ARTE E CULTURA

  Verlaine Terres e sua Panela de Feijão


Quem é Verlaine Terres? Verlaine é uma escritora fantástica da qual eu tive o privilégio de ilustrar o seu mais recente livro Panela de Feijão, porém Verlaine é muito mais. 

Verlaine Terres nasceu em Porto Alegre no ano de 1960. Teve uma infância o que hoje poderíamos dizer de pobre, mas nunca sentiu falta de nada, pois foi uma infância extremamente feliz. Desta época nasceu a inspiração do texto poético: Para onde foi Papai Noel? que está no seu sexto livro: Cindy, a mais bela Ensaio Teatral e Outras Histórias. Passou sua infância no bairro da Glória em Porto Alegre e sua juventude entre os bairros Cidade Baixa e Petrópolis. Parte da adolescência na rua Joaquim Nabuco e o restante na av. Lucas de Oliveira, em ambos os lugares teve experiências muito felizes, adquirindo grandes amigos. Para sua primeira grande missão, estudou na Escola Nossa Senhora da Glória (escola Normal) preparando-se para o seu grande sonho desde a infância, de ser professora. A escola antes, só para meninas, estava em seus primeiros anos de escola mista. Realizou seu estágio na Escola Monsenhor Leopoldo Neis, que ficava atrás do Hospital Divina Providência. Porém, antes do estágio, trabalhou na Platchek Eletrônicos como montadora de interfones. Na ocasião, uma experiência pioneira com mulheres nesta função, ela e mais uma amiga foram as primeiras.


Participou de tudo que os jovens daquela época gostavam: reuniões dançantes, festas, bailes.  Nos clubes, mesmo acompanhada de seus tios era sempre barrada na entrada, por não aparentar a idade que tinha.

Gostava de futebol e fazia torcida para o time do seu irmão, ia aos jogos grenais tanto no Olímpico como no Beira-Rio.

Participava também dos ensaios de escolas de samba, na época, as tradicionais Bambas da orgia, Acadêmicos da orgia e a sua favorita Imperadores do samba

Em 1978 a família adquiriu casa em Gravataí, no então bairro Morada do Vale1, na época divulgada pelos eternos Trapalhões, com a música de fundo Casinha Branca. Não conhecia ninguém e foi difícil a adaptação.  Era um bairro em crescimento, as casas todas iguais,  as pessoas perdiam-se repetidas vezes quando retornavam do trabalho. Amadureceu enquanto o bairro crescia. Iniciou sua vida profissional pela indicação do vereador Manuel, que a apresentou ao Prefeito Ely Francisco Correa, governante da época. Ainda não havia concurso para o Magistério em Gravataí. Iniciaram praticamente juntas, ela e a EMEF João Goulart, claro que lá já se encontravam a diretora Eleni Dullius, a professora Rosane e a funcionária Erodite. Iniciou como alfabetizadora, o que fazia com muito amor. Ficava orgulhosa, quando ao final do ano a supervisora realizava a prova de leitura e via aquelas crianças pequenas lendo corretamente os textos apresentados. Passou pelas escolas João Paulo II, Mário Quintana e EEMorada do Vale, atual CIEP. Em Gravataí, além de professora, trabalhou como secretária, supervisora, bibliotecária e vice diretora. Em 1989 foi chamada para trabalhar em Porto Alegre, assumindo na EMEF Lauro Rodrigues, ficando por poucos meses devido à distância. Transferiu-se para a EMEF Décio Martins Costa trabalhando até sua aposentadoria. Ali, além de grandes amizades, adquiriu muitas experiências como profissional. Foi lá que surgiu, novamente, a vontade de escrever.

O livro Faz de Conta que é Poesia foi uma homenagem àquele grupo que sempre a acolheu com muito amor. 

Verlaine, como ela diz: amou e foi amada, resultando em quatro lindos filhos: Anne Caroline, Carine, Lucas e Patrick Ricardo, todos adultos e seguindo suas vidas com responsabilidade. Tem sete netas que são a realização de sua jornada, cada uma com sua individualidade, mas especial ao seu coração: Per, Júlia, Maria Eduarda, Sarah, Dandara, Giovana e Martina. Especializou-se em Letras e Literatura, sendo pós-graduada na mesma área. 

