UM POUCO DE HISTÓRIA

 Escrever e ver

Olá!

Quando escrevi o Marilyn Monroe em Porto Alegre, não esperava que houvesse uma continuação e, muito menos, uma série chama As Aventuras do Detetive Oswaldo. Entretanto, uma palavra puxa a outra e, quando a gente se dá conta, tem mais uma história escrita e mais outra e assim vai, como se os personagens ganhassem vida própria e nos obrigassem a escrever suas peripécias.

Na verdade, estas histórias surgiram como uma espécie de terapia. Quando minha mãe adoeceu foi uma barra. Sabe, estas malditas doenças que não matam, mas, também, não curam? Pois é, quem já cuidou, ou cuida, de um familiar nestas condições sabe a que me refiro. O envolvimento emocional, afinal, mãe é mãe, a primeira pessoa que nos amou, nos deu a vida, torna a situação muito mais difícil do que já é. Neste sentido, talvez, para não enlouquecer, resolvi escrever uma história de ficção como uma válvula de escape, uma cachaça.

Aliás, escrever é um ótimo recurso para colocar as ideias em ordem, tentar entender os sentimentos, segurar a onda das ansiedades. “Conhece-te a ti mesmo”, já dizia Sócrates e, mesmo ele não havendo escrito nada, podemos usar a escrita como parte deste autoconhecimento. Concatenar ideias e fazê-las fluir de forma coerente no papel não é tarefa fácil e nem ocorre de forma espontânea, como peidar dormindo. É preciso esforço, romper a acomodação e ir além das selfies sorridentes no celular ou aqueles emojis que dizem tudo e, ao mesmo tempo, nada, porque substituem o que poderíamos escrever ou falar à pessoa amada (ou odiada). Vivemos numa época em que os toques na tela são o nosso contato com o mundo e com o conhecimento. E a leitura dos livros? Aquela porta aberta para um mundo além da nossa caverna, cujas luzes das telas dos celulares nos mostram uma realidade recheada de fake news, refletida nas paredes, como se fosse a única realidade? Sair da caverna e ver o mundo é imperativo! A leitura e a escrita são grandes ferramentas para viver esta aventura. Quem tem ou já teve um diário sabe dos efeitos terapêuticos que existem no ato de colocar os sentimentos e angústias no papel e, depois de ler com calma, se dar conta que os problemas não são tão grandes assim, ou, em outras palavras, ver que o bicho, afinal, não é tão feio e nem tão forte que não possa ser vencido. Leia e escreva, é difícil no início, dói um pouco, mas, depois, a gente se acostuma e, até, acaba gostando.

(Não se sinta culpado por sorrir maliciosamente, frases de duplo sentido tem este efeito.)

Bom, depois deste pequeno desvio, vamos voltar ao assunto do livro. O tema e a época para escrever o Marilyn vieram ao acaso. Imaginei um detetive ao estilo Anfred Bogard, naqueles Filmes Noir, ambientado na Porto Alegre de 1960, ano em que nasci. Entretanto, pensando melhor, nada nesta vida é ao acaso, tudo está ligado! Agora, vendo sob este ângulo, me dou conta que a minha formação teve grande influência daqueles filmes em preto em branco, que passavam nas matinés, nos cinemas de rua (e não nos shoppings, como hoje), aos fins de semana e, também, na televisão, produzidos nos anos 1940 e 50. Aliás, a televisão só funcionava após as três da tarde e não passava da meia noite. O resto do tempo era o “chuvisco” ou um símbolo redondo, com o desenho do rosto sorridente de um indiozinho. Lembra? Ficávamos aguardando o início da programação, impacientes olhando para o vidro daquela caixa, imaginado que as pessoas se espremiam, passando por dentro do fio da luz para entrarem na nossa televisão. Enfim, como podes perceber, nada foi por acaso nas escolhas feitas nestas histórias do Detetive Oswaldo, mas, tudo tomou uma dimensão muito maior do que eu imaginava no início, ao escrever de forma singela e despretensiosa... Opa!... Aqui, uma correção se faz necessária, pois, ouso afirmar que na vida há de se ter pretensões e, quem sabe, na sua lápide, um dia (espero que muito distante), esteja escrito: aqui jaz um pretensioso.



NESTOR OURIQUE MEDEIROS


"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

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1 Comentários

  1. Oi, sou a Isab. Gostei muito dAs Aventuras do Detetive Oswaldo e recomendo a leitura.

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