CINEÓIDE

 

Drive My Car

Drive My Car
Doraibu mai kâ
2021
Ryûsuke Hamaguchi
179 min



Fui ver Drive my Car com uma grande expectativa. Só sabia que é o filme japonês com mais indicações na história do Oscar, 4 ao todo. Tanto que me assustei pelo fato dos créditos começarem no “meio” do filme. Então, o filme tem 3 horas e os créditos rolam ao final da primeira hora. Ao final do primeiro ato.

Para mim é muito difícil falar de uma obra assim. Pois eu já gostei e devia gostar mais de “filmes arte”. É um filme de pura técnica. Uma técnica arcaica porém primorosa. Por isso está chamando muita atenção. Ainda assim, um filme longo, para mim, tem que ter muito mais substância criativa. Não é o que acontece aqui. Seguimos um roteiro simples. Extremamente novelesco. Talvez o seu maior mérito seja afrontar muitas questões sociais japonesas. No mais, vemos uma sequência organizada demais de relações na vida de um ator de meia idade, Yûsuke Kafuku: esposa, amante da esposa, motorista. Cada relacionamento corresponde a uma hora de filme.


Não sei se o conto segue essa lógica. Achei maçante. Claro, para quem gosta de dramaturgia bruta vai adorar. Inclusive, pelo fato do personagem principal dirigir a peça de teatro Tio Vânia, do russo Anton Tchekhov. Inclusive, o filme mostra em detalhes a produção da peça e algumas cenas revelam minúcias dos sentimentos de Kafuku.

O texto puxa muitas questões que permeiam a nossa mente quanto à traição, vida e morte, perdão, trabalho e recomeço. Nada longe do que muitos filmes fazem todos os anos. Ainda mais em mercados de “filme cabeça“. Não estou defendendo Hollywood, não estou falando que todo filme do tipo é maçante, não é isso. A questão é que se for existir um filme com esse tipo de roteiro, que traga uma estética marcante. Ou um ritmo mais amigável. Talvez cenas fortes mais bem construídas. Não vemos nada disso, uma pena. Uma vez que os questionamentos e resoluções do texto são tratados com uma delicadeza oriental ímpar.


Nota: 5 …por mais que a essência da dramaturgia sejam as relações interpessoais, ainda prefiro um absurdo criativo a uma história mais simples do que a realidade à nossa volta.


TRAILER:


André  Moraes é Cineasta, Escritor e criador do Wasd Space. Também escreve a coluna O Simióide todas as segunda aqui no Coletive em Movimento. 


COLETIVEARTS
Não espalhe fake news,
espalhe cultura!

Postar um comentário

2 Comentários

  1. Caro, André. Pois eu ainda não tive disposição para ver o Drive My Car, justamente por saber de tudo isso, que comentas muito bem. Mais adiante irei me preparar bem para isso. De momento prefiro me ater à ótima e sempre provocante seleção de filmes do Fantaspoa. Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois então, vale a pena ver o filme. Só tem que ter 3 horas sobrando. Hahaha

      E hoje mesmo começa o Fantaspoa! Maior festival de cinema fantástico da América Latina. Verei o máximo de peças que conseguir.

      Excluir