O SIMIÓIDE


                                                                ADAPTAÇÃO


   É preciso se adaptar. Sempre foi. Desde quando saímos das cavernas até as jornadas em baixíssimas temperaturas do espaço sideral. Agora, vivemos um dos capítulos mais tristes da nossa existência. Uma pandemia mundial que já ceifou mais de 100 mil vidas. E contando. Mas o que podemos fazer contra esse fato que está espremendo cada gota de paciência de cada ser humano sobre a face da terra? Da nossa parte, creio que o mais sensato em um primeiro momento é absorver o momento. Parar, pensar, esperar a cabeça parar de girar.  


   Pronto. Respire: a resposta é e sempre vai ser produzir. Mas produzir o quê? Como? Quando? Então, o leque é muito grande e garanto que se abriu mais ainda nesse período de isolamento. Quem não acompanhou a live de algum artista? Quem não teve que usar muito mais as redes sociais para divulgar o seu trabalho? Quem não entrou nas redes sociais por falta de outro método de divulgação e apresentação de seu trabalho? É preciso se adaptar. Sempre foi. A natureza coloca à prova nossa arrogância novamente e continuará colocando. Até desistirmos.

   Mas quer saber? Nós somos seres humanos. Nós não desistimos. Nós somos a pior praga que já apareceu sobre esta terra e assim continuaremos! Sobrevivemos à peste negra, à gripe espanhola, ao ebola, a todas as gripes e tantas outras doenças. No meio disso tudo, vimos Alexandre conquistar metade do mundo conhecido. Vimos os hunos invadirem a China. Construímos e destruímos o Império Romano. Vimos a União Soviética crescer e cair em desgraça. Construímos pirâmides, torres, castelos, pontes, cidades, computadores, foguetes. E nós, artistas? Nós rimos na cara do perigo, como diria o jovem Simba. Produzir é preciso, produzir é necessário. É hora de expandirmos a nossa mente no mesmo passo que expandimos o nosso público. Pegue todos os seus projetos antigos. Ponha sobre a mesa. Olhe para eles. Principalmente para aqueles que menos se gosta. Estamos vivendo a pior época em tempos. Eis a época que menos gostaremos de nossas vidas inteiras. É hora de usar tudo isso: o contexto político, o contexto histórico, o contexto social, a fantasia, montar ficções, desbravar a própria mente atrás da obra que vai dar sentido a todas as outras.  

   Provavelmente só teremos esse momento, momento desse tipo, momento dessa magnitude, momento dessa força, momento com tamanho potencial de introspecção no nosso tempo de vida. É hora de agarrar tudo isso e usar.


   Afinal, se não for para fazer agora, dar a cara à tapa agora, quando todos estão atentos às telas nas quais podemos entrar de graça, então quando?

   Aqui o Simióide, encerrando mais uma transmissão. Escrevendo uma coluna por semana e diversas análises de produtos audiovisuais em instagram. com/wasd.space/ Ainda pensando em como transformar tudo isso em arte. Uma hora vai aparecer, ah se vai. 


André Palma Moraes
 


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