SALVE, NORDESTE!
Tenho 37 anos e alguns meses, o que corresponde a 13655 dias vividos. E de todos esses 13655 dias, posso dizer que hoje é um dos mais felizes. Hoje, 31 de outubro de 2022.
O primeiro dia depois de semanas em que não acordei com ansiedade no peito, e sim com um sorriso nos lábios. As sombras embaixo dos olhos não são de preocupação, são da euforia de ontem. Hoje não acordei de madrugada com a cabeça a mil e pensando em estratégias contra a máquina eleitoral do governo. Hoje eu acordei com leveza no coração, com a alegria da vitória e, sobretudo, com uma sensação de alívio. Ganhamos! O povo e a democracia venceram. A esperança de um futuro melhor também. Um futuro em que todos os brasileiros tenham o que comer, um futuro com mais educação e menos armas, com mais saúde e menos descaso, com mais ciência e menos negacionismo, com mais respeito e menos violência, com mais igualdade e menos exclusão. Um futuro também para a Amazônia e para os povos indígenas.
Acabei de ler em algum canto que só entende o grito de felicidade quem chorou de dor em 2018. Eu fui uma dessas pessoas. Aliás, minha esposa sempre fala – meio brincando e meio a sério – que o dia do segundo turno em 2018 foi a primeira vez que me viu chorar. E é capaz que tenha sido mesmo. Algumas pessoas estranham. “Mas você nem é brasileira”, dizem. Só que não é uma questão de nacionalidade. Quando a democracia, os direitos humanos e o meio ambiente estão em perigo, torna-se uma questão de humanidade.
Ontem o Nordeste deu uma lição de civismo para o Brasil e o mundo inteiro. Mais uma vez as nordestinas e nordestinos salvaram o país com seu voto. A democracia venceu. É por isso que hoje é um dos dias mais felizes da minha vida. E sei que não estou só.
Yvonne Miller |
Yvonne Miller nasceu na cidade de Berlim em 1985, mas mora, namora e se demora no Nordeste do Brasil desde 2017. Atualmente vive em Pernambuco, no meio da Mata Atlântica, junto com sua esposa Larissa, sua enteada Morena, o gato Salém e o cachorro Chico. Escreve contos, crônicas e literatura infantil em alemão, espanhol e português. Tem textos publicados em coletâneas, como Paginário (Aliás Editora) e Histórias de uma quarentena (Expresso Poema Editora). É colunista do coletivo de cronistas nordestinas @bora_cronicar e do blog Escritor Brasileiro. Além de ficcionista é autora e redatora de livros escolares.
Instagram: @yvonnemiller_
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2 Comentários
Compartilho dessa felicidade também e de um sentimento de desafogo. Quase como se voltasse a respirar com plenitude outra vez. Os ideias humanistas e democráticos não dependem de nacionalidades. Aliás, mal passadas 72 horas e o governo alemão já anunciou que vai voltar a liberar um fundo para a Amazônia. Abraço
ResponderExcluirObrigada pela leitura e comentário, João Luís! É nóis ♡
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