Blueberry, Hermann com Red Dust e Ticci no mundo Texiano.

Agora eu sou influenciado por muitos autores, entre os quais se destacam Lewis La Rosa e Alex Ross

JORGINHOComo começou a sua carreira nos quadrinhos?

CLAUDIO VILLAQuem me ajudou a aprender trabalhar com quadrinhos foi Franco Bingotti (Zagor Mister No, Martim Mystére além de outros personagens que ele desenhou no passado) e foi ele quem me apresentou a uma editora francesa, na qual eu dei meus primeiros passos no mundo dos quadrinhos . 

Mas essa aventura logo terminou, então me apresentei na Bonelli enquanto estavam trabalhando  Martim Mystére. Eles me deram as pranchas de teste padrão que dão para todos os desenhistas, e acabei entrando para a equipe de desenhistas.

Depois de quatro histórias de Martim Mystére, me perguntaram se eu queria fazer western. E então comecei a cavalgar ao lado de Tex.


JORGINHOO que Tex significa para você?

CLAUDIO VILLAEle é o herói mais clássico. Ele ajuda os fracos e luta contra os valentões, mesmo que eles usem uniforme. Os valores que o movem são valores absolutos para a humanidade. Às vezes gostaríamos de ter ele por perto quando encontramos algum valentão pela rua. Tex iria consertá-lo adequadamente e o faria mudar de atitude.




JORGINHOQuais os escritores que mais te impressionaram? Claro, estou falando daqueles com quem você trabalhou nas edições de Tex.

CLAUDIO VILLACada escritor tem suas próprias características e é tarefa do desenhista se adaptar a ele para poder tirar o melhor de uma história.

Comecei (em Tex) com textos de G.L. Bonelli, e ele foi muito decisivo para minha diagramação de página, Depois trabalhei com Claudio Nizzi, muito meticuloso e descritivo. E por fim com Mauro Boselli, um vulcão em erupção.

Cada um com sua personalidade, mas no centro de tudo estava sempre o bom e querido Tex.

JORGINHOTem ideia de quantas capas de Tex você já desenhou? Qual a sua capa favorita?

CLAUDIO VILLASinceramente, perdi um pouco a conta. Mas acho que já está em torno de mil capas.

A minha favorita?  A próxima, espero. Em cada desenho que eu faço, sempre encontro algo que eu faria de novo, ou faria diferente.

JORGINHOQuais são os seus próximos projetos?

CLAUDIO VILLAEu acabei de terminar uma historia  que será lançada agora em setembro. É a história que celebra o "aniversário de publicação de Tex", e retrata uma situação muito importante e envolvente para Tex.

Agora estou fazendo as capas de Tex, mas espero conseguir me dedicar para algumas páginas da revista que sairá em novembro de 2023, será um história maravilhosa. Não posso dizer mais nada.


JORGINHOQuais os quadrinhos que você acompanha como leitor?

CLAUDIO VILLAGosto de reler aqueles que me inspiraram de forma virtual como artista: Batman, ano um (Frank Miller/David Mazzucchelli); Batman, O cavaleiro das Trevas (Frank Miller); O Reino do Amanhã (Alex Ross) e as obras de Lee Bermejo.


JORGINHONós brasileiros somos apaixonados por Tex e pelo seu trabalho com ele. O que você conhece, o que você acompanha do nosso Brasil?

CLAUDIO VILLABarrichello, Stock Car, Atila Abreu. Resumindo, eu sou um fã do automobilismo e pratico por comodidade de forma virtual, revivendo as façanhas dos motoristas que eu mencionei através de um simulador nascido ai no Brasil: o Automobilista 2

Então eu também tenho um pouco de seu lindo país em minha casa.

JORGINHO:  Nos dias 30/09 e 01/10 estaremos reunidos na cidade de Porto Alegre/RS para comemorarmos os 75 anos de Tex no evento "Uma tarde Bonelli". Você poderia deixar uma mensagem para todos os fãs que estarão lendo essa matéria e estarão reunidos na festa Texiana?

CLAUDIO VILLAO que eu posso dizer é um grande obrigado por vocês escolherem ler Tex! 

E vou fazer aqui uma promessa à esse enorme povo Texiano que está lendo esta entrevista  e nos dias 30 e 01 vai festejar o aniversário de Tex: enquanto vocês estiverem aqui para ler, estaremos aqui para contar a história!

Um grande abraço!


"...enquanto vocês estiverem aqui para ler, estaremos 
aqui para contar a história!"
- Claudio Villa

MAURIZIO DOTTI


JORGINHOComo Maurizio Dotti se define?

MAURIZIO DOTTI: Sou um artista de quadrinhos, eu sempre quis ser! Desde muito jovem eu já desenhava sem parar, por toda a superfície  que eu encontrava. Eu sou um apaixonado pelo desenho, eu sempre fui, mesmo pelo desenho dos outros. Eu sou uma eterna criança, com o meu ponto de vista, com minha maneira de olhar. Acho que a parte lúdica do meu trabalho é ainda hoje o que mais me fascina e estimula. Eu agora me sinto como um demiurgo de antigamente, que pode criar novos mundos, que pode viver e fazer as pessoas viverem aventuras maravilhosas.


JORGINHO: Quando a arte entrou em sua vida, Maurizio?

MAURIZIO DOTTI: Eu não sei se posso encaixar aquilo que faço no conceito de arte como conhecemos, através dos movimentos da história da Arte. A meu ver, sempre me parece uma palavra muito grande se atribuída aos quadrinhos, é claro, muitos pensam assim. Acredito, no entanto, que essa atividade pode ser associada a um bom exercício de "artesania", com picos muitos altos em alguns casos, que chegam a verdadeira e própria Arte. Dito isso, a minha formação, no que diz respeito aos estudos, foi artística. Eu fui sempre estimulado e influenciado pela criatividade artística em suas mais variadas formas: artes visuais, música, teatro e literatura.


JORGINHO: O que você costumava ler quando era criança?

MAURIZIO DOTTI: Eu lia muitos quadrinhos que eu trocava periodicamente com meus amigos, estabelecendo um verdadeiro ritual, alguns amigos eram adultos que também eram apaixonado pelos quadrinhos. Lia muitos títulos: Tex Willer, Zagor, O grande Blek, Comandante Mark e a História do Oeste; também muitas publicações menores já  há muito desaparecidas, das quais me lembro com nostalgia: Kinowa, Alan Mistero, Pecos Bill, mas que hoje estaria datadas por estarem caracterizadas por uma óbvia ingenuidade narrativa.

Eu gostava muito dos quadrinhos franceses, eles eram frequentemente traduzidos e publicados pelas editoras italianas: Tintim, Blueberry, Comanche, Asterix, etc, etc.

Eu também lia títulos consagrados e extraordinários, mas difíceis de encontrar no final dos anos 1960, começo dos anos 1970. Mesmo assim não faltaram: Tarzan, que eu amava enormemente; Príncipe Valente; Rip Kirby (Nick Holmes); Flash Gordon e muitos outros, tanto que ficaria muito longa a minha lista se eu os nomeasse aqui. Eu nunca gostei de super heróis! Eu também li muitos romances de aventuras, obviamente Zane Gray, Stevenson, Júlio Verne, Salgari, Edgar Rice Burroughs, Dumas, Scott, etc.


JORGINHO: Quais são as suas maiores influências no desenho?

