ARTE E CULTURA

 

VENHA CONHECER JERÁ POTY, O NOVO

 LIVRO DE ANGELA XAVIER


A professora, pesquisadora e escritora  Angela Xavier está lançando mais uma obra, ela que nos encantou com as aventuras do Lanceirinho Negro, agora nos presenteia com as histórias da indigena Jerá Poty. Angela, nesta edição, conta com as lindas ilustrações de Samara Kolhrausch, com prefácio de Yaguarê Yamã, diagramação de Waldemar Max e com apoio do Clube Literário de Gravataí/RS.

A live de pré lançamento aconteceu dia 07 de fevereiro, Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas no canal do YouTube da autora, o Angela Xavier Desconstrução Histórica.


O Arte e Cultura foi conversar com a autora, que também faz parte do ColetiveArts, é a atual presidenta do Clube Literário de Gravataí/RS e é uma das pessoas mais engajadas no cenário cultural da grande Porto Alegre/RS. Angela sempre nos contagia com sua força, confiram:

ANGELA XAVIER

JORGINHO: Como surgiu a ideia para seu novo livro Jerá Poty?

ANGELA XAVIER: Eu sou professora. Tenho mais de vinte anos de carreira. Sempre tive muito comprometimento com minhas práticas pedagógicas. Confesso que me incomodava o fato da figura do indígena ainda ser vítima de estereótipos. Quando vejo uma criança caracterizada com penas ou pinturas no rosto, fico muito preocupada. A cultura indígena é tão rica e sagrada. No Brasil possuímos mais de 200 etnias diferentes, como resumir toda essa riqueza em uma única representação? O próprio termo índio é um erro gritante. Porém, em meu ambiente profissional também percebia que muitos equívocos eram cometidos em consequência do desconhecimento e despreparo. Concomitantemente, tinha dificuldade em encontrar obras adequadas. Assim como aconteceu com o Lanceirinho Negro, busquei na Literatura uma estratégia para abordar a temática indígena. Procurei subsídios no meio acadêmico e criei Jerá Poty. Uma protagonista forte, que dialoga com as crianças através do lúdico. A temática indígena é apresentada de forma simples e objetiva. Uma característica sempre presente em minhas obras é o convite ao exercício do pensamento crítico, indispensável na formação de todo cidadão. Assim sendo, Jerá Poty convida as crianças a refletirem sobre a cultura e a luta dos povos indígenas. Sugiro aos educadores que rompam o ciclo vicioso de alguns livros didáticos, procurem novas alternativas, novos autores. Temos escritores indígenas maravilhosos, tais como: Yaguarê Yamã, Ailton Krenak, Eliane Potiguara e Daniel Munduruku, entre outros.

JORGINHO: Fale para o leitor da importância desta nova obra para você e para quem adquirir o mesmo.

ANGELA XAVIER: Jerá Poty tem muito de mim. É minha primeira protagonista mulher. Sou negra, mas também possuo descendência indígena. Escrever Jerá Poty foi como revisitar minha ancestralidade. Minha avó era uma exímia contadora de histórias, através dela tive meu primeiro contato com a cultura indígena, já que temos descendência guarani. Foi importante ressignificar minha própria história. Quem adquirir a obra poderá aproximar seus filhos e/ou alunos da temática indígena através de uma ferramenta lúdica e objetiva. Jerá Poty quebra estereótipos, traz uma personagem disposta a lutar por um futuro melhor. Uma protagonista que valoriza o conhecimento e faz dele ferramenta indispensável na luta pelos seus sonhos. Através da obra, a criança compreende que os povos originários vivem uma luta constante por seus direitos, percebem o valor inestimável do conhecimento e aprendem a respeitar a cultura indígena em sua diversidade. Jerá Poty, assim como o Lanceirinho Negro, tem uma nobre missão. Ela convida a criança a refletir sobre a realidade que a cerca, de forma objetiva e natural.


JORGINHO: Como foi contar com a colaboração de Yaguarê Yamã?

ANGELA XAVIER: Em 2020 participei de uma live sobre literatura infantil com Yaguarê Yamã, entre outros renomados escritores. Eu ainda estava escrevendo Jerá Poty, que na verdade tinha outro nome. O fato da personagem não ter um nome guarani me incomodava muito. Decidi entrar em contato com Yaguarê Yamã. Extremamente generoso, o escritor me ofereceu subsídios, que possibilitaram a escolha do nome da personagem.  Eventualmente conversávamos sobre a cultura indígena. Em 2021, adiei o lançamento em virtude de compromissos com minha obra Lanceirinho Negro. No segundo semestre decidi concluir a obra, e enviei o arquivo para apreciação do escritor. Sempre muito atencioso, leu a obra e me deu algumas dicas valiosas. Decidi em um impulso convidá-lo a escrever o prefácio do livro. Yaguarê aceitou e deixou uma escritora extremamente satisfeita e realizada. Que honra contar com o prefácio de um escritor indígena renomado e conhecido nacionalmente! Jerá Poty é potente...

