CINE METRÓPOLE

 

Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo!

Este é o penúltimo filme dirigido por Hugo Carvana,  a ante-penúltima atuação de uma brilhante carreira, mas nesse filme ele não é protagonista. 

O filme conta a história de Lalau Velasco (Gregório Duvivier), um comediante que desiste do sucesso, para viver a arte na essência. Viaja o Brasil todo, numa Kombi personalizada para apresentar com liberdade sua arte. Ao seu lado, seu pai, Ramon Velasco (Tarcísio Meira), um veterano ator que vive de trambiques e pequenos golpes. As "cagadas", como ele mesmo intitula, com orgulho. Apesar dos apelos de seu filho, que agora está apaixonado por Rosa (Mariana Rios), nativa de uma das praias onde se apresenta e quer sossego, Ramon sempre lhe responde: "Não se preocupe, nada vai dar certo!".

Um mantra que de uma forma diferente, diz: "Vamos viver, pois tudo é curto nessa vida. Inclusive a vida!".

Lalau está tentando recomeçar nos palcos, depois de mais uma fuga as pressas, movida por mais um trambique de Ramon, o que o deixa magoado com o pai, quando conhece Flora Beltrão (Flávia Alessandra), uma sedutora jornalista que é assessora de empresa do casal de empresários Rodolfo Magalhães (Herson Capri) e Carol Gomide (Angela Vieira).

Flora faz a ele uma inusitada proposta: se fazer passar por um guru indiano, para um workshop de alguns dias, que ajudará na imagem do casal. Dado o pagamento substancioso, Lalau aceita e em segredo abandona seu pai. 

Ramon, ferido, se faz passar por um embaixador estrangeiro, acompanhado de um padre (Hugo Carvana) e se infiltra no workshop, fazendo tanto sucesso quanto o filho. Começa uma leve competição entre eles, que talvez tenha que ser deixada de lado, quando algo obscuro acontece.

Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo, é mais um filme do estilo Hugo Carvana: o vigarista boa-vida e gente boa que só quer curtir a vida com grana e seus amigos. Carvana inclusive faz um ator veterano, que é um trambiqueiro, como seu amigo Tarcísio Meira, relembrando seu clássico Dino Meireles, o mais amado trambiqueiro do cinema brasileiro.

É um filme que começa bem fraco, mas que com o carisma de Tarcísio e muito esforço de Gregório, consegue pegar um ritmo bem aceitável.

Não está à altura de clássicos como Vai Trabalhar Vagabundo, Se Segura Malandro e Bar Esperança, mas é um filme honesto e agradável.

O filme não é uma ode a boa-vida, como pode parecer, mas uma homenagem ao ofício de atuar. A arte de usar as máscaras que escondemos nos bolsos, ao longo da vida e dar uma vida a elas, uma história e com essa história, entretenimento para o povo. Isso fica evidenciado com o final musical com todos os atores e atrizes do filme encerrado com a cara sorridente de Carvana. Quase como uma despedida. Com certeza, um "Gracias a la vida, que me ha dado tanto!".

Assistam! Vai relaxar vocês. No mínimo.

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Davison Silveira

Davison Silveira é escritor e sonhador. Não ganhou dinheiro com nenhuma das duas, mas continua achando que as respostas da vida estão em alguma canção do Belchior, num disco de Dylan, num livro de Kundera, numa revista do Asterix e nos beijos de Denise. Para ele o sentido da vida é Centro-Bairro. E segue sua vida esperando o retorno daquele que veio dos Céus para nós salvar: Goku. Ou que finalmente resolvam fazer a versão 600 ml do refrigerante Teem

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."

- Ricardo Mendes

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