MAURIZIO DOTTI: Se falarmos em influência real vou responder que é Jean Giraud com seu incomparável Blueberry e o grande Giovanni Ticci, com seu inovador Tex Willer, estes sempre foram meus pontos de referência inabaláveis. Naturalmente eu aprecio e respeito muitos outros autores, mas estes dois artistas (é preciso dizer), são e tem sido temas contínuos e repetidos dos meus estudos. Eu tenho sempre tentado teimosamente compreender os seus segredos, dominar as sua técnica expressiva. Os dois são muito diferentes entre si, mas são igualmente brilhantes e inovadores.

JORGINHO: Como começou a sua carreira nos quadrinhos?

MAURIZIO DOTTI: Foi no final dos anos 1970, havia muito trabalho para todos  na publicação de quadrinhos, e quase todo mundo lia o gênero. Foram anos lindos, de muito entusiasmo e criatividade. Minha história não foi muito linear, publiquei meus primeiros trabalhos aos dezessete anos, enquanto ainda frequentava o Instituto de Artes. Parei de trabalhar como quadrinista aos vinte e três anos,  para me dedicar ao teatro de bonecos até os trinta e cinco. Parece que meu destino basicamente sempre foi contar histórias. Entre 1992 e 2000 colaborei como ilustrador para as mais importantes agências de publicidade de Milão/ Itália.

Em 1995 finalmente voltei a trabalhar com quadrinhos, graças ao Allarico Gattia que foi um ótimo ilustrador e quadrinista italiano, cuja a amizade e orientação artística me valeram o início da colaboração com as edições Paoline no título de "Il Giornalino". O ano tão esperado e esplêndido que eu entrei na Sergio Bonelli foi o de 1996! Este em resumo é a história do início de minha carreira e se tudo isso que aconteceu pode vir a ser caracterizado como uma produção artística, não sou eu quem deve ou pode dizer.


JORGINHO: O que Tex significa para você?

MAURIZIO DOTTI: Profissionalmente foi um destino prestigiado e importante, um coroamento ideal para um desenhista que como eu ama quadrinhos e o gênero western. Ele é um personagem cuja a longevidade ainda permanece um mistério. Publicado ininterruptamente desde 1948, detém um recorde mundial que ninguém consegue alcançar. Ele é o herói que encarna o sentido de justiça, livre das regras da lei (a lei nem sempre é certa). Defensor dos fracos, vingador dos erros, desde o incio ao lado dos nativos norte americanos e de sua causa, não é pouca coisa se pensarmos na sensibilidade geral em relação às minorias étnicas em 1948. Tex é o inimigo do homem comum: ele faz o que sabemos ser a coisa certa a fazer, mas que não ousamos a fazer por medo das consequências.


JORGINHO: Quais os escritores que mais te marcaram em Tex?

MAURIZIO DOTTI: Eu desenho Tex desde 2011 e, de acordo com uma pesquisa do setor publicada recentemente, o autor mais prolífico da Sergio Bonelli foi o Mauro Boselli, que alcançou a considerável soma de mais de cinquenta mil páginas. E eu acabei sendo o desenhista mais prolifico que trabalhou com ele com três mil, cento e dezessete pranchas, trabalhando em Tex, Dampyr e Zagor. Tudo isso para dizer que tenho trabalhado desde 1996 até hoje quase que exclusivamente com o Mauro. O trabalho, é claro, sempre tem algumas reservas, acidentes e mal entendidos, mas estamos quase sempre na mesma sintonia. Tenho tido poucas oportunidades de trabalhar com outros escritores, não consigo dar uma opinião competente apoiado por uma experiência direta. Como leitor, posso dizer que tenho muitas histórias do Gian Luigi Bonelli que ficaram para sempre no meu coração, mas também ficaram algumas de Nizzi,  de Guido Nolitta (Sergio Bonelli), e de Gianfranco Manfredi.


JORGINHO: Você tem ideia de quantas capas já desenhou? Quais as que mais te marcaram?

MAURIZIO DOTTI: Acho que até hoje eu criei entre 70 e 75 capas. É difícil de escolher algumas, mas não impossível. Uma delas, eu diria, é certamente a do especial número n° 03, dedicado ao encontro entre Tex e Zagor, mas acho que teremos a oportunidade de falarmos isso em detalhes daqui a pouco. Há algumas que eu prefiro por causa do ponto de vista técnico. Definitivamente estou me referindo as capas de n° 02 e n° 05, por meio dessas duas capas eu consegui, através de um concurso promovido pela editora, o título de desenhista de capas da série. Posso citar as capas dos números: 10, 24 e 51, vou parar por aqui.



JORGINHO: Como foi desenhar a capa do encontro de Tex com Zagor? O que você achou desse encontro? 

MAURIZIO DOTTI: Eu não gosto dessas "alquimias narrativas", desses encontros impossíveis, chame do que quiser, é uma opinião completamente pessoal. Eu entendo que o fã fique regojizado com esse tipo de história, mas acho-as forçadas, uma luta para "suspender a descrença", por assim dizer. Eu sou apaixonado por aquele tipo de histórias que se inspiram em acontecimentos reais, ainda que ficcionais.

Se realmente você quer falar sobre a capa, vamos lá: acho que posso dizer que junto com algumas outras, não é bem sucedida, sob qualquer ponto de vista. Certamente a bem menos sucedida entre as mal sucedidas. As expectativas eram muito altas e minha ansiedade não era diferente. Houve algo que não funcionou: geralmente Boselli me dá sugestões, indicações gerais, nas quais eu baseio meus esboços iniciais para submeter a ele. Talvez nesse caso especifico eu não tenha conseguido entender a ideia básica, foi como se seguíssemos dois caminhos diferentes, sem nos entendermos. Depois de inúmeras correções, o resultado foi aquele que todos vocês puderam ver, infelizmente. Às vezes, as coisas são assim.


JORGINHO:Quais os seus próximos projetos?

MAURIZIO DOTTI: Estou começando uma história de Tex em que o antagonista ainda é Nick Castle, o loiro rápido com a arma, personagem presente em quase todas as histórias de Tex que eu desenhei. Eu acredito também que já está aparecendo no horizonte mais uma história de Dampyr.


JORGINHO: Quais os quadrinhos que você costuma acompanhar como leitor?

MAURIZIO DOTTI: Principalmente os que eu desenho. Sou apaixonado pelos quadrinhos de faroeste, que infelizmente são um gênero negligenciado, exceto em casos raros e louváveis. Não gosto de super heróis, como eu já disse, então concluo que eu acabo não lendo muito quadrinhos. O tempo que eu tenho disponível é muito pouco, por isso prefiro a leitura de livros.


JORGINHO: Como você vê o mercado de quadrinhos na Itália e no mundo? Quais criações te encantam? 

MAURIZIO DOTTI: Acho que os quadrinhos encontraram um novo fôlego e gozam de boa saúde. De protagonista incontestado nas bancas fechadas pela pandemia, encontrou novo lugar nas livrarias em sua forma original, culta e intelectual (graphic novel), mesmo que graficamente nem sempre esteja à altura, no meu modo de ver. Os quadrinhos populares são cada vez menos procurados, e na maioria das vezes é por um núcleo duro de leitores de longa data. Além disso, há muito tempo os mangás colonizaram a Itália, que se deixou colonizar.

Nosso país teve e tem grandes autores, mas a natureza esnobe de seus intelectuais em relação ao que é popular, não permitiu, exceto nas duas últimas décadas, a merecida valorização dessa forma de arte. Tampouco a escola, que é uma guarnição de cultura e educação, nunca cuidou dos quadrinhos  como sabiamente deveria. Por que você os manteria  longe? 

Do mercado de quadrinhos no mundo eu não tenho informações, mas sei que no Brasil são muito apreciados e lidos e nos Estados Unidos este também é o caso. Sem falar na França, um país com muitas qualidades e em que os quadrinhos sempre tem um valor enorme.

