ARTE E CULTURA

 

O Encontro Nacional do Tex 2023 na Vila Texas

Uma Imersão no Velho Oeste

Quando foi confirmado que o Tex iria ao grande Encontro Nacional da Vila Texas, o editor/redator da espaçonave cultural Coletiveprise, Jorginho,  entrou em trabalho de parto, isto é, de vontade de partir para o Sudoeste do Paraná em louca disparada para vivenciar e não perder um só detalhe de cada pard no Velho Oeste, especialmente do Tex, que momentaneamente surge nesses eventos, e pasmem, quando isso acontece o repórter/ fotógrafo G. G. Carsan nunca está presente para fotografar, para entrevistar, para contar como foi. Mistério. Basta o Tex aparecer e Carsan some. Então, apesar desse furo na tela, o Jorginho encomendou ao G. G. uma matéria para a espaçonave cultural mais Estrelar do Brasil. E depois de juntar os textos das postagens e pedir opiniões aos outros pards presentes, chegamos a esse textículo, que apesar se longo, é leve e curto. 



#Cowboys de todo Brasil, vivemos nos dias 24 e 25 de Junho, na Vila Texas, situada em Chopinzinho, no Paraná, um grande evento com colecionadores do personagem de revistas em quadrinhos Tex., publicado desde 1948 na Itália e desde 1971 em terras brasileiras. O Tex e seu Universo é criação de G. L. Bonelli e Aurelio Galleppini. A editora que cria e publica até hoje é a Sergio Bonelli Editore, baseada na cidade de Milão. No Brasil, os diversos títulos de Tex são publicados pela Mythos Editora, de São Paulo.


Colecionadores de várias regiões do Brasil seguiram para a Vila Texas, atendendo ao apelo de se reunir com outros pards, para vivenciar a incrível e inusitada experiência de encontrar ou reencontrar texianos que conhecem apenas por contato virtual desse Grupo, ou conhecem de outros eventos. E existe a mística de que dois texianos quando se encontram pela primeira vez, parece mais que já se conhecem desde os tempos de criança, pois ocorre uma grande sinergia e entendimento imediato, de forma que surgem papos, gentilezas, brincadeiras, resultando em uma grande festa.

A Vila Texas saiu do sonho de Delair Turella em construir algo diferente, uma cidade cenográfica igual Abilene ou Tombstone, que vimos tanto nos filmes de bang bang, para oferecer lazer e diversão para visitantes e turistas. E construiu com muita qualidade, com extremo bom gosto, com madeira de primeira qualidade os edifícios que agregam o saloon e o hotel (ambos com primeiro andar), e mais a delegacia, o banco, a igreja, o trading post, o cinema, o restaurante,   para deixar todo mundo no Velho Oeste. Porta vai-e-vem, escadas, madeira para todo lado, amarrador para cavalos. E até tiroteios e duelos podem ser simulados por pessoas da Vila. Já foram gravados, recentemente, dois filmes na Vila. 



O evento comemorava os 10 Anos do Clube Tex Brasil, presidido por Jessé Bicodepena e contou com a participação de pards oriundos da Bahia, de Tocantins, de Minas, de São Paulo, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, e claro, do Paraná. Ocorreu uma caravana de motociclistas desde Porto Alegre para participar. São homens e mulheres que não pensam muito e se põem a caminho para viver momentos de puro êxtase, de emoção e de  confraternização. 


O Editor Dorival Vitor Lopes, da Mythos Editora, que publica Tex no Brasil desde o ano de 1999, colocando várias edições no mercado, entre elas Tex, Tex Gigante, Maxi Tex, As Grandes Aventuras de Tex, Superalmanaque e Tex Omnibus, participou do evento, levando informações editoriais e respondendo perguntas da plateia, principalmente no tocante a distribuição, compras no site, estudo para retomada do processo de vendas por assinatura. Ocorreu a venda direta de gibis novos para os interessados e o Editor de Bermudas realizou um intenso corpo-a-corpo com os seus clientes e amigos, conversando muito, fotografando muito, atendendo a todos com muita distinção.


