Armadura
Quanto de Ucrânia versus Rússia nós temos em nossas vidas? Me peguei questionando isso nos últimos dias e ainda estou refletindo. Vou falar sobre isso porque escrever me ajuda a me entender mais e ler os comentários de alguns irmãos do Coletive Arts também.
E se estivermos vivendo batalhas infindáveis por coisas inúteis? E se estivermos nos armando inconscientemente para não deixar nada mais entrar? E se nossas atitudes, mente e coração estiverem blindados com armaduras impenetráveis até dentro dos nossos próprios lares? E se estivermos vivendo traumas de pós guerra, representando injustamente até com inocentes?
Nesse final de semana ouvi uma coisa dos meus irmãos da casa espiritualista a qual pertenço que me marcou muito: "te desarma, não precisa se proteger de nós, somos teus irmãos." Essa fala ecoou dentro de mim de várias formas.
Primeiro, fiquei brava, me senti julgada e criei mil e uma histórias negativas para terem me dito isso na hora em que fui ganhar meu passe. Depois fiquei triste, pensando em mais coisas. Por terceiro e último, logo que cheguei em casa reparei em tudo que eu estava vestindo. Saí de casa com minhas roupas confortáveis e resistentes do dia a dia de trabalho, meus calçados práticos e impermeáveis de trilha e meu colar de cristal protetor contra energias pesadas. Foi então que me questionei, por que eu saí como se estivesse indo para o trabalho invés de um lugar que vou para orar, refletir e me abrir?
Chorei pensando na dor que vivo de ter de sair assim, todos os dias, para o meu trabalho. No meu ambiente de labuta, nunca posso me descuidar, confiar ou relaxar. Levei tantos tropeços por esses anos, que já não relaxo nem em casa. Estou cada vez mais protegida do mundo, aos poucos, me protegendo até de mim mesma, de quem eu sou ou de sentir as coisas boas do mundo também.
Mas não sou a primeira e sei que nem a única a agir assim. Quantos abraços rasos não se encontra por aí? Quantos meios sorrisos, seguidos de longos silêncios não fazem parte do nosso mundo? Quantas conversas cheias de "dedos", receios e meias verdades não nos enfadam por essas ruas? Tudo oriundo de pessoas também armadas, tão protegidas do mundo que já não se reconhecem mais por trás da roupagem. Se desnudam em frente ao espelho e ainda veem a armadura da rua.
Mas por dentro temos luz, porque somos luz. Somos fragmentos da mãe Terra e permissões do universo. Tudo que é permitido existir, é bom para este mundo. Mesmo que sejamos ignorantes a ponto de cometer maldades, ainda somos luz, não alimentadas, mas luz sim. Como podemos encontrar o caminho do meio? O equilíbrio entre a armadura e a liberdade do Eu?
Miriam Coelho |
4 Comentários
Bela reflexão, Miriam. Sim, somos luz e nada mais compreensível do que proteger nossa essência. Nosso corpo é uma casca, então colocamos uma armadura sobre a casca para proteger nossa essência da inveja, da intriga, da maldade .. Nossos "irmãos" muitas vezes querem nos atingir e nosso interior percebe mesmo antes do inconsciente. Nunca abaixe a guarda. É ela quem te protege. E não te envergonhe de proteger o teu maior tesouro, tu mesma.
ResponderExcluirGratidão, Isab! O que me impactou foi aquela fala... Às vezes lembro daquela menina que ficava tão tranquila diante da vida, sabe? Dá uma saudade da menina de antes. Mas a menina de antes foi ferida por ser assim. Então, talvez, tu tenhas razão mesmo. Se a gente se descuida....
ExcluirBom dia, Miriam. Aprendi levando golpes fortes na auto-estima, que vivemos num mundo desigual em todos os níveis, até mesmo em estágios de desenvolvimento espiritual. Entre as bilhões de pessoas no mundo, uma grande maioria se encontra em estágios baixos ou intermediários pois são excessivamente apegadas às suas emoções, desejos e ambições materiais. E todos eles são dominados em seus íntimos pelo medo. Assim eles se expressam pela intolerância, pelo preconceito e pelo ódio. O ambiente virtual deixou tudo isso bem evidente. Então devemos sim nos proteger com as armaduras que temos, ao mesmo tempo que precisamos desenvolver um ""radar" seletivo para nos conectarmos com quem precisa de nós e com quem pode nos oferecer algo em troca. Esse estranho novo mundo é duro, então não podemos ser excessivamente macios. Abraço
ResponderExcluirComo sempre uma reflexão incrível, que faz pensar, é difícil realmente podermos confiar nos outros e nos desarmarmos, assumirmos nossas fraquezas, falar sobre nós não é fácil.
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