Poderia começar falando muita coisa sobre o Coletive, mas a principal característica sempre foi a diversidade, a pluralidade. Um ponto amplamente registrado nesta exposição que une texto e imagem, como não poderia deixar de ser, é justamente este.
O Coletive sempre acolheu o diferente e com isso enriqueceu o acervo que agora pode expor nesta importante galeria virtual. Em tempos de intolerância, bestas humanas pedindo por regimes autoritários, um presidente que representa o que há de pior no ser humano, como uma caricatura bizarra do sistema monstro, eis que a arte surge de novo como uma afronta ao estabelecido e empurrado goela abaixo. A arte ressurge como resistência a padronização, ao tudo igual.
Arte covarde, aquela que fica em cima do muro, não é arte! É um simulacro!
Somos diferentes e o ponto que temos em comum são estas diferenças. Rejeitamos seus uniformes com toda energia que temos. Temos de preservar isso, esse fator humano chamado diversidade. Diversidade é a palavra que ainda pretendo escrever mil vezes por este texto.
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Além de ser um mural da produção artística de nossos tempos, um espaço para expressar o que se sente, apresentação de uma mostra do trabalho desenvolvido ao longo destes três anos... Percursos Traçados é um espaço de resistência e a arte é resistência, é tirar da zona de conforto, é produção cultural sem amarras, correntes... E política? Arte tem conexão com a política? É claro que sim. Não tem conexão com a podre política partidária, mas tem com a política que exercitamos no cotidiano e que ninguém consegue fugir. A verdadeira política está presente até quando a pessoa tenta escapar se dizendo apolítico. Fazer um registro da diversidade, por exemplo, é um ato de resistência, de rebeldia e subversão. O artista é um subversivo por natureza.
Não fazemos decoração, fazemos arte!
Mas se a diversidade aceita tudo, não deveríamos aceitar o preconceito e outras formas de opinião? Não, a diversidade não aceita tudo e preconceito não é opinião. Preconceito é uma postura antidiversidade. Quem é a favor da liberdade não pode aceitar os que querem acabar com a liberdade. Quem ama a liberdade luta com todas as forças contra os que visam atacar a pluralidade. E isso nossa produção faz muito bem.
Mas arte não é para trazer momentos de lazer e bem estar? Isso é entretenimento. Arte é outra coisa. Arte é reflexão e ação. Arte é o que se encontra nesta exposição.
Fabio da Silva Barbosa é escritor, editor do Fanzine Reboco Caído e escreve a coluna Malditos Teclados Bailarinos e é um dos membros mais antigos do ColetiveArts.
FABIO DA SILVA BARBOSA |
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