UM POUCO DE HISTÓRIA

 É da Lata!

Lendas urbanas são aquelas histórias difíceis de acreditar e que fazem parte do nosso folclore, nos identificam e, porque não dizer, nos fazem, às vezes, sorrir, outras ter medo e, certamente, pensar...

Aqui em Gravataí/RS, onde atualmente resido, há a lenda da Fonte do Forno que alerta: todos os forasteiros que beberem das suas águas não sairão mais de Gravataí. Tal lenda tem seu fundo de verdade, afinal quem hoje beber das suas águas ficará em Gravataí, ali mesmo, ao lado da fonte, morto.

Vivi metade da minha vida em Porto Alegre e na minha juventude três lendas urbanas me fascinavam. A primeira foi a da Loira do Banheiro. Na época que eu jogava basquete, alguém disse que havia uma loira no vestiário... sempre procurei a dita cuja, mas sem sucesso, só posso dizer que todas as loiras do banheiro que encontrei tive que levar comigo. Claro, levei morenas também. Outra lenda fascinante é a do sujeito que deu carona para uma moça até a frente da sua casa no Partenon, ocorre que ela esqueceu a carteira no carro e, na manhã seguinte, o bom samaritano foi até o endereço entregar, quando foi atendido pela mãe da moça que disse, estarrecida, que sua filha já estava morta há mais de um ano. Cruzes!

Agora, a minha favorita e a mais viajante de todas é a “da lata”. Contavam, quando eu era guri, que um iate vindo do Uruguai estava carregadinho com latas de quase 2 quilos cada uma e dentro delas havia maconha, isto mesmo, canabis sativa de altíssima qualidade, tanto é que pegou no idioma portoalegrês a expressão para designar algo muito bom: “é da lata!”. Pois então, este navio foi abordado pela Marinha Brasileira e, para não serem presos em flagrante, jogaram as latas no mar e muitas delas chegaram nas praias ao Sul, de Quintão a Cassino, a maior praia do mundo e, também, a mais feia, latas e mais latas apareciam nas areias, trazidas pela maré alta. A notícia se espalhou e o negócio era tão bom que, em plena ditadura, final dos anos 70 ou início dos 80, romarias de cabeludos, barbudos e de calças jeans de boca de sino e devidamente sujas rumaram, em pleno inverno, ao nosso idílico litoral gaúcho. Eram fuscas e kombis lotados, chegando a trancar a RS 40, lá na altura do Túnel Verde. Foi uma festa, parecia semana da criança nas escolas, com farta distribuição de doces, no caso os tais “doces”, quando não estavam boiando, trazidos pelas ondas com aquela água colorida de Nescau, já estavam disponíveis ao alcance de qualquer um, bem ali, sobre a  areia soprada pelo famigerado vento Nordestão. Não faz muito, soube a respeito de um casal de idosos que morava numa dessas praias ter encontrado uma daquelas latas e pensando tratar-se de erva mate fizeram chimarrão, ocorre que a canabis é poderosa em baixar a pressão e, ao matearem, a pressão baixou tanto que a idosa faleceu e o seu companheiro ficou internado no hospital, mas sobreviveu.

Lembrei agora que eu sofro de pressão alta, olha aí, quem sabe...

Obs.: ficção inspirada no Verão da Lata, em 1987, no Rio de Janeiro, quando um navio vindo da Tailândia jogou 22 toneladas de latas no mar e algumas chegaram até aqui ao nosso maravilhoso litoral.



NESTOR OURIQUE MEDEIROS


"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

COLETIVEARTS, 06 ANOS DE VIDA,
CONTANDO HISTÓRIAS, 
CRIANDO MUNDOS!


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2 Comentários

  1. Oi, Nestor, sou a Isab. As lendas são a parte boa da infância. A da moça morta q pegou um taxi tem várias variantes e qdo eu era criança eu morria de medo dela kkkk.

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  2. João Luís Martínez5 de março de 2025 às 12:30

    O "Verão da Lata" foi real. Lembro de estar numa praia de SC e alguns pescadores tentaram vender para mim e alguns amigos. Mas a lata que eles encontram e nos mostram tinha vazado e a cannabis tinha um cheiro horrível de coisas marinhas podres. Não rolou o negócio, rsrsrs

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