Sobre as novidades da indústria, 'foi  ruim", não sou, como já havia dito, um leitor antenado e nem compulsivo por quadrinhos. Mas vou responder para evitar machucar a figura "dos que não sabem nada", eu posso dar alguns nomes: “Bouncer” di Boucq, “Les Tour de Bois-Maury” di  Hermann, “Undertaker” e “Asgard” di Mayer.


JORGINHO: Nós brasileiros somos apaixonados por Tex e pelo seu trabalho com ele. Mas e você Maurizio, o que conhece de nosso país? 

MAURIZIO DOTTI: Conheço a grande paixão do povo brasileiro pelo ranger, tenho visto muitas vezes na editora publicações brasileiras. Eu mesmo tenho edições relacionadas às minhas histórias. Sem mencionar as inúmeras informações espalhadas pela web. Também tive o prazer de conhecer pessoalmente o editor brasileiro Dorival Vitor Lopes durante uma viagem à Portugal. Estou muito feliz porque vocês me seguem e apreciam meu trabalho, dá uma boa impressão você saber que é conhecido e valorizado em um país tão distante. Infelizmente, devido à minha ignorância, sei muito pouco sobre quadrinhos brasileiros, portanto, não posso dizer nada a respeito, mas tive a oportunidade de ver através da web que o Brasil  possui vários artistas talentosos e capazes.


JORGINHO: Nos dias 30/09 e 01/10 estaremos reunidos na cidade de Porto Alegre/RS para comemorarmos os 75 anos de Tex no evento "Uma tarde Bonelli". Você poderia deixar uma mensagem para todos os fãs que estarão lendo essa matéria e estarão reunidos na festa Texiana?

MAURIZIO DOTTI: Agradeço a você Jorginho e aos leitores apaixonados pela atenção que gentilmente me dispensam, não só com essa entrevista que me honra, mas pela fidelidade a um personagem que acompanhou e ainda acompanha a vida de milhares de leitores, entre os quais eu tenho o orgulho de incluir os brasileiros. Um personagem chamado Tex, cuja as aventuras eu desenho com muito orgulho para mim e sobretudo para a alegria dos outros. Os leitores são muito importantes, sem vocês eu não poderia realizar esse  trabalho esplêndido.


"Tex é o inimigo do homem comum: ele faz o que sabemos ser a coisa certa a fazer, mas que não ousamos a fazer por medo das consequências. "

- Maurizio Dotti


PASQUALE RUJU


JORGINHO: Como o Pasquale Ruju se define?

PASQUALE RUJU: Eu diria que, acima de qualquer coisa, um contador de histórias.

JORGINHO: Quando e como a arte entrou em sua vida?

PASQUALE RUJU: Desde o nascimento. Meu pai era pintor e entre meus tios haviam um poeta, um escritor, um músico. Desde pequeno eu respirei arte de todas as maneiras .

JORGINHO: O que o Pasquale lia quando era pequeno?

PASQUALE RUJU: Eu era apaixonado por romances de aventuras, de Júlio Verne a Emilio Salgari, e depois muitos quadrinhos da DC, Marvel e Bonelli. Eu devorava os quadrinhos de Tex e Mister No.

JORGINHO: Você é uma das pessoas mais inquietas da cena artística italiana, fale para o leitor como foi a transição da arquitetura para a atuação, para a dublagem de desenhos animados e novelas e depois para  a escrita de roteiro de quadrinhos?

PASQUALE RUJU: Matriculei-me na Arquitetura logo após o ensino médio e já durante os primeiros anos de faculdade comecei a me interessar pelo cinema e pela atuação. Comecei a fazer teatro, dublagem, e de vez em quando dirigir curta metragens, produções independentes, destinadas a festivais. Um desses "curtas" era um pequeno filme de terror, que o Mauro Marcheselli, então chefe editorial da revista  Dylan Dog e do próprio Tiziano Sclavi, gostou. Assim,  após alguns contatos iniciais, recebi a proposta para colaborar na série. Minha primeira história foi "The Neighbour", lançada em 1995 , um pequeno episódio em que Dylan Dog não aparecia.Desde então mais de trinta anos se passaram, e mais de duzentas obras foram escritas para diversas publicações da Sergio Bonelli Editore.  Entre todos os outros rumos, esse foi exatamente o meu caminho.

JORGINHO: Na sua opinião, quais os personagens mais marcantes  de séries, novelas ou desenhos que você tenha dublado?

PASQUALE RUJU: Durante muitos anos eu dublei o Rick Bauer , um dos protagonistas da novela  "Santiere" (Guiding Light), interpretado pelo ator Michael O'Leary. No final, acabei gostando do personagem. Me lembro com muito prazer do Sirius dos Cavaleiros do Zodíaco que eu dublei nos primeiros episódios antes de partir para o serviço militar.Teve o Shido dos Cinco Samurais e Ken a águia de G - Force (Gatchman). Aqueles foram bons tempos para quem trabalhava com a voz.

JORGINHO: Como foi para você estrear em Dylan Dog?

PASQUALE RUJU: Emocionante, também por que eu era um leitor iniciante.Eu tive a honra de trabalhar com artistas que eu respeito Há muitos anos, e eu tive uma grande liberdade criativa em minhas histórias.Ainda hoje considero isso um privilégio.

JORGINHO: Como funciona o teu método criativo?

PASQUALE RUJU: Normalmente u parto de uma ideia ou sugestão que eu anoto em meu computador ou telefone. A partir dai desenvolvo um primeiro enredo com três atos da história e com os personagens principais que eu submeto a redação.Se for aprovado eu desenvolvo o roteiro.

JORGINHO: O que Tex significa para você?

PASQUALE RUJU: Escrever um roteiro para Tex é ponto de chegada, a aspiração máxima de um roteirista bonelliano, e ao mesmo tempo, um ponto de partida. Cada história é um desafio. Você pode até escrever  roteiros de faroeste bons, excelentes, mas as histórias de Tex devem ter um sabor particular, que os leitores reconheçam imediatamente. É preciso entrar nesse "clima", mas sempre com um toque pessoal, caso contrário a história vai parecer "fria", feita apenas para se cumprir uma meta profissional.

JORGINHO: Você tem uma ideia de quantos  roteiros de Tex você já escreveu? Quais os seus favoritos?

PASQUALE RUJU: A essa altura acredito que eu devo estar perto dos cem roteiros, entre publicados e não publicados. Os meus favoritos? O primeiro que foi lançado  em duas partes: A prova de fogo e Um Ranger como inimigo, com desenhos do  grande e saudoso Ernesto Garcia Seijas. E então... obviamente o último que eu fiz.

JORGINHO: Quais os roteiristas de Tex  em geral você admira?

PASQUALE RUJU: Entre os autores de Tex, Gian Luigi e Sergio Bonelli, que deram interpretações bem diferentes, mas memoráveis do personagem. Mauro Boselli, depois Claudio Nizzi assumiram a batuta, mas os colaboradores da revista são todos grandes profissionais. Não da para escrever sobre o nosso "satanás" sem ter talento e habilidade de sobra.

JORGINHO: Você poderia contar ao leitor o que é o Festival de Cultura Dora Nera Noir?

PASQUALE RUJU: Dorna Nera é um festival dedicado ao noir, nas suas diversas modalidades: literatura, quadrinhos, cinema, música e arte.Ele nasceu em Turim a cidade mais noir da Itália, a cidade dos filmes de Dario Argento e dos livros de Fruttero e Lucentini,. Todos os anos premiamos um autor pelo conjunto de sua obra e o melhor romance  sombrio (ou graphic novel) do ano anterior. è uma oportunidade para descobrir e apresentar muitos autores talentosos, e dar novas emoções ao grande público que nos acompanha ao vivo e online.

