O DIÁRIO DE UMA AMANTE

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HOJE:

Quando o poder de sedução virou um problema, a ousadia virou solução!  

Ela não seria mais uma estatística em um caso de abuso sexual. Ela seria a diferença como sempre.

Vejamos agora o quão forte ela foi!

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A Amante era uma mulher como como tantas outras, passando por situações complicadas como muitas, Sofrendo e chorando também. Embora muitas vezes parecia ser de aço, ela era frágil, mas  uma fragilidade de uma força. Sei  que é confuso isso, mas para ela ser mulher era algo mágico, sexo frágil não a definia...

Sempre vivemos em um mundo machista, sempre ficamos em segundo lugar, e embora hoje estejamos um pouco mais a frente, ainda passamos por desagradáveis situações.

O poder de sedução da Amante sempre foi diferente, ela conseguia seduzir mesmo quando não tinha intenção.  Nem tudo era sexo na vida dela, nem tudo era essa erupção de prazer. Mas fugir disso era difícil, e quando menos esperava ela foi pega de surpresa pelo machismo .

Logo após a morte de seu patrão, ela foi trabalhar em outra empresa. Ela tinha um currículo impecável que chamava a atenção, por isso rapidamente estava empregada. No seu primeiro dia de emprego, ela chegou no prédio vestindo um vestido longo com estampas e uma leve fenda ao lado da perna. Não usava muita maquiagem naquele dia, apenas o seu batom vermelho dava o toque em seu rosto. Assim ela chegou na porta da sala que seria sua. Uma roupa normal, uma mulher normal iniciando um novo emprego. 

Ao bater na porta um jovem abriu, e no mesmo momento parou  observando-a, ela se apresentou e entrou. Ele ficou nitidamente mexido, não conseguia tirar os olhos dela, notando assim que chegou diante dele, que ele havia se impressionado com ela. Mas Naquele momento ela só tinha um pensamento, trabalhar.

Assim fez, ignorou os olhares, as falas e seguiu os dias  trabalhando. Porém diariamente aquele menino inventava coisas para poder ficar ao seu lado . Ele pedia ajuda, pedia para ela o ensinar, pedia conselhos a ela, e falava da sua vida. Ele se dizia solitário e triste. Tinha desejo nos olhos, falava com ela e ficava extremamente excitado.Ela fingia não perceber.

Todos os dias ele se masturbava no banheiro olhando uma foto dela. Muitas vezes ela ouviu ele dizendo seu nome enquanto se tocava loucamente no banheiro da sala. Assim um mês depois ele confessou o interesse, disse que não aguentava mais que queria beija-la, toca-la, ama-la..

Mas ela não quis.

E disse não, disse diversas vezes não! 

Ele era um menino bonito, mais novo que ela, facilmente ela o levaria para cama. Mas algo nele, não a fazia bem. 

Ele não encarou bem a negativa dela. Ele mandava mensagens declarando o seu desejo, passando a enviar fotos de seu pênis, vídeos se masturbando, e gozando olhando as suas fotos de perfil. Dizendo que queria sentir sua vagina apertando seu pau.  E quando conseguisse, ela iria pedir para ser socada com força, iria sentar em seu rosto e gozar em sua boca, ela então iria enlouquecer de prazer.

Aquele não era o jogo dela, não daquela forma. Seu sexto sentido gritava em alerta.  Ela chegou a pensar:  "Pego ele dou um chá de perereca e ele me esquece,  ou e ele se apega mais ainda. 

Ela demorou a se decidir, e as investidas só pioraram, até o dia em que ele tentou forçar um beijo,e ela o empurrou dizendo não.  Daquele momento em diante ela viveu um verdadeiro horror, ele ficava a seguindo pelas ruas, se escondia entre lojas e prédios para cuida-la.

E as mensagens no celular seguiam: "Vou te comer nem que seja a última coisa que eu faça, vou bater com o pau mole no teu rosto até tu dizer que é minha". 

Com isso ele despertou muito nojo nela, e um sinal de alerta, de perigo.

Ela procurou sua supervisão que ignorou os fatos, e ainda a culpou, justificando o assédio, dizendo que aquilo acontecia porque ela era uma mulher provocante. Ouviu de outro supervisor, que mulher que usa roupa justa só procura por sexo. 

Raiva,nojo e vontade de mandar todos se foderem era tudo que ela tinha. Assim  em silêncio para não perder o emprego, ela procurou a delegacia da mulher, denunciando o caso de assédio. Depois voltou para mais um dia  de trabalho.  Quando chegou na sala novamente o menino tentou agarra-la, sem sucesso ele surtou fazendo ameaças. Mas depois de gritar e ficar brabo ele saiu. Ela respirou fundo e  seguiu trabalhando. Trabalhou o dia inteiro, e no final do expediente saiu tranquila. 