JORGINHO: Como foi trabalhar com a ilustradora Samara Kolhrausch?

ANGELA XAVIER: Samara Kolhrausch é uma grande amiga. Uma grata surpresa que a educação me reservou. Trabalhamos juntas durante três anos em uma escola da rede municipal de Gravataí. Estudante de História, Samara sempre foi parceira em meus projetos. Quando escrevi a esquete premiada Lanceiros Negros, foi minha figurinista, cenógrafa, entre tantas outras coisas. Sua habilidade com as artes visuais sempre chamou minha atenção. Quando escrevi Jerá Poty pensei automaticamente nela. Não existia uma segunda opção. Mulher potente, resistente e engajada nas lutas sociais. Sim...Ela era a escolha perfeita! Temos uma incrível sintonia. Quando a convidei para ilustrar Jerá Poty, ambas ficamos emocionadas.  Era um sonho que nascia. Trabalhar com Samara Kolhrausch é ter a certeza que a tua obra será acolhida com carinho e  comprometimento. Ela é visceral em tudo o que faz. Uma menina que tem sangue nos olhos e, ao mesmo tempo, muita doçura em cada gesto. Tenho certeza que um brilhante futuro a aguarda. Eu que não sou boba, já garanti a parceria para Jerá  Poty 2.

JORGINHO: Como você enxerga a luta pelos direitos indígenas nesse cenário social e político pelo qual estamos passando?

ANGELA XAVIER: Acompanho a luta pelos direitos dos povos indígenas com preocupação. Vejo pequenos avanços, que inesperadamente sofrem retrocessos absurdos. A luta dos povos indígenas é uma das causas mais legítimas que conheço. Os povos originários ainda lutam bravamente, em total desvantagem, mas lutam! Seria tão bom se a sociedade brasileira participasse efetivamente da luta. A situação dos povos indígenas é dramática. Apesar dos direitos assegurados pela Constituição Federal, os povos originários lutam contra o desmonte da Funai, a falta de estrutura para enfrentar a pandemia e o constante ataque ao seu direito de viver com dignidade. A demarcação das terras é uma bandeira que Jerá Poty defende com legitimidade.

Angela XavierSamara Kolhrausch, Waldemar Max

JORGINHO: Deixe uma mensagem para o leitor do Arte e Cultura.

ANGELA XAVIER: A luta do povo indígena é a luta de todo o povo brasileiro. Uma luta que busca preservar nossos antepassados, nossa cultura e também o nosso futuro. Colabore promovendo o pensamento crítico em seu meio profissional, acadêmico e familiar. Que consigamos desconstruir estereótipos, conduzindo os indígenas às universidades, ao meio político, ao universo literário...Aos educadores, peço que trabalhem a temática indígena com carinho. A legislação exige o trabalho com a cultura Africana e Indígena. Valorize escritores e escritoras indígenas, permita-se conhecer diferentes etnias e incentive o debate em sala de aula. Tenho muito respeito pelos educadores e educadoras. Lanceirinho Negro agora tem uma irmã chamada Jerá Poty. A essência é a mesma. Nosso ideal é nobre! A luta continua...


CONTATOS:

Angela Xavier

Whats para adquirir o livro: (51) 997320615


Para conferir o episódio gravado com a autora do Coletive Som, A voz da arte:

"A luta dos povos indígenas é uma das causas mais legítimas que conheço. Os povos originários ainda lutam bravamente, em total desvantagem, 
mas lutam! Seria tão bom se a sociedade brasileira 
participasse efetivamente da luta. "
- Angela Xavier

Jorginho


Jorginho é Pedagogo, Filósofo, ilustrador com trabalhos publicados no Brasil e exterior, é agitador cultural, um dos membros fundadores do ColetiveArts, editor do site Coletive em Movimento, produtor do podcast Coletive Som - A voz da arte, já foi curador de exposições físicas e virtuais, organizou eventos geeks/nerds, é apaixonado por quadrinhos, literatura, rock n' rool e cinema.

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7 Comentários

  1. Parabéns Angela, parabéns Jorginho, belíssima entrevista.

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    1. Gratidão, Waldemar Max !
      Teu trabalho na diagramação foi fundamental na concepção da obra.
      Muito honrada com tua parceria!
      Abraço!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito bom! Parabéns, Ângela, sucesso neste projeto!!!!!

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