JORGINHO: Nós brasileiros admiramos muito seu trabalho com Tex  e outras maravilhosas obras dos quadrinhos como Casidy, Demian e Dampyr, entre tantos.Mas o que você conhece e admira de nosso povo, de nossa cultura?

PASQUALE RUJU: Eu já estive várias vezes no Brasil, naveguei no rio Amazonas, visitei o Rio, Salvador, Natal e outras cidades, também vilas, montanhas e florestas. O Brasil é um mundo, um universo inteiro enriquecido por muitas culturas diferentes. E esta grande diversidade se torna uma grande riqueza, que tem se expressados em autores  como Jorge Amado, Paulo Coelho, Rubem Fonseca, e muitos outros, e isso sempre me impressionou. É uma prerrogativa do Brasil e um grande exemplo para o mundo.

JORGINHO: Quais são seus próximos trabalhos em quadrinhos e com a arte em geral?

PASQUALE RUJU: Eu estou trabalhando - além de outro  em Tex é claro - em um novo romance e em uma série de Televisão. É importante para mim, e sempre tentei fazer isso, cultivar novos projetos em novas áreas, ois isso acaba nutrindo a minha criatividade, os diferentes projetos me ajudam a continuar escrevendo  e a roteirizar sem perder o prazer de fazer o que eu acredito ser o melhor trabalho do mundo.

JORGINHO: Dia 30/09 e dia 01 /10 estaremos em Porto Alegre/RS, Brasil, reunidos para comemorar os 75 anos de Tex em um evento chamado Uma Tarde Bonelli. Você poderia deixar uma mensagem para todos os fãs e leitores que estão lendo e esta matéria e que irão estar comemorando  data?

PASQUALE RUJU: Envio aos meus amigos leitores brasileiros que estão lendo essa matéria e que irão estar presentes no evento, um grande abraço.Estamos unidos por uma paixão comum, a da fronteira selvagem e do herói que a percorre a cavalo em busca de justiça. Tex tem 75 anos, mas está mais jovem e mais forte do que nunca.Boa leitura à todos.

 "Você pode até escrever  roteiros de faroeste bons, excelentes, mas as histórias de Tex devem ter um sabor particular, que os leitores reconheçam imediatamente."
- Pasquale Ruju

PEDRO MAURO

JORGINHO: Como o Pedro Mauro se define?

PEDRO MAURO: Eu me defino como um autodidata. Aprendi muito estudando e observando outros artistas. Meu sonho era ser quadrinista, era tudo o que eu queria.


JORGINHO: Como os quadrinhos entraram em sua vida?

PEDRO MAURO: Desde menino eu lia quadrinhos e viajava nas aventuras do Tarzan, dos cowboys e todos os personagens da época, foi assim que veio aquela vontade de um dia desenhar esses personagens. Nos meus dezesseis anos, preparei uma história e bati na porta da editora Taika, em São Paulo. Conheci o artista Ignacio Justo, que foi meu mestre, alguns meses depois estava publicando meu primeiro trabalho.


JORGINHO: Quais as tuas maiores influências no traço?

PEDRO MAURO: No inicio, eu diria Alex Raymond, Hogart e Hal Foster. Depois, descobri alguns outros grandes artistas como Toppi, Battaglia, Breccia e outros europeus.


JORGINHO: Conte para o leitor como se deu sua entrada no meio dos quadrinhos profissionais?

PEDRO MAURO: Eu fiquei em São Paulo desenhando quadrinhos de 1969 ate 1971, por causa de uma crise editorial na época, entrei em publicidade como ilustrador e  permaneci por muitos anos. Mas sempre pensando um dia voltar às HQs. E consegui em 2014, época que comecei a deixar a publicidade.


JORGINHO: Como surgiu a parceria com o Gianfranco Manfredi?

PEDRO MAURO: Minha parceria com Manfredi começou em 2014 quando ele me convidou para fazer dois episódios de Adam Wild. E a parceria se prolongou ate hoje, e já fizemos oito álbuns juntos.

Gianfranco Manfredi e Pedro

JORGINHO: Como foi a experiência de desenhar para a Glénat?

PEDRO MAURO: A experiência com a Glenat foi muito gratificante, recebi um convite pelo Face, de um roteirista, que se tornou um amigo, para desenhar uma historia de piratas. Fazia parte de um projeto de nove álbuns. Eu adoro o tema, e fazer esse álbum foi também uma realização. Viajei por várias cidades da França para divulgação e assinaturas.


JORGINHO: Você desenhou a antológica trilogia de faroeste com roteiros de Carlos Estefan, “Gatilho, Legado e Redenção,” depois, em comemoração aos seus cinquenta anos de trabalho, lançou a obra Cowboy. O que o mundo do faroeste representa para você?

PEDRO MAURO: Ficou claro na minha carreira que western é a minha “praia”. Eu iniciei minha carreira lá atrás, desenhando western. Chegando perto dos meus cinquenta anos de profissão, decidi que queria fazer um álbum de faroeste. Convidei o amigo roteirista Carlos Estefan para escrever uma história e ele topou na hora. Seu roteiro foi brilhante e Gatilho virou uma trilogia e um sucesso nas HQs. 

Cowboy foi uma comemoração aos meus cinquenta anos de carreira, onde reeditamos várias HQs dos anos setenta, de minha autoria.



JORGINHO: Como foi para você ter sido o primeiro brasileiro convidado para desenhar Tex? 

PEDRO MAURO: O convite pra desenhar Tex surgiu dois anos atrás, mas me pegou no meio de um projeto inadiável, com ManfrediO roteiro, como eu já disse, é do Mauro Boselli, uma história curta que sairá no Tex Color na Itália.


JORGINHO: Quais os artistas que desenharam o personagem você mais admira? Além de Tex, quais os outros projetos em que você está envolvido? 

PEDRO MAURO: FrisendaMilazzo, Villa, BigliaDottiCarnevalle,Ortiz, e por ai vai...um punhado de outros mestres. Eu Tenho dois outros projetos na mão, que em breve poderei divulgar. Para 2024 e 2025. Para 2023, somente algumas palestras e eventos.


JORGINHO: Dia 30/09 e dia 01/10 estará acontecendo a segunda edição de Uma Tarde Bonelli, que neste ano estará homenageando os 75 anos do Tex e fãs do Brasil inteiro já estão de passagem marcada para a capital gaúcha, poderia mandar uma mensagem para esse povo que estará se deslocando e também para os milhares de fãs que estão orgulhosos de ter você como primeiro desenhista brasileiro de Tex?

PEDRO MAUROO meu orgulho de ter sido o primeiro brasileiro a desenhar Tex é tão grande como o de vocês como fãs do Tex. Espero ter feito um bom trabalho e espero que outros possam vir para minhas mãos, vamos ver. Infelizmente não poderei estar ai no evento, mas quero desejar sucesso para todos vocês. Obrigado pela oportunidade da entrevista, e pela torcida. Um grande abraço!


"Desde menino eu lia quadrinhos e viajava nas aventuras do Tarzan, dos cowboys e todos os personagens da época, foi assim que veio aquela
vontade de um dia desenhar esses personagens..."
- Pedro Mauro

SERGIO GIARDO


JORGINHO: Como o Sergio Giardo se define?

