CINEÓIDE

 

O Poço
El Hoyo
2019
Galder Gaztelu-Urrutia
94 min



O Poço é um filme de gênero que vem arrebatando as atenções nas últimas tempos. Talvez
pelo momento em que vivemos, presos em casa durante a quarentena do corona vírus. Talvez pela discussão sobre comprar tudo que pode para o isolamento e não deixar nada para os outros. Talvez a questão social seja uma alegoria que permeia a mente de quem vê essa peça. Não sei.

É uma salada de ideias muito grande e muito complexa. Apesar da trama ser bastante simples. Quem está embaixo come os restos de quem está no andar de cima por um mês. Depois, muda aleatoriamente o andar da pessoa e do seu companheiro de cela. Mudando assim, a oferta de alimento.

O que chama atenção é como o filme te traz muitas questões sem ser maçante. Não perdemos o interesse nos personagens e nas suas relações apesar da ânsia por respostas.
Creio que o espectador se vê preso como os personagens, assim, aparece o conformismo.
No momento que começa a aparecer as respostas, elas são alegorias da narrativa. Não tem
uma explicação realista sobre o que acontece. É uma discussão sobre como somos egoístas
dentro de uma sociedade. As mudanças não são espontâneas. Essa frase é bastante dita ao
longo de todo o filme. Sabemos que o estado, o sistema, tenta nos guiar. As leis, a polícia, tudo tenta manter os humanos longe dos seus instintos primais. Até a própria religião, aqui
representada pelo cristianismo.

Tudo testa as pessoas naquela condição de desigualdade extrema. Ao passo que ideias mais
claras são impostas pela narrativa do meio para o final e justamente no final, temos um pingo de otimismo, de pureza. Recebemos explicações práticas para logo em seguida, sermos jogados em um final aberto. E fim.

As respostas, trazem lucidez ao protagonista. Ele por si só é o elo entre a mensagem do filme, ou melhor, o mensageiro. Sim, aquele mensageiro, barbudo e ensanguentado que passou por uma longa provação e teve que sacrificar no final. Sim, o de sempre.

NOTA: 8… muito bem produzido, mas esperava algo novo como discurso. É, é bom.



André  Moraes é Cineasta, Escritor e criador do Wasd Space, também é responsável pela coluna O Simióide, toda a segunda aqui no ColetiveArts .A Wasd Space está com uma linha de camisetas com ilustrações autorais muito show, entrem em contato com ele.



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