Vestia um vestido preto, e um chinelo, estava muito calor naquele dia.  Para chegar até o ponto de ônibus,passava por becos no Centro de Porto Alegre, e de um desses becos ele saiu com uma faca nas mãos, dizendo fica quieta . Ele encostou a faca no seu pescoço, dizendo que iria mata-la, que não tinha medo de ir preso e que ela não era a primeira mulher com quem ele faria sexo a força. 

A força que ele fazia contra o pescoço dela era tanta, que já escorria sangue pela faca. Em nenhum momento ela se desesperou, ficou calada e quando conseguiu fixou os olhos nos olhos dele. Ela penetrou num olhar tão profundamente, que ele devagarinho foi frouxando as mãos. 

Sem desviar o olhar ela disse:  Chega menino, tá esperando o que? Rasga minha roupa, me deixa nua, me toma com força nos seus braços, põem em meu colo toda aquela força das punhetas que batia pensando em mim. Vamos, ela dizia sem tirar os olhos dele, beija meus seios, morde minha bunda, me suga, sinta meu gozo, vem menino agora não é hora de ter medo, me come! Ela ficou repetindo baixinho "me come", enquanto esfregava as pernas, se contorcendo, mostrando estar com muita vontade.  

Assim ela o desarmou. Quando a faca caiu no chão, ela se ajoelhou diante dele,com uma mão começou a abrir o cinto dele, sem desviar o olhar, com a outra mão ela pegou a faca que havia caído. 

Ele baixou as calças e colocou o pênis para fora, e ela tocou levemente a cabeça com a língua. Tirou da boca e disse:  "Te quero bem babado, molhado, por minha saliva". 

Aquilo era tudo que ele queria. Mas como nem tudo é o que parece, sem ele esperar, ela passou a faca nas suas bolas, esguichando sangue. Na hora ele se ajoelhou gritando de dor, e ela sem tirar os olhos dele disse: "só faço sexo com quem quero, não sou domável, tão pouco domesticável. Meu corpo me pertence, uso a roupa que quero, nenhum homem tem o poder de achar que pode fazer o que quer com uma mulher por ter mais força física,  eu fui parida aos gritos por uma mulher, eu pari aos gritos uma filha mulher, sou bisneta de uma negra linda que foi inúmeras vezes abusada, estrupada em uma senzala. Eu não admito que homem nenhum me machuque! O que vocês tem de força eu tenho o dobro de inteligência, agora fica aí babado, não por minha saliva, mas por teu sangue".

Ela saiu dali plena, certa de quem era mais uma vez. 

Foi a até a delegacia da mulher e contou tudo. Na saída um jovem PM lhe ofereceu carona achando que ela estava cansada e com medo. Mas ela não estava. Naquele momento ela só queria o seu prazer como sempre. Ele estava no final do plantão e faria o mesmo caminho, então ela aceitou a carona 

E no caminho, eles se perderam. Ele se perdeu entre as pernas dela.Ela sempre dominante sobre ele se realizou , gozou em uma noite escura de chuva, Como quis e quando quis!

Com isso mulheres, nossa querida Amante nos mostra a realidade que vivemos, de abusos e assédios, julgamentos por roupas e maquiagem. No Brasil hoje a cada 6 horas morre uma mulher vítima de feminicídioA cada meia hora uma mulher é abusada, e a cada uma hora uma mulher é estuprada. 

Sejamos fortes e sem medo, afinal, metade desse mundo é feito de mulheres, e a outra metade são filhos destas mulheres.


DIOVANA RODRIGUES


Me chamo Diovana, tenho 40 anos, me apaixonei pela poesia com 13 anos de idade, e desde então escrevo. A poesia se tornou uma psicóloga para mim, um diário de desabafo. Não consigo escrever sem meu coração mandar. Não sei simplesmente sentar e pensar no que vou escrever. Simplesmente escrevo, brinco, eu escrevo sem pensar. Sou mãe, tenho três filhos, Mithelli que está com 22 anos e os gêmeos de 13 anos. Parece meio óbvio dizer que são tudo que tenho, mas é isso. São meu tudo. Trabalho com segurança privada, minha especialização dentro da área veio depois de anos. É algo que gosto de fazer, assim como cozinhar. Sou uma mulher de gosto simples, porém, de opiniões fortes. Sigo minha vida de forma leve, aprendendo, caindo e levantando ancorada em minha fé. Sou umbandista com muito amor e só tenho a agradecer às minhas frenteiras. Elas me ensinaram que cair é inevitável mas ficar no chão é opcional. Essa sou eu, essa é Diovana Rodrigues.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

COLETIVEARTS, 06 ANOS DE VIDA,
CONTANDO HISTÓRIAS, 
CRIANDO MUNDOS!


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