SERGIO GIARDO: Eu sou um desenhista de quadrinhos, no ano que vem comemorarei trinta anos de profissão pela Sergio Bonelli Editore. Antes de eu ser um quadrinista, trabalhei no mundo da publicidade como ilustrador, depois como designer gráfico e finalmente como editor de arte. Ensinei quadrinhos na Escola Internacional de Quadrinhos de Torino. Escrevi um romance que agora está disponível gratuitamente em italiano e inglês pelo Wattpad: Roy Rocket. (*)

(*) Para conhecer Roy Rocket clique AQUI

JORGINHO: Como entraram em sua vida a arte e os quadrinhos?

SERGIO GIARDO: A arte e os quadrinhos entraram em minha vida quando era uma criança, aprendi a ler folheando os quadrinhos do Mickey Mouse e a parti dai nunca mais parei de ler quadrinhos ou desenhar. Desenhava com paixão histórias inventadas por mim, ou fazia adaptações para os quadrinhos das séries de TV que me agradavam. Aperfeiçoei minha paixão pelo desenho ao me formar na escola de Artes, seguido por especializações em artes gráficas e design.

JORGINHO: Quais são as suas maiores influências no desenho dos quadrinhos?

SERGIO GIARDO: Os artistas que mais me marcaram e que li e reli diversas vezes são John Romita sr., Jack Kirby, Milo Manara, Moebius, Magnus, Garcia Seijas e Juan Zanotto.

Sergio Giardo colocando feições de Burt Lancaster em Tex, num estudo em 2011

JORGINHO: Como foi o seu inicio de carreira na Bonelli? 

SERGIO GIARDO: Eu sempre fui um apaixonado pela ficção científica e o lançamento de Nathan Never pela Bonelli em 1991 me levou a enviar desenhos de teste do personagem para a editora. A partir dai se iniciou a minha aventura com a a Sergio Bonelli, e eu comecei desenhando Zona X, spin off de Martim Mystére.


JORGINHO: O que Tex significa para ti? Como é para você desenhar o personagem?

SERGIO GIARDO: Tex é o personagem mais importante e o mais popular, é o verdadeiro simbolo da Sergio Bonelli Editore. Lidar com um personagem tão icônico é sempre uma grande responsabilidade.  Eu desenhei as aventuras do personagem em sua versão jovem, onde talvez o peso do mito seja sentido um pouco menos, e o personagem seja um pouco mais alegre do que sua versão adulta. Ir da ficção científica de Nathan Never  ao faroeste de Tex Willer é um desafio, em que tentei me amadurecer ainda mais como autor, foi um trabalho muito exigente, mas que acabou me dando muita satisfação.

JORGINHO: Tex está completando 75 anos de vida, a que você acha que se deve esse fenômeno?

SERGIO GIARDO: Tex tem a habilidade única de manter sempre suas características fundamentais e ao mesmo tempo não entediar ninguém. Sua fórmula é a da aventura com "A" maiúsculo. e para isso  ele conta com uma equipe de autores que garantem sempre as suas histórias com uma qualidade acima da média

JORGINHO: Nós brasileiros somos apaixonados por Tex e pelo seu trabalho Sergio, tanto com o pard, como o feito com os outros títulos da Bonelli. Mas e você? o que conhece do Brasil, da nossa cultura?

SERGIO GIARDO: Infelizmente eu ainda não tive a sorte de visitar o seu país, mas o que sempre me impressionou na sua cultura e em todas as suas expressões é a capacidade de viver qualquer aspecto da vida com grande paixão e entusiasmo, com sentimentos fortes e profundos.

JORGINHO: Sergio, no que você está trabalhando atualmente e quais os seus projetos para o final de 2023, começo de 2024?

SERGIO GIARDO: Estou de volta ao trabalho com Nathan Never, terei duas publicações saindo em 2024 e uma saindo na estreia do Festival Lucca Comics (convenção anual de quadrinho e games que ocorre em Lucca/Itália) em novembro desse ano.


JORGINHO: Nos dias 30/09 e dia 01/10  na cidade de Porto Alegre/RS, estaremos comemorando os 75 anos de Tex no evento Uma Tarde Bonelli. Muitos fãs do Brasil todo estarão lá reunidos. Você poderia mandar uma mensagem para os leitores desta matéria e para esses fãs?

SERGIO GIARDO: Bem, eu não posso deixar de agradecer pelo apoio e pela paixão de vocês, o entusiasmo de vocês é tão forte que atravessa o oceano e aquece os corações de todos nós Bonellianos na Itália.

Viva Tex Willer e viva a todos os pards brasileiros!


Tex é o personagem mais importante e o mais popular, é o verdadeiro simbolo da
Sergio Bonelli Editore. Lidar com um personagem tão icônico
é sempre uma grande responsabilidade."
- Sergio Giardo

SANDRO SCASCITELLI


JORGINHO: Como o Sandro Scascitelli se define?

SANDRO SCASCITELLI: Nós ilustradores de histórias em quadrinhos podemos nos considerar artesãos, aliás, fazemos parte de um processo criativo que conta com a contribuição de vários outros profissionais com quem somos chamados para colaborar. O artista deve ser livre para expressar a sua criatividade, nós, por outro lado, devemos trabalhar obedecendo algumas regras do mercado, tentando, com nosso profissionalismo, proporcionar ao leitor o melhor produto possível.


JORGINHO: Quando a arte entrou em sua vida?

SANDRO SCASCITELLI: Eu sempre desenhei, desde o primeiro momento em que eu peguei num lápis eu já percebi que desenhar era algo em que eu era muito bom e cultivei isso por toda a minha vida.


JORGINHO: O que você costumava ler quando era criança?

SANDRO SCASCITELLI: Não havia quadrinhos em minha casa. Minha família tinha condições humildes e os poucos recursos econômicos eram dedicados ao mínimo necessário, então de quadrinhos nem se podia falar. À medida que eu fui crescendo, pude me dedicar a prestar atenção em algumas revistas,  mas sempre em segredo, pois os quadrinhos eram vistos pelos meus pais como uma forma de leitura que distraia de coisas mais importantes e necessárias.


JORGINHO:Quais as tuas maiores influências no desenho de quadrinhos? Como começou a tua carreira?

SANDRO SCASCITELLI: Eu vim para os quadrinhos depois que meu projeto de trabalhar com desenhos animados foi posto de lado. No inicio dos anos 1970 os desenhos animados da Itália não viviam um bom momento por lá, então eu procurei trabalho em um estúdio em Roma (Cartoonstudio), e comecei fazendo apenas o desenho a lápis nas páginas do Intrepid, Lanciostory, Skorpio, etc. Eu tenho sempre como referência grades mestres, de Sergio Toppi  a Dino Battaglia, para  Gianni de Luca, Jean Giraud, Alberto e Henrique Breccia, Hermann Huppen, ...alturas inalcançáveis desta nossa profissão.


JORGINHO: Fale para o leitor sobre Tex.

SANDRO SCASCITELLI: Vim desenhar Tex em 2011 depois de ter mais de trinta anos de desenho. Eu tinha voltado a minha atenção para as revistas de quadrinhos de autor (l'Eternauta, Comic Art, etc...). Com a crise no setor e o consequente cancelamento de muitos desses títulos, recorri à Sergio Bonelli Ediore pedindo uma oportunidade de desenhar Tex. Desde então, eu desenhei sete histórias de nosso ranger, em um total de 856 páginas e atualmente estou trabalhando em uma oitava história. Gosto muito do caráter de nosso herói e do período em que suas histórias são ambientadas,  o western.


JORGINHO: Quem está roteirizando esta nova história em que você está trabalhando? Com quais roteiristas tem trabalhado? Você está acompanhando alguma história em quadrinhos além das que desenha?

