Crime & Poesia
De David L. Carlson e Landis Blair

Já ouviu falar (ou até assistiu) a série “Tulsa King”, com Silvester Stallone? Para quem não acompanha série ou não é muito adepto às novelas americanas com grandes astros, Tulsa King é uma série que acompanha Dwight Manfredi, um ex-mafioso que é enviado para Tulsa, Oklahoma, após cumprir 25 anos de prisão. Lá, ele tenta construir um novo império criminoso. Esses 25 anos ele cumpriu por um crime que não cometeu, mas por causa da boa relação de amizade entre ele e seus comparsas mafiosos, que prometeram cuidar de sua família enquanto ficava preso.

A obra Crime & Poesia poderia ter se tornado um filme, até transparece que a série da Paramount copiou a história bizarra ocorrida na década de 20, só que bem mais branda.
A hq, em capa dura, de boa gramatura, conta a inusitada e surpreendente vida de Matt Rizzo que lhe foi contada ao próprio Carlson pelo filho de Matt, Charlie Rizzo.
Seu pai vendia seguros e morava sozinho, cercado de livros e uma máquina de escrever. A maneira como Matt Rizzo conduzia as ações, os movimentos no ambiente, as leituras e a calma em explicar cada detalhe, crescia entusiasmo em Charlie. Uma vez que este se envolveu num problema com a polícia, Matt Rizzo resolveu lhe contar sua verdadeira história, seu envolvimento com mafiosos, sua cegueira e como foi parar numa prisão.

Mas foi exatamente neste ambiente que Matt Rizzo estabeleceu um novo universo pra sua vida quando conviveu com outros dois prisioneiros que fizeram fama de um dos crimes mais comentados daquela década nos estados Unidos. Matt descobriu a poesia e a literatura, aprendeu a ler em braile e seu primeiro livro foi Inferno, do épico A Divina Comédia. Interessante ver a comparação entre as fases de cada Inferno do livro com a própria situação no presídio, pior ainda sem visão, sem noção do tempo e do que poderia acontecer de maneira inusitada. Poderia morrer a qualquer momento.
A trama é quase toda voltada na relação entre pai e filho, havendo flashback em muitos momentos, como que uma pausa entre cada detalhe importante. Toda essa trama, os contos aleatórios e repentinos, não saem do contexto até que vai-se percebendo que tudo leva a um objetivo: redenção. O personagem escapa da escuridão interpessoal por meio da arte e da literatura, liberta sua mente, transforma-se em outro homem para conviver em liberdade mais uma vez.
Meu ponto de vista do roteiro é que poderia ser mais direto. Em alguns momentos parece que a história trava, mas não impede de dar continuidade ao que já sabemos o final. O lado negativo desse tipo de narrativa é sabermos o que ocorreu no período antes do que estamos lendo, então o suspense não consta como fator principal. Já a arte é bem escura, lápis, sombra e nanquim em abundância, como se a história demonstrasse pelos olhos (cegos) do personagem.
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Matt Rizzo e Charlie Rizzo |
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