Domingo

   


   Passou a bagunça do almoço. Mãe e a tia saíram pra passear no sol. Pai deixou a louça pra lavar depois, botou um jazz macio pra tocar e dormiu no sofá.

   Eu fiquei na mesa, tomando o resto da minha cerveja e olhando o sol que desenha as janelas no chão.

Fiquei à vontade.

   Devagar, o trompete embalou a saudade, ansiedade, lembranças, esperanças e todo o resto a escorrerem pelo meu rosto.

   Há dias venho embargando as lágrimas que volta e meia esse turbilhão que gira dentro de mim insiste em criar.

   É o que resta pra quem segue, pra quem luta, pra quem recomeça em todo dia de amanhã.


Texto: Rafael Ilhescas
Arte: Jorginho

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