SANDRO SCASCITELLI: Estou trabalhando em uma história escrita por Jacopo Rauch. Eu comecei a trabalhar na editora com Pasquale Ruju (três histórias), as quais se seguiram histórias escritas por Jacopo Rauch e Antonio Zamberletti, todos excelentes profissionais. Como leitor eu tenho muito pouco tempo para me dedicar, mas gosto de reler as histórias ilustradas pelos grandes mestres, é sempre útil e agradável olhar para eles e suas obras primas.


JORGINHO: Como você enxerga o mercado de quadrinhos na Itália e no mundo? Qual seu próximo projeto?

SANDRO SCASCITELLI: Desenho quadrinhos  há mais de cinquenta anos e agora estou perto de encerrar essa minha aventura, e por isso meu olhar está mais voltado para o passado do que para o futuro. Gostaria de me dedicar, se eu tiver tempo, a alguns dos meus projetos que ficaram na gaveta.


JORGINHO: Nós brasileiros somos apaixonados por Tex e pelo seu trabalho junto ao personagem, e você Sandro, o que conhece de nosso país, de nossa cultura?

SANDRO SCASCITELLI: Infelizmente não muito, se tivesse oportunidade, eu gostaria de saber mais.


JORGINHO: Sandro, dia 30/09 e dia 01/10 estará acontecendo a segunda edição de Uma Tarde Bonelli, que neste ano estará homenageando os 75 anos do Tex e fãs do Brasil inteiro já estão de passagem marcada para a capital gaúcha, poderia mandar uma mensagem para esse povo que estará se deslocando e também para os milhares de fãs que estão orgulhosos de ter você como primeiro desenhista brasileiro de Tex?

SANDRO SCASCITELLI: O que eu posso dizer além de desejar-lhes uma boa leitura é vida longa aos nossos heróis!

Sinto-me honrado com tanta atenção de vocês, um grande abraço a todos vocês que estão  lendo e a todos  que estarão  festejando! 



"Eu sempre desenhei, desde o primeiro momento em que eu peguei num lápis
eu já percebi que desenhar era algo em que eu era muito bom e
cultivei isso por toda a minha vida."
- Sandro Scascitelli

LUCIO FILLIPPUCCI

JORGINHO: Como o Lucio Fillipucci se define?

LUCIO FILLIPPUCCI: Como posso me definir? Cartunista e ambientalista. Eu desenhei quadrinhos toda a minha vida, portanto, a primeira definição é óbvia, e ambientalista porque dedico parte do meu tempo para proteger o meio ambiente, além de ajudar minha esposa no  jardim botânico que ela criou, um jardim botânico que é aberto ao público. Então, em geral, eu, os cartunistas, podem se autodenominar artistas? Obviamente que sim, provavelmente os últimos representantes da grande arte figurativa e provavelmente os verdadeiros representantes da chamada arte moderna.

JORGINHO: Como a leitura e os quadrinhos entraram na sua vida? O que você costumava ler quando criança?

LUCIO FILLIPPUCCI: Quando criança eu lia muito. Fiquei fascinado pelo Mickey Mouse, e pelo mundo da Disney e colecionava tudo o que podia encontrar  de Branca de Neve em diante, tudo que era relacionado aos desenhos animados e o que eu encontrava em jornais e revistas. Depois, os quadrinhos italianos como Geppo, Soldino, Cucciolo e depois passei para o Corriere dei Piccoli, onde, ao lado de histórias  feitas para os leitores mais pequenos, apareciam os grandes autores de quadrinhos como Hugo Pratt com sua "A Balada do Mar Salgado" e a "Batalha com os 5 de Selene". Mas houve uma história em quadrinhos em particular que queimou meu cérebro e incutiu em mim a ideia de desenhar quadrinhos: DAN DARE, piloto do futuro desenhado estratosfericamente por Frank Bellamy e Frank Hampson, que apareceu no início  da década de 1960, no encarte de quadrinhos do jornal Il Giorno.

JORGINHO: Quais são suas maiores influências como artista de quadrinhos?

LUCIO FILLIPPUCCI: Fui influenciado estilisticamente, ou pelo menos tentei aprender com eles, olhando para os grandes autores clássicos como Alex Raymond e os grandes autores da escola francesa como Jean Giraud, e é claro pelo meu professor: Roberto Raviola, também conhecido como Magnus.

JORGINHO: Como funciona o teu processo criativo?

LUCIO FILLIPPUCCI: Meu método criativo é bastante simples: sigo por puro instinto. Eu esboço a prancha de uma forma bem sintética e depois finalizo com o lápis antes de pintar, sempre tentando respeitar o meu estilo. Um pequeno empenho que tive que adotar quando mudei de Martin Mystère para Tex  foi de não trabalhar em linhas claras, pois nesse caso um traço muito limpo não era adequado para o faroeste, então eu sujei as placas, quebrei  as linhas, enfim, tornei meu estilo habitual mais empoeirado. Até certo ponto, porém, porque a primeira qualidade a preservar em um artista é a sua própria capacidade de reconhecimento, a sua identidade.

JORGINHO: Quando Tex entrou em sua vida?

LUCIO FILLIPPUCCI: Tex chegou em idade madura, quando eu já tinha cerca de trinta anos de experiência entre quadrinhos, publicidade e ilustrações e devo dizer que não foi uma coisa fácil. O faroeste, se você quiser fazer bem, é uma fera feia. Cintos, pistolas, rifles, cavalos, selas, chapéus com linhas aparentemente incontroláveis, enfim, muitos detalhes e acima de tudo cenas sempre definidas. No geral, uma boa mudança que acompanha minha vida desde 2006.

JORGINHO: Qual dos seus trabalhos com Tex te deixou mais orgulhoso?

LUCIO FILLIPPUCCI: O Tex que mais me satisfez foi sem dúvida o primeiro que eu desenhei: “Seminoles”, com um estilo ainda incerto, mas com uma história escrita por uma pessoa extraordinária: Gino D'Antonio, autor da série História do Oeste. Mas também os dois episódios de  "Os voluntários de Hermann", escrita por Claudio Nizzi, é uma história que me orgulha muito.

JORGINHO: Quais outros artistas do Tex você admira?

LUCIO FILLIPPUCCI: Admiro Claudio Villa e Ticci em particular, mas em geral todos os desenhistas de  Tex são profissionais da mais alta qualidade. Você não chega ao Tex por acaso. Para você receber roteiros de 220 páginas para desenhar nos níveis mais altos, e se não tiver uma boa base e digamos dois bons ombros, você não consegue. Todo desenhista traz sua interpretação do personagem e isso é um valor agregado. Todo mundo está muito bem e disso tenho certeza, em cada quadro e em cada prancha ele oferece o que há de melhor em si.

JORGINHO: Quais são seus planos para o futuro?

LUCIO FILLIPPUCCI: Agora, depois de mais de 15 anos no Tex, mantendo também uma colaboração com Martin Mystère, sinto a necessidade de percorrer novos caminhos que me permitam uma liberdade de expressão diferente. Depois de tantos anos de trabalho (estou fazendo 50), para mim agora é prioritário experimentar coisas novas para redescobrir estímulos adormecidos. A rotina, na verdade, não é amiga da expressão artística, pelo menos não no meu caso, e portanto não agora. Estou projetando algumas produções mais pessoais. Claro que não vou interromper o relacionamento com a editora Sergio Bonelli, só que por enquanto preciso ficar um pouco solto. Em particular, estou trabalhando em um projeto de um livro de capa dura a ser apresentado a editores italianos e estrangeiros nos próximos meses, sobre a história de Claudio Chiaverotti e uma outra baseada em roteiro do grande Magnus, o último dele concebido e ainda não realizado: O Homem da Espingarda, a história de um famoso fora-da-lei italiano de meados do século XIX. Projetos que pretendo realizar a cores. Finalmente, depois de tanto preto e branco.

