NAVALHAS AO VENTO

 PAULO BETTI  VISITA A ALDEIA DOS ANJOS

A noite de hoje foi de muita magia. Aliás, a tarde também foi mágica.

Na tarde do dia 25 de setembro o SESC Gravataí nos presenteou com um workshop com o ator Global Paulo Betti. Eu sempre gostei de vê-lo atuando, mas a partir de hoje estou apaixonada. O cara não é apenas ótimo ator, é uma pessoa fantástica. O workshop foi uma aula de atuação e de vida.

A simplicidade dele era notada não apenas pelas roupas simples e tênis comuns, mas na recepção, pois ele recebeu cada um de nós com um aperto de mão e um beijo no rosto, agradecendo a presença de cada um. Também era simples na forma de falar, com muitos palavrões, contando sua história de vida de maneira simples e poética.

Como aluna de oficina de teatro me senti representada e agradecida por cada dica que ele dava. Conversava com cada um como se fossemos velhos amigos e foram duas horas de aprendizado que voaram.

As 20h os 777 lugares do teatro do SESC estavam praticamente lotados para a apresentação da “Autobiografia Autorizada com Paulo Betti”. O monólogo, protagonizado pelo próprio, conta sua trajetória de superação de origens humildes no interior do Brasil até a fama no teatro e na TV. Relata a história da imigração italiana de seus avós e suas memórias de infância e adolescência em Sorocaba. A peça tem direção de Juliana Betti (sua filha) e Rafael Ponzi e utiliza projeções para recriar a casa onde morava. Muitas fotos no telão nos trazia os rostos de sua infância: mãe, pai, avó, irmãos. Documentos da imigração, certidões, a casa onde se criou, o bolicho do pai, tudo isso era projetado para nosso deleite.

A memória afetiva do ator é tão viva, em cada detalhe, no cachimbo do avô, no pião, nas cinco marias, na trilha sonora, no som dos pássaros... que é quase palpável. Eu podia quase sentir cada memória. Muito emocionante a forma como ele retrata sua vida, agradecendo cada vitória, cada degrau galgado. Durante a apresentação, Paulo desce do palco e vai até a plateia apertar a mão de cada um, agradecendo pela presença. Me chamou a atenção o jeito como ele olhava nos olhos de cada pessoa.

Paulo Betti não esconde suas raízes humildes, décimo quinto filho, não tem vergonha de contar que era nascido numa senzala (local onde os imigrantes italianos ficaram quando chegaram no Brasil), criado em quilombo, filho de uma empregada doméstica analfabeta e pai servente de pedreiro, esquizofrênico que frequentemente era internado. Andava de pés descalços e muitas vezes tinha que raspar os pés com cacos de telha para limpá-los.

Demonstrou, sem pudores, seu posicionamento político, debochou da ideia da “terra plana”, falou sobre os desatinos do PL que nega que houve uma ditadura e culminou debochando de quem desabona e espalha notícias errôneas sobre a lei Rouanet.

Paulo Betti ganhou meu coração. Já era fã do excelente ator, agora sou fã da pessoa que ele é. E, com muita cara de pau, disse a ele: - Estou apaixonada por ti. – Onde ganhei uma grande e gostosa risada enquanto fazia uma self.

Se essa peça chegar a tua cidade, não perca, vale a pena. Mas o ministério do coração adverte: ESTE MONÓLOGO PODE CAUSAR EMOÇÃO.


Isab-El Cristina
Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras, é Diretora Cultural do ColetiveArts.

Escute o episódio do podcast Coletive Som gravado com Isab-El , clicando Aqui.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes


COLETIVE ARTS, 07 ANOS DE VIDA,
SENDO A MAÇÃ DE ALGUNS,
EU SOU A MOSCA QUE POUSOU
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2 Comentários

  1. Viva Paulo Betti e a sensibilidade do teu texto. Parabéns! (Nestor)

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  2. Parabéns! Disse tudo, me senti representado.

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