Em 2010, entra para o Clube Literário de Gravataí, recebida carinhosamente por Maria Izabel Moreira e Borges Neto. A partir daí participou ativamente, afastando-se em 2018 por motivos pessoais. No Clube Literário de Gravataí apresentou o projeto: Várias Histórias dentro de Uma História, junto com a poetisa Isab-El Cristina Soares, onde a cada sarau contavam a história de um escritor do Clube. Também pelo Clube participou do projeto Lendas Brasileiras da Secretaria de Educação de Gravataí, patrocinada pela empresa Dana. Realizou encontros e oficinas em escolas, divulgando e inspirando adultos e crianças. Ao mudar-se para a praia continuou participando mesmo não sendo continuamente.

Em 2011, mesmo ano e mês em que seu pai voltou para a espiritualidade, foi convidada, pelo presidente Sr. Flávio Stefani a fazer parte da UBT (União Brasileira de Trovadores) como delegada da UBT Gravataí. Recomendação do falecido Trovador e jornalista Milton Souza. 

Atualmente, é integrante da equipe da diretoria do Clube Literário de Gravataí e atua como divulgadora da trova literária, além de realizar palestras voltadas para o espiritismo em centros espíritas da região metropolitana.



JORGINHO: Como você se define?

VERLAINE TERRES: Sou tímida algumas vezes, mas também gosto de falar quando o assunto me atrai. Prezo as amizades sinceras e o respeito entre as pessoas. Escrevo simplesmente pelo prazer de escrever, gosto da simplicidade da minha escrita e do sentimento que emano ao criar.


JORGINHO: Como a literatura entrou na sua vida? 

VERLAINE TERRES: A literatura faz parte da minha vida desde a infância, quando, aos domingos, minha mãe nos colocava sentadas em banquinhos, eu e minha irmã, para ouvirmos as histórias infantis contadas no rádio. Minha imaginação viajava junto as narrativas de princesas, reis, sapos, gato, etc. Já alfabetizada minha imaginação ia longe com os livros que me eram apresentados. Na adolescência conheci a poesia, pelos versos de JG de Araújo Jorge, o qual reencontrei na UBT, através das trovas. Minha mãe gostava de ler e ouvir poesias no rádio, descobri nesta época, que meu nome veio do poeta francês Paul Verlaine e fiquei muito lisonjeada em saber disso. Já gostava do meu nome, passei a amá-lo ainda mais. Como alfabetizadora criava os textos trabalhados em aula a partir das histórias contadas pelas crianças, acho que por isso muitas se alfabetizavam rapidamente. Durante meu trajeto profissional surgiu meu primeiro livro: A Gotinha, que foi editado muitos anos depois. Na Biblioteca do Décio foi onde mais tive contato com escritores, pois realizávamos Feiras do Livro de uma a duas semanas com atividades variadas. Foi então, que resolvi arriscar e avançar neste novo sonho.


JORGINHO: Quais suas maiores influências?

VERLAINE TERRES: Fora os que já citei anteriormente, sem dúvida minha maior influência foi minha mãe Maria de Lourdes, sem o incentivo dela nada disto existiria. Claro que também um pouco de cada autor lido nesta minha jornada literária. 

JORGINHO: Fale sobre suas obras publicadas 

VERLAINE TERRES: 2010 - Faz de Conta que é Poesia é um livro com a maioria das poesias criadas na minha adolescência, pois era uma época de ingenuidade e pureza. Neste livro, além de uma homenagem aos artistas, resumo minha vida através da poesia e falo muito no sentimento de amor. 

2011- O Aniversário foi criado em uma tarde em que a neta exigia mais histórias e eu já havia lido todos os livros infantis que ela possuía. É um livro que recorda a minha infância, pois adorava rabiscar nos livros. Ficaram espaços para a criança criar conforme a sua imaginação, podendo pintar à vontade. Ilustrações de George Pinto 

2012- Um dia de liberdade é uma história baseada em fatos reais onde a imaginação da autora e dos ilustradores: Jerry Costa e Taís Teixeira, combinaram muito bem. A história fala de um cãozinho que foge de casa num momento de descuido das donas. 

2013- A Gotinha foi, na verdade, seu primeiro livro criado para motivar os alunos no aprendizado do ciclo da água, mas somente anos depois ele foi editado. Por este motivo existe um grande carinho por ele. Uma gotinha que vem à terra num dia de chuva. Ilustradora: Cleide Aragón 

2014- A História de Anahí, a inspiração para escrever esta história veio de uma conversa ao telefone. Queria motivar as crianças a quererem conhecer a história do nosso país, iniciando pelos indígenas. A história seria em prosa, mas na hora da revisão veio toda em versos. Ilustradora: Denize Domingos 

2015- Um olhar que me sorri é o segundo livro de poesias. O título tem a poesia de mesmo nome que foi inspirada num menino vendendo próximo a um semáforo, aproveitando o sinal fechado. Há um poema que gostei muito de fazer, pois baseou-se na história contada por outra poetisa, Isab-El Cristina Soares, é o poema Teu Sorriso. 

