CONTRAPONTO

 

Só para elas: O melhor


Já reparou que a maioria de nós, mulheres, fomos criadas para sermos abnegadas frente a tudo? Ainda lembro da minha avó me ensinando a montar a mesa. O prato fundo era sempre para os homens, porque eles comiam mais. Nós mulheres deveríamos sempre comer em pratos rasos, finos, como damas que somos. Aprendemos que é normal o homem sentar com as pernas bem abertas, enquanto nós devemos fechar e dar espaço a eles. Ganhamos bonecas para alimentar e acalentar, enquanto eles podem ganhar o melhor vídeo game do momento.


Resultado disso? Crescemos com diversas crenças limitantes sobre nós mesmas e com dificuldades de discutir sobre elas, porque podemos parecer malvadas demais. Inclusive, posso estar parecendo malvada, nesse exato momento, por estar falando apenas do público feminino frente à sociedade machista, “insinuando que os homens são grandes lobos maus e todas nós somos a Chapeuzinho”. Jamais! Falo aqui de situações ignorantes nas quais nos deixamos cair e que talvez já não sirvam mais para o século XXI. Certamente o público masculino tem suas dores para se queixar, mas como não nasci homem nessa vida, não vou falar delas aqui.


O que percebo e tomo como auto avaliação sempre é porque nós temos de nos sujeitar ao que vem, ao invés de desejarmos o melhor? Não falo de utopia, mas  simplesmente de dignidade.


Já escutei de diversas mulheres “eu sempre arrumo tudo lá em casa, o fulano não faz nada”, quando os dois trabalham fora, os dois casaram por livre e espontânea vontade, os dois fizeram os filhos e os dois usam todas as dependências da casa. Porém, por ser mulher, muitas acreditam que merecem limpar tudo ou a maior parte, além de cuidar dos filhos, trabalhar fora e ainda se manter em “forma” para não perder o partidão.


Quem nunca ouviu a expressão “o dinheiro não traz felicidade”? Geralmente somos nós, mulheres, que renunciamos a grandes empregos, viagens, mestrados e carreiras magníficas porque o “grande amor” não pode acompanhar. Já ouvi, em cursos de desenvolvimento feminino, que a maioria de nós mulheres temos dificuldades de aceitar o dinheiro que recebe. Conheço mulheres que entregam o próprio salário nas mãos do parceiro, porque “ele sabe administrar melhor”.


Por fim, muitas se sujeitam a ficar com homens imaturos, ou grosseiros, homens que não cuidam do próprio corpo, que vivem vidas medíocres, pela simples frase “não seja exigente ou vai acabar sozinha”. Um homem solteiro de 35 anos, sem filho, com grande sucesso profissional é um solteirão sexy, pegador inveterado, mas uma mulher de 35 anos, sem filhos e que só “cuida da carreira” (já mudou a expressão) é uma solteirona frustrada. Essa mulher, no caso, tem que aceitar rápido o que vier, antes que perca a chance de ter filhos.


Inclusive vejo muitos homens se prevalecendo de situações assim. Jogam expressões deprimidas como “eu sou gordinho demais para alguém me querer”, ou “eu sou feio, elas nunca me querem”, “ou eu não tenho sorte nunca” para ativar o modo maternal das mulheres e aceitá-los como são, ao invés de eles lutarem para cuidar dos próprios corpos, das próprias mentes ou vidas profissionais para serem dignos das mulheres que tanto desejam. E funciona! 


Existem conotações diferentes, inclusive, com cargos de chefia feminino e masculino. Enquanto o homem que está concorrendo a uma coordenação é um homem de ambição, a mulher que está só pensando em concorrer a uma direção é pretensiosa.


Agora me questiono, por que não podemos querer o melhor? Por que não podemos querer o melhor cargo, o melhor carro e a melhor casa? Por que não podemos querer muito dinheiro? Por que não podemos querer um homem inteligente, de excelente aparência, que FAZ A SUA PARTE em casa e que é pai de verdade dos filhos? Por que temos de ser sempre “humildes”, "resignadas" e “compreensivas”?




Miriam Coelho é artista das imagens e das palavras

Miriam Coelho


03 ANOS DE COLETIVEARTS
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1 Comentários

  1. Estigmatizacoes e estereotipos. Os modelos prontos, mulher tem que ser assim e assado, homem tem que ser assim e assado ... É, mais uma vez grandes reflexões foram propostas. Parabéns, Mima!

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