Um Índio em Niterói
Niterói é uma cidade boa de se morar no Rio de Janeiro. Ex capital do Estado, depois que deixou de ser capital, viveu seu apogeu nos anos 90, transformando-se numa cidade com vários atrativos para seus moradores e motivo de orgulho entre dez e dez niteroienses.
Cidade que tem uma praça chamada Araribóia, recebeu uma visita de alguém vindo de longe. Exatamente do Pantanal, Raoni saiu da sua tribo Bororó para conhecer o homem branco. Sua gente estava dispersa por aí e resolveu conhecer a cidade grande. Saiu com o que tinha e desembarcou na rodoviária Novo Rio.
Em solo desconhecido, Raoni foi procurar um lugar para ao menos repousar e depois decidir para onde ia e o que fazer pela cidade. Achou uma pousada barata perto da rodoviária
No dia seguinte, enfim, saiu para conhecer a cidade grande. Foi andando pelo centro do Rio. E pelas ruas, observava com atenção como era a vida das pessoas da cidade e como elas tinham pressa, entre essas, algumas mal educadas e sem coração. Com alguns conseguiu conversar e procurar entender o modo de vida das pessoas e como conseguiam viver desse modo estranho. Parou numa banca de jornal e leu na capa que um grupo de rapazes mataram um morador de rua enquanto este dormia. Sentiu-se acuado e com medo do homem branco. Sentiu fome e procurou um lugar para almoçar. Avistou um boteco simples que parecia oferecer uma comida boa e preço honesto. O índio ficou encantado com que comeu e mostrou ser bom de copo. Bebia bem e fumava seu cachimbo de uma forma que dava gosto de ver. Foi criando amizade com os convivas do ambiente. Até que o dono do botequim o convidou para trabalhar no recinto.
Aceitou o convite e no dia seguinte começaria no trabalho e viveria uma vida nova no meio social onde ele era diferente e principalmente em um campo onde achava tudo desconhecido. Seu Alberto, seu patrão, o convidou a ir a sua casa em Niterói, já que ele estava na pousada perto da rodoviária. Ao irem embora, se dirigiram até a praça XV e foram para a cidade do amor de barca. Raoni se impressionou com a quantidade de gente usando as barcas e a Baía de Guanabara. Avistou a ponte Rio-Niterói, ficou abismado com o tamanho da ponte e o que passava em cima. Na viagem para casa, seu Alberto contou a história da sua cidade e que, em tempos passados, a cidade já teve o seu pajé, o Araribóia. Isso deixou Raoni alegre. Já se sentiu um pouco em casa, apesar das enormes diferenças de onde vivia para onde estava agora.
Na casa de Alberto, Raoni se acomodou e conheceu dona Ana, esposa de Alberto. Ela tratou de arrumar o quarto que era do filho único do casal que morreu anos atrás, de acidente de moto. Cansado do dia cheio que teve, não demorou a dormir. Todos amanheceram cedo, tomaram um belo café da manhã, e os Alberto e Raoni foram para o boteco trabalhar. Alberto ensinou pacientemente tudo que o rapaz tinha que aprender no serviço e foi mostrando a ele como conviver da melhor forma possível na cidade grande, até ele se harmonizar com a vida nova.
Daniel Filósofo |
INTIMIDAÇÕES!
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