O evento oficial teve um momento solene com a formação de mesa, para tornar tudo muito mais importante e inesquecível. Ali figuraram o Editor Dorival, o letrista Marcos Maldonado, o presidente do Clube Jessé Bicodepena, o texiano motoclicista Adao Avila, o organizador do evento Delair Turella e o escritor texiano G. G. Carsan. A rica plateia formada por texianos e alguns convidados ouviram atentamente as palavras e depois foi aberta uma sessão de perguntas e respostas. Foi quando o organizador Delair quebrou o protocolo e chamou para a frente, alguns colecionadores e rendeu-lhes homenagens diversas. Vale dizer que, se os componentes da mesa trocassem de lugar com os da plateia, tudo continuaria igual, pois todos são equivalentes em valores texianos. Ali estavam  Neimar Nunes, Edison Bertoncello, dois monstros do colecionismo texiano, super ativos nas mídias sociais desde os anos 90. Tive o prazer de conhecer Eros José Sanches, escritor, militar, cuja presença muito honrou o evento. Estavam lá Jim Halley, desenhista caricaturista que já deu muito o que falar de bem no meio colecionista do Tex no Brasil. E muitos outros pards: Carlos Ramalho, Sérgio Streiechen, Doacir Liberalesso, Adilson Simes,  Carlos Silva Kaká, Dilso Luis Fischer, Jo Baldino, Celeste Karan, Everaldo Lasch, Eduardo Baranowski, João Marin, João Vicente, Julio Julio, Sergio Santos, Sandro Santos, Gasso, Ana Sartori, Super Mario, Wkzk, Erik Szinwelski, Carol Baran, etc. O pard Everton Pelisson, velho conhecido, que esteve conosco no Festival de Limeira, veio de longe com a família para passar poucas horas na Vila. 




O Clube realizou diversos sorteios e leilões com os pards, com a premiação sendo kits de revistas, de colecionáveis, camisetas e outros. Houve venda de revistas , de livros, houve fotos e muitos autógrafos nas camisetas, nos posters, para ficar uma lembrança importante e valorizar a peça. Houve uma intensa rede de negociações enquanto o evento corria. Alguns estavam bem interessados em adquirir itens raros para suas coleções.

Para quem imagina que um evento só é grande se houver milhares de pessoas, tudo bem, não está errado. Mas um Encontro texiano é formado por um número pequeno de pessoas abnegadas em que cada uma vale por 50 ou 100, haja vista o tamanho da alegria, da responsabilidade, do respeito, da segurança, do nível da conversa, dos objetivos em salvaguardar os ensinamentos e os valores do grande herói do faroeste. Cada Encontro é algo inédito, inesquecível e muito importante para a divulgação do personagem, para que novos leitores entrem no circuito e haja este desejo de integração. 



Desta feita havia três cosplays de Tex e muitos cowboys à caráter, armados, bem caracterizados. E havia um personagem saído da mente de Sergio Bonelli, o famoso companheiro do Zagor, o Chico, que o Carlos Ramalho construiu tão bem e movimentou o pessoal, seja numa performance implacável diante de uma grande panela de comida, seja nas suas presepadas bem legais. Havia ainda o Super Mário, vivido pelo próprio Mário, vindo de Porto Alegre.

Se as distâncias percorridas pelos pards dizem alguma coisa e engrandecem o evento, então vejam: O Neimar e a esposa percorreram 2.100 km; Carlos Ramalho andou 1.700 km e achou tudo espetacular;  Sandro e Patrícia 1.100 km e destacaram a Vila, conhecer os pards e conseguir falar a mesma linguagem durante o final de semana inteiro; Eros e Woginski 548 km, destacaram a Vila, conhecer os pards, Dorival e o Casal Maldonado; João Vicente e Edna rodaram 720 km e adoraram as novas amizades e a Vila Texas;  Adão e sua trupe rodaram 1.300 km. O G. G. Carsan informou que a sua viagem foi de 3.600 km x2 e adorou tudo, a Vila, os pards, as comidas, o clima, as conversas, as fotos.