Ao mesmo tempo estou trabalhando numa longa história do Docteur Mystere (do qual o primeiro capítulo foi publicado por ocasião da feira Riminicomics) e em uma produção de pinturas sobre índios americanos. Eu também tenho alguns projetos em segredo, muito pessoais, aos quais me dedicarei se sobreviver aos mencionados acima.

JORGINHO: Deixe sua mensagem para o leitor brasileiro que admira e ama muito o seu trabalho.

LUCIO FILLIPPUCCI: Aos amigos brasileiros que me conhecem, que acompanham o meu trabalho, principalmente pela minha produção de TEX, eu falo para ter um pouco de paciência, porque eu não consigo fazer os dois trabalhos ao mesmo tempo, e depois deste galope em liberdade, vou querer encontrá-los novamente, um pouco além da colina ou logo além do horizonte. Também espero entrar em contato com vocês mais cedo ou mais tarde, quando pousar na terra do Brasil que é fantástica!


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"...sinto a necessidade de percorrer novos caminhos que me permitam uma liberdade de expressão diferente. Depois de tantos anos de trabalho (estou fazendo 50), para mim agora é prioritário experimentar coisas novas para redescobrir
estímulos adormecidos. 
A rotina, na verdade, não é amiga da
expressão artística, pelo menos não no meu caso..."
- LUCIO FILLIPUCCI


MAURO BOSELLI

JORGINHO: Como Mauro Boselli se define? 

MAURO BOSELLI: Como a entrevista é sobre minha carreira nos quadrinhos, eu diria que me defino como um contador de histórias. Eu, quando era criança, já contava sagas muito longas e intermináveis ​​para meus amigos da infância nos dias de férias que eram chatos. Eu tinha listas prontas dos meus personagens, de gênero western, espionagem, ficção científica, com várias aventuras e seus títulos já preparados, e dava aos ouvintes a escolha da história, e então improvisava livremente sobre o tema escolhido. O difícil foi não perder o fio da história quando eles me pediam para continuar no dia seguinte! Anos depois, quando levei minha filha pequena para a escola, também criei para ela longas narrativas das quais ela foi, acima de tudo, protagonista do gênero fantasia, que ainda é lembrado!

Em suma, eu teria contado histórias mesmo que, por sorte, nunca tivesse tido a oportunidade de escrevê-las... Quanto à minha atitude perante a vida e a profissão, eu faço do meu lema o que vi escrito na parede de uma escola primária perto da minha casa, e é dedicado para Martin Luther King: “O que quer que você se torne, seja ao máximo!”

O que é claro, não significa tornar-se o melhor sempre, isso seria um absurdo, mas sempre se esforce para fazer as coisas da melhor maneira possível, seja o que for que você escolha fazer, conforme ensinado no recente filme de Wim Wenders, “Perfect Days”. Com comprometimento diário, mesmo que no começo pareça difícil, depois fica fácil. Isso se aplica não apenas ao trabalho, mas também ao estudo e também às suas paixões pessoais. Não me tornei o melhor esquiador, escalador ou baterista de rock (eu diria que não), mas sempre tentei fazer o melhor que pude em cada um desses campos.

JORGINHO: Como a leitura e os quadrinhos entraram em sua vida? O que você costumava ler quando era criança?

MAURO BOSELLI: Aprendi a ler com os quadrinhos do Mickey Mouse. Meu primo costumava lê-los para mim em voz alta, enquanto eu acompanhava não só os desenhos, mas também os balões com palavras. Ele fez isso três ou quatro vezes. No verão eu fiz cinco anos e continuei lendo sozinho. Depois do Mickey Mouse, chegou Tex, cujas "stricias" dos anos cinquenta meu pai comprou, e depois outros quadrinhos e outros livros, especialmente livros de aventura, como os de Emilio Salgari e Júlio Verne.

JORGINHO: Quais são suas maiores influências como escritor?

MAURO BOSELLI: Eu te contei sobre os quadrinhos que li quando era pequeno. Tex de Bonelli e o Mickey Mouse dos mestres italianos da Disney, como Romano Scarpa, cujas histórias eram complexas e muito elaboradas, utilizável em muitos níveis narrativos, como os de Carl Barks. Eu não sabia o seus nomes na época, na verdade ninguém os conhecia, mas eu já conseguia distinguir seus diferentes estilos de narrativa e de desenho. Outros quadrinhos da minha infância foram Fantasma, Mandrake, Flash Gordon, Tarzan de Russ Manning, Michel Vaillant, Asterix, Tintin, Blueberry's Charlier e especialmente Blake e Mortimer por Jacobs. Então, quando adolescente, eu apreciei História do Oeste de Gino D'Antonio e mais tarde fiquei impressionado com Ken Parker, de Berardie e com Terry e os Piratas de Caniff. Essas são minhas influências nos quadrinhos. Mas então havia os livros. Como leitor voraz, aos treze anos já havia lido Emilio Salgari inteiro, em massa, Charles Dickens, Dostoiévski, Poe, Wodehouse, Raymond Chandler, Sherlock  Holmes, Orlando Furioso, de Ariosto, que continua sendo meu livro favorito absoluto (tenho uma paixão por poemas épicos e literatura de cavalaria), etc... bem como toneladas de ficção científica, de Wells, Wyndham, Asimov, Leinster, Heinlein, Sheckley, entre outros.

JORGINHO: Como funciona o teu processo criativo?

MAURO BOSELLI: Ter lido muito (não só ficção) ajudou e ainda ajuda a encontrar ideias. Certamente não estou falando de copiar, mas de encontrar a inspiração certa em um episódio histórico, em um livro de viagens ou em uma viagem pessoal, como a jornada no Alasca que fiz forneceu a inspiração para “In the Northwest Territories”, escrito com a arte de Alfonso Font. Mas quase nunca  tenho que parar para pensar muito, eu tenho muitas ideias para histórias dentro da minha cabeça, e nem sempre consigo escrever sobre tudo isso. Se no início demoro muito para refletir sobre o caminho a seguir em cada centro narrativo (minhas histórias são complexas e entrelaçadas), logo sai, deixo que a imaginação flua e que os personagens decidam por si mesmos em que direção ir. Talvez as histórias venham do "Oceano de Histórias"sobre o qual Salman Rushdie escreve, ou dos sonhos e do inconsciente coletivo, como é para Borges, ou dos mundos paralelos onde nossos personagens vivem (truque, é isso que eu literalmente uso para criar eventos incríveis para o meu personagem Dampyr).

JORGINHO: Fale um pouco mais sobre a entrada de Tex em sua vida.

MAURO BOSELLI:  Contei sobre as edições que meu pai comprou e nos quais estava escrito em inglês: TEXT BY  G.L.BONELLI. No ensino fundamental, na turma ao lado da minha, tinha uma criança que se chamava Giorgio Bonelli e que à tarde estudava comigo em um curso de francês. "Que combinação", pensei.  Aí, quando vi o pai dele chegar para buscá-lo, usando um chapéu grande de cowboy na cabeça, percebi que estava olhando para o próprio G. L. Bonelli! No ensino médio e depois no ensino médio clássico, Giorgio e eu nos tornamos amigos e ainda somos. A ligação com G. L.Bonelli tornou-se quase diária a partir dos treze anos. Entrei na barca dele, o “Tex Willer”,  e à certa altura ele até me fez atirar com seu Colt, embora nesse caso eu provei não ser um bom aluno. Quando perdi meu pai aos 24 anos, ele era muito próximo de mim e, por algum tempo, me levou consigo como assistente e secretário em seu estúdio, para manter em ordem seu arquivo western e talvez propor alguns assuntos para ele. Ele realmente não tinha nenhuma necessidade, mas eu, observando-o trabalhar, aprendi, como por "osmose", as técnicas de roteiro.

