ícones Iconoclastas
loucos profetas discursando
escritos e símbolos sobre paredes encardidas
misérias em setores desconhecidos
fragmentos que poderiam passar despercebidos
vidas sequelas velas
faces mórbidas encaveiradas
cobertas em peles feridas
amarelas frontes contorcidas
congeladas em fúria e paz
gengivas sem nenhum mais
ao redor de mesas
debruçados em balcões
ou espalhados pelas calçadas
envoltos pela neblina
da fumaça expirada
filosofias mundanas
dos sábios vagabundos
atingindo a iluminação
do não querer fazer parte
da mentira institucional
enquanto porcos sedentos por mais
matam roubam lucram
sem o menor pudor
com fé na mentira
que nem eles acreditam
mas o iluminado não se deixa enganar
continua seguindo em frente
sem se deixar abalar
ignorando os ignorantes
que pensam saber
a luz cresce em seu interior
proporcionando poderes telepáticos
empáticos pela própria natureza
de não pertencer ou ser pertencido
poderia ter acontecido
conseguindo ver através do concreto
passando pelos portais desintegrados
muito mais des
que engraçados
com olhos marejados
lembrando de velhas importâncias
há muito desimportantes
como aqueles eternos instantes
que viraram poeira na estante
com desprezo pelo equilíbrio e pela constância
sem querer caber
se encaixar
entrar
fazer parte
pertencer
apenas seguindo livres
sem os grilhões
da perversidade camuflada
ignorando as linhas estabelecidas
pelo mentiroso status quo
sabendo que o ser e o não ser
o tudo e o nada
não existe
é tudo a mesma coisa
sendo diferente
sabedorias nas tábuas
das portas dos banheiros
que têm pedaços de jornais pendurados em ganchos
para que fiquemos menos sujos
da sujeira que menos importa
vários espaços de contemplação
e trocas de experiências
espalhados em cada micro
universo
cosmos
naquele bar
que ficava além da pequena porta
com aquele altar
cheio de figuras profanas
que nunca sairão da memória
baseado nisso
cerveja só
e se de repentelho
a alegria venha em pó
o que siririquiamos de nós
nádegas
a ponte que partiu
ninguém entrou
ninguém saiu
ninguém caiu
nada aconteceu após sarjetas sorridentes
mostrando a gargalhada noturna
sob a chuva temperada
de sal soro
e lágrimas perdidas
Texto: Fabio da Silva Barbosa
Arte: Nathália RL
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