2016- Cindy, a mais bela Ensaio Teatral e Outras Histórias, este livro surgiu da preparação para receber uma escritora na escola em que trabalhava. Baseada na história de Cinderela, passamos para uma história de estudantes. Algumas histórias curtas e interessantes foram adicionadas ao livro.  Editado pelo Clube Literário de Gravataí.





JORGINHO: Fale sobre A Panela de Feijão, livro que estará lançando agora na Feira do Livro de Gravataí

VERLAINE TERRES: A Panela de Feijão surgiu de uma conversa entre amigas, numa tarde de verão na praia. Estávamos relembrando nossas histórias de infância, quando uma delas relembrou esta história, surgindo daí a ideia de unir as várias histórias em uma só. Trazendo para nossos dias atuais onde as crianças já não tem tanto medo como antigamente, pois são muito mais espertas e inteligentes. Mesmo assim, o perigo está em todo o lugar e é sempre bom educar de forma lúdica. A intenção sempre foi a de relembrar as histórias que nossas avós contavam e nos divertir com isso. Nina é uma menina serelepe, que vive preocupando seus pais com suas travessuras. Porém um dia, sua avó lhe conta uma história que faz com que Nina reflita e passe a ouvir mais seus pais. É uma história leve, linda e contagiante, pois as crianças vão ouvir as histórias de seus pais e avós e os adultos irão relembrar seus dias de infância, através desta história.  As ilustrações dão um colorido especial à história. A parceria, a amizade e a confiança entre mim e o ilustrador foram instantâneas. Aconselho a não deixarem de ler A Panela de Feijão. Ilustrador Jorginho


JORGINHO: Quais os seus próximos projetos?

VERLAINE TERRES: Já tenho mais um livro infantil quase pronto, precisa de revisão e depois editar, mas sem pressa. Quem sabe próximo ano? Pretendo me dedicar mais a poesia, pois deixei-a, um pouco, de lado. Voltar com os encontros e oficinas nas escolas ou onde quiserem as histórias. Continuar a minha dedicação ao Clube Literário de Gravataí, pois temos grandes projetos para alavancar cada vez mais a literatura. Tenho que continuar a me dedicar aos meus estudos espíritas, os quais ocupam um bom espaço de tempo. E por fim, estar aberta a todas as inspirações que o Universo me trouxer.


JORGINHO: Deixe seu recado para o leitor do Arte e Cultura.

VERLAINE TERRES: Aqueles que gostam de ler, leiam muito, aqueles que gostam de escrever, escrevam suas ideias e pensamentos.

Para os que gostam de desenhar, desenhem sem parar, aos que gostam de rabiscar, rabisquem, mesmo que rasgue o papel.

Quem não gosta de nada disso, pinte, cante, dance e encante, o mundo espera a sua colaboração, neste paisagismo de invenções, seja o autor da sua própria obra, pois viver é ter Histórias para contar!




Lançamento do livro A Panela de Feijão de Verlaine Terres com ilustrações de Jorginho:

Feira do Livro de Gravataí/RS, dia 17/10 às 10h no Auditório da Casa de Cultura de Gravataí/RS

"A literatura faz parte da minha vida desde a infância, quando, aos domingos, minha mãe nos colocava sentadas em banquinhos, eu e minha irmã, para ouvirmos as histórias infantis contadas no rádio. Minha imaginação viajava junto as narrativas de princesas, reis, sapos, gato, etc.,,"
- Verlaine Terres

Jorginho

Jorginho é Pedagogo, Filósofo, graduando em Artes, com pós graduação em Artes na Educação Infantil, ilustrador com trabalhos publicados no Brasil e exterior, é agitador cultural, um dos membros fundadores do ColetiveArts, editor do site Coletive em Movimento, produtor do podcast Coletive Som - A voz da arte, já foi curador de exposições físicas e virtuais, organizou eventos geeks/nerds, é apaixonado por quadrinhos, literatura, rock n' rol e cinema. É ativista pela Doação de Órgãos e luta contra a Alienação Parental.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

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