O maior problema



O maior problema

Não seja um leitor desatento. Não se confunda. Se precisar, leia novamente. Quantas vezes forem necessárias. Isso daqui é um texto sobre amor. Amor verdadeiro. Aquele que sentimos vir fundo, mas não sabemos exatamente de onde vem nem para onde vai. Todos atentos? Podemos começar então? Lá vai!

Vocês lembram do momento que vocês escolheram amar alguém? Aqui excluímos várias pessoas. Pais, mães, irmãos, familiares em geral, bichinhos de estimação, enfim, todo amor incondicional. Não estou falando isso. Estou falando quando escolhemos abrir nosso coração para alguém. Um amigo novo na faculdade ou no trabalho. Quando aceitamos ser padrinhos do filho de algum primo distante, sem saber o direito porque fomos escolhidos. Uma namorada ou namorado. Em todos estes casos, são pessoas que mal conhecemos. Não conhecemos a suas história. Não conhecemos as suas dores. Não conhecemos absolutamente nada a não ser o que vemos no convívio básico. Isso cria um sentimento possivelmente efêmero. Mas ainda assim, um sentimento que pode persistir. Então, chegamos a uma encruzilhada, devemos ou não dar atenção?

Os mais rancorosos diriam que não. Pois já viveram e sofreram demais com sentimentos não correspondidos. Os mais otimistas diriam que você deve tentar pois pode dar certo. Afinal, sempre existe a possibilidade. Existem os pessimistas, que darão tempo para ver se aparece algum indício que pode dar certo. E existem os loucos. Puros de alma que amam tudo e todos. Para eles, é mais fácil, pois se entregam na primeira oportunidade.

De todo modo, esse tipo de amor tende a ser cíclico. Ele tem inicio, meio e fim. Eis o maior problema. O que fazer quando esse amor acaba? Antigamente, era usual brigas homéricas, falar na cara, mandar embora e um “até nunca mais”. Com o advento da tecnologia, como anteviu a série Black Mirror, as pessoas simplesmente começaram a bloquear os seus ex-amores para não ter que falar sobre. Em outras palavras, não sofrerem. Mas o outro? Aquele que juramos eterno respeito. Juramos eterno amor em certos casos. Afinal, por que juramos? Será que esse amor, esse amor que escolhemos amar é tão forte assim? Será que conseguimos nutri-lo o suficiente para ele se tornar realmente eterno? Voltando, e o outro? Quando o amor acaba, eis o maior problema. O que tu prometeste? Como tu prometeu cuidar do coração para quem você entregou o seu? Você, ao final de tudo, vai devolver o coração do outro? Você devolveu?

Eis o maior problema.


Texto: André Palma Moraes
Arte: Jorginho                      

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