O evento ganhou uma força gigantesca com apenas uma ação bem planejada. Foi o ato de escrever e de marcar com fogo a Marca Tex no chão da Vila Texas, ou seja, o logotipo brilhou na noite, como se fosse algo místico (a terra, o fogo e o vento juntos para exaltar Águia da Noite), representou um ato de paixão, de exaltação e até mesmo de divindade para o personagem. Naquele momento, todos os corações se irmanaram e exultaram de amor e paixão, reconhecendo tal ato magnânimo e sentindo-se totalmente felizes por estarem ali, por testemunharem um momento de magnitude estrelar, em que o fogo era uma ligação única entre o Tex e seus fãs e colecionadores. Foi de arrepiar, de verdade.



Tiroteios, tiro ao alvo, simulações de duelos e de enforcamentos, como vemos nas revistas e nos filmes aconteceram em vários momentos. Tudo muito sadio, muito à moda ficção. Ninguém se machucou. 

É incrível como os texianos são animados em volta de um bife de três dedos de altura e cercado por uma montanha de batatas fritas, uma caneca de chopp e depois uma torta de maçã. A conversa corre solta, as brincadeiras, as lembranças dos bons tempos da adolescência, as contagens das dificuldades de adquirir as revistas, os malabarismos para completar as coleções e depois conseguir espaço para expô-las num local nobre da casa. É uma grande irmandade, uma confraria, um grupo de respeito, formado por homens bem posicionados na sociedade, por jovens estudantes, por profissionais liberais, por homens das forças de segurança.




É preciso elogiar o esforço hercúleo do organizador Delair  e de sua esposa Érica para tornar tudo na Vila da melhor qualidade, as camas macias e limpas, as comidas, as carnes, as bebidas, tudo gostoso. A Vila Texas é realmente especial. Onde mais encontrar um saloon com a porta vai-e-vem para entrar e olhar em volta e escolher uma mesa para sentar ou se dirigir ao balcão e depois pedir uma tequila? onde mais subir devagar as escadas de madeira evitando o rangido para não alarmar um meliante escondido? você é capaz de encontrar um Xerife em alguma rua por aí, girando o seu revólver no dedo e pronto a cuspir fogo? "

Essa parte a seguir foi dita pelo próprio Tex:

"Incrível, mas eu nunca havia passado pela Vila Texas. Mas já ouvira falar. Ocorreram combates importantes naquela região e o próprio Kit Carson falou que serviu de esconderijo para Kid Curry e para o bando de Jack Thunder em outros tempos. Gostei muito da missão porque foi uma chance de reencontrar o pard Neimar Nunes, com quem estive no caso "Perigo na Ponte do Saicã" e queria muito conhecer o meu informante Edison Bertoncello, grande pard, que se tornou Xerife da Vila Texas. E foi um prazer enorme conhecer outros pards. E afirmo que me senti comonse estivesse em Gallup, Flagstaff ou Santa Fé.

Durante 24 horas estive na Vila Texas e  pude absorver o clima de Velho Oeste que sempre vejo e ouço nas minhas  aventuras. Na parte superior do Saloon há um terraço de onde se domina a Vila e pude sentir a emoção de estar dentro de um roteiro de G. L. Bonelli ou Claudio Nizzi, ou mesmo Mauro Boselli, com desenhos do Giovanni Ticci, do Fabio Civitelli, do Claudio Villa, do Pasquale Del Vecchio, do Erio Nicolò. Pude saborear a famosa refeição  que já virou prato gourmet e me refestelar. Faltou o Carson, mas havia cowboys esfomeados que adoraram o bife de três dedos, como o tal mexicano Chico. E desfrutei da companhia de vários texianos que conversavam, perguntavam, queriam saber das minhas experiências em fazer justiça a qualquer preço.