JORGINHO: Na sua opinião, o que Tex, Gian Luigi Bonelli e Aurelio Galeppini representam para Itália e para os quadrinhos do mundo?

MAURO BOSELLI: Um fenômeno irrepetível. É sempre um caso excepcional quando dois mestres como eles se encontram artisticamente, e o fermento pós guerra favoreceu a criatividade dos dois, ainda que o grande sucesso comercial de Tex tenha vindo mais tarde, no início dos anos sessenta, graças também à política editorial de Sergio Bonelli, que criou o formato certo, hoje chamado de "Bonellian", que deu vida às grande histórias de sua maturidade.

JORGINHO: Que histórias você escreveu sobre Tex, das quais você olha, se orgulha e pensa:"eu fiz um bom trabalho?"

MAURO BOSELLI: Eu sempre tento dar o meu melhor, como disse, procurando escrever o que você gostaria ler de mim. Eu nunca me repito, o que não é fácil, considerando que sou  um escritor do Tex e mais de 110 mil páginas já foram produzidas, sendo pelo menos um quarto delas escritas por mim. Então, mesmo que em algumas ocasiões a história não tenha saído como eu queria, sei que estou comprometido sempre cem por cento, e em noventa por cento dos casos me sinto satisfeito. Escolher entre minhas histórias não é uma coisa fácil. Claramente estou ligado ao “Passado de Carson”, o episódio que me lançou, e aos demais de alcance épico criados para o inesquecível Marcello, como “Os Invencíveis” e “A Grande Invasão”. Depois, para o meu primeiro Texone “Os Assassinos”, lindamente desenhado por Alfonso Font, o artista catalão para quem escrevi o roteiro e outras histórias que considero de sucesso, incluindo a romântica história de fantasmas “Colorado Belle", "Em Território Selvagem” sobre o passado de Jim Brandon e o intrincado mistério sobre a morte de Wild Bill Hickock, “A mão do homem morto”. Minha homenagem às atmosferas de John Ford, “Na pista de Fort Apache”, desenhado por José Ortiz, que me rendeu o único tapinha nas costas que ganhei de Sergio Bonelli, notoriamente mesquinho com elogios. Adoro histórias complexas, mesmo que sejam difíceis de fazer, mas quando funcionam, tenho orgulho delas, como “Manhattan”, a história em quatro partes, "Nova York", que fiz  para o Maurizio Dotti, ou “Os sabotadores”, para Leomacs. Atualmente, eu coloquei no pódio de maior sucesso a dramática "Lua Encarnada”, com arte de Corrado Mastantuono. E aí a juventude de Tex na nova série Tex Willer também deu nova vida para mim mesmo, por isso escolho, dessa série, “Pinkerton Lady”, com arte de Roberto De Angelis e “Na Terra dos Seminoles”, com arte de Michele Rubini. Das outras séries, tenho um fraquinho pela história da família do Tex, em “O Nascimento de um herói", desenhado por Del Vecchio, para o livro de capa dura colorido “Pearl Hearth - Rápida e Mortal”, com arte de Laura Zuccheri, e para o curta “Herói por acaso”, com arte de Stefano Andreucci, que apareceu num antigo Almanaque do Oeste. As pessoas costumam me falar que o Texone “Patagonia”, com arte de Pasquale Frisenda, também não é ruim. Mas aqui eu paro ou acabo listando todos ou quase todos! Na verdade, como bom pai, também tenho uma fraqueza por quem não é perfeito, visto que os desenhos dos meus incomparáveis ​​​​colaboradores muitas vezes os tornam melhores e mais agradáveis para mim, até os roteiros que estão um pouco "mancos" (e espero que também para os leitores).



JORGINHO:  Quais escritores do Tex você segue e mais admira?

MAURO BOSELLI:  Gianluigi Bonelli, claro! Se não fosse por ele, você e eu não estaríamos aqui! Li e reli “Nas encostas do Norte”, “Diablero”, “A armadilha”, “A cela da morte”, “Negro Barão” e muitos outros. Quando li Tex originalmente, ele era o único escritor. O outros são meus “contemporâneos” e não posso trazer preferências aqui, assim como não posso fazê-las para outros desenhistas. Mas em Tex, os roteiristas que produziram muito estão nos dedos de uma só mão: Guido Nolitta, vulgo Sergio Bonelli, meu grande amigo e editor; Claudio Nizzi, ao qual eu liguei para ele escrever, embora ele tenha saído novamente; e Pasquale Ruju, meu braço direito insubstituível. Berardi escreveu apenas uma história, "Oklahoma", mas uma história memorável e uma grande inspiração para mim. Tenho grandes esperanças nos novos: meu assistente Giusfredi, que deu boas evidências; Rauch, já experiente em Zagor; e o estreante Barbieri.

JORGINHO: Quais são os seus planos para o futuro?

MAURO BOSELLI: Descansar! Bem, isso não é inteiramente verdade... Talvez eu me aposente como curador e editor, porque é muito cansativo ler, corrigir e mandar para a banca mais de seis mil páginas novas todos os anos, mas tentarei escrever mais histórias, como as que estou preparando atualmente para Dotti, Andreucci, Rubini, Atzori, Ghion, Masala, Mastantuono, Gomez, os Cestaros, Brindisi, De Angelis, Torricelli, Benevento, Venturi e Ticci!

JORGINHO: Deixe sua mensagem para o leitor brasileiro que tanto te admira e ama o seu trabalho.

MAURO BOSELLI: Itália e Brasil estão ligados pela paixão por Tex, personagem em teoria anglo-saxão, mas que na verdade tem alma latina! Amigos brasileiros, espero que continuem aproveitando suas aventuras por muitos anos!


Mauro Boselli Instagram AQUI

"Em suma, eu teria contado histórias mesmo que, por sorte, nunca tivesse tido a oportunidade de escrevê-las... Quanto à minha atitude perante avida
e  eu faço d
o meu lema o que vi escrito na parede de uma escola primária perto da minha casa, e é dedicado para Martin Luther King:
“O que quer que você se torne, seja ao máximo!”
- Mauro Boselli

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LEMBRANDO QUE HOJE TEM LIVE COMEMORATIVA:

Serão realizados três sorteios durante a Live. Três exemplares especiais do Mundo de Tex: 

* O Especial 100 de Galep, com sua história, personagens, e que apresenta a aventura A Cidade da Cobiça

* Tex Willer nº. 1, o especial que deu origem à série, apresentando a aventura Vivo ou Morto.

* álbum em capa dura O Sinal de Yama, que é um brinde muito especial, de verdade, com Civitelli desenhando o roteiro de Boselli.


LINK PARA A LIVE DE HOJE ÀS 20h: AQUI

Jorginho

Jorginho é Pedagogo, Filósofo, graduando em Artes, com pós graduação em Artes na Educação Infantil, ilustrador com trabalhos publicados no Brasil e exterior, é agitador cultural, um dos membros fundadores do ColetiveArts, editor do site Coletive em Movimento, produtor do podcast Coletive Som - A voz da arte, já foi curador de exposições físicas e virtuais, organizou eventos geeks/nerds, é apaixonado por quadrinhos, literatura, rock n' rol e cinema. É ativista pela Doação de Órgãos e luta contra a Alienação Parental.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

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