MICROSCOPIA DO OLHAR




O tempo dentro do tempo


               Dias que se sucedem tais como uma espécie de tempo à parte do tempo principal. Momento de parada forçada, aceita com mais facilidade por uns; totalmente rechaçada por outros. Um tempo outro que nos solicita olhar para todos os detalhes. Olhar para coisas que deixamos passar e para coisas que queremos enterrar definitivamente. Deixar ir embora o que não serve mais; buscar aquilo que se deseja e que o dinheiro não pode comprar. Sabia que existe isso? Muitos não sabem.

             Um tempo que mostra a nossa casa, a nossa família, o nosso trabalho, a nossa escola. Tudo sob outra perspectiva. Assustador para muitos. Redescoberta para outros. Hora de descobrir o que se ama de verdade, na essência. Hora de enxergar o que se manteve por conveniência e que guarda um porão de tristezas. Momento de faxinar o porão.

             Uma chance de se encontrar consigo mesmo em uma pausa temporal e deixar cair a máscara. Desnudar-se. Confrontar-se. Quantos terão essa coragem? A quem devemos consideração a não ser a nós mesmos? Nos reconhecemos atrás de toda essa roupagem cruel e irreal que costuramos em nós ao longo dos anos? Somos aquilo que idealizamos quando crianças?

        Recebemos um parênteses no texto do universo para nos reconfigurarmos enquanto seres racionais, humanos e finitos. Um tempo dentro do tempo que requer sinceridade individual, desapego e compreensão da nossa dimensão enquanto transitórios na eternidade que nos constrói. Saberemos o que fazer com isso? Só o tempo dirá.












Por Patrícia Maciel

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