Em minha fala na abertura do evento, pude externar a satisfação de fazer parte de mais um evento, desta vez convidado pelo Comando da Mythos e pelo Tex Clube, promover e divulgar o meu nome e revista no Grupo Tex Willer - Águia da Noite, com mais de 30 mil membros e o  compromisso de sempre honrar o manto amarelo e azul que visto na ocasião, com mais o chapéu, as botas, o coldre com armas e o indispensável lenço preto. Além disso, solicitar aos pards que continuem ajudando na divulgação, auxiliando as pessoas a compreender a comprar online, pois é o modo e meio de se adquirir na atualidade (explicando e convencendo que a compra online não é perigosa se for bem feita). Em síntese, todos precisam ajudar para continuar a publicação, que tanto agrada a todos.

Em tempo, exaltar a magnânima ação do pard João Vicente, que doou as suas coleções para exposição permanente no espaço criado no primeiro andar do saloon da Vila Texas, preenchendo de uma só vez o espaço da mais nova bibliotex texiana".


Depois da fala do Tex, arrisquei fazer mais umas linhas, mas sabia que o recado já estava dado. Pude comprovar que quando o Tex aparece todos só tem olhos para ele e eu fico sumido, esquecido, mas eu estava lá e pude anotar suas falas. Ah, ele enviou Saudações Texianas para todo o Coletive Arts.

Tex, vocês já sabem: roteiros maravilhosos, desenhos espetaculares e personagens apaixonantes. Tex, vocês conhecem: é garantia de pura ação, os mais fervorosos, excitantes, desconcertantes, mirabolantes, incríveis, fabulosos e extraordinários enredos e desenhos  que já pintaram na face da Terra. Tudo isso permite afirmar: Como Tex não há nenhum.

No final o gostinho de quero mais e o bom é que já temos agendado o evento em Porto Alegre, UMA TARDE BONELLI, dia 30 de Setembro, Dia Nacional do Tex.  Espero vocês lá.

E a constatação de que HQ é Cultura e aquela velha máxima texiana que impõe: Só as Montanhas não se Encontram. 

G. G. carsan (especial para o ColetiveArts)




G. G. Carsan 

G. G. Carsan é cidadão do mundo, gosta de caminhadas na natureza, tocar violão nas horas de folga, passar horas na internet papeando com os amigos, escrever editoriais e matérias nos seus grupos e páginas, preparar novos livros e poesias, manter os storys atualizados, viajante internauta pelas imagens e mapas... é um escritor brasileiro cujo principal lema de vida é valorizar a justiça, a honra e o caráter; escreve histórias reais e ficções e tem dez produções lançadas entre livros físicos e e-books (o último: Pandemia Brasil – Uma Bala na Agulha). É um colecionador, divulgador e historiador do personagem de quadrinhos TEX, com uma dúzia de exposições em eventos pelo Brasil, quatro livros publicados, páginas e grupos na internet desde 2002, cinco temporadas no canal do youtube "Tex Show", uma dúzia lives na página Texianos Live Show e foi o primeiro cosplay do personagem no Brasil.


Para conhecer um pouco mais sobre GG Carsan, escute o episódio de nosso podcast, o Coletive Som, gravado com esse grande pard. Clique Aqui.




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Sempre algo interessante
para contar!

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3 Comentários

  1. Espetacular! Um texto escrito com a paixão por Tex que é a marca registrada do nosso grande pard GG! Não pude estar no evento, mas consegui viver um pouco dessa emoção por meio das suas palavras! Muito obrigado!

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  2. É sempre com "mucho gusto" que narro e conto um Encontro de texianos, pois é recheado de muitas referências de vida dos texianos, irmanados pelo personagem mais icônico de cada um de nós neste vale de lágrimas.
    G. G. Carsan

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