O SIMIÓIDE.


A arte suprema


É estranho pensar que exista o máximo de alguma coisa. Um limite para algo. Uma arte que junte todas as outras e entregue uma experiência única. Mas ela existe. Ela se chama: videogame. Sim, aquele objeto nefasto com imagens violentas. O que o pessoal esquece é que existem (sempre existiram) jogos de todos os tipos. Como em qualquer indústria da arte, por assim dizer, existe sempre uma predileção do público, eis os jogos violentos. Mas por que isso?Simples, pelo impacto causado.

            Os videogames (sim, os jogos são os videogames; a máquina que roda os jogos se chama console) são uma arte nova, do início dos anos 1980. Estou desprezando o que foi feito antes, pois toda arte tem um início. Chamamos aquilo pelo mesmo nome, mas não é a mesma coisa. Apesar de
Pong ser o primeiro jogo, é quase impossível compará-lo artisticamente com H.E.R.O. Sendo os dois da mesma plataforma, o Atari 2600, e tendo poucos anos de diferença. Talvez nem tão poucos assim, vide o avanço ultra rápido da informática. Voltaremos nesse assunto logo mais. Então, os videogames são uma arte muito nova, pegando o lançamento do Atari em 1977, temos 43 anos.

            Mas afinal, por que essa esquizofrenia visual é a arte suprema? Com certeza não pelos números. Ela é a maior de todas por juntar todas as outras. Desenho, música, pintura, 3D, atuação e dança através da captura de movimento. Já existiam jogos que eram todos filmados. Enfim, uma síntese de técnicas audiovisuais. Além disso, o que mais me impressiona é a possibilidade de participar diretamente da narrativa ou fazer parte dela. Com isso, aumentando a imersão do “espectador” (aqui não cabe esse termo) na história. Isso é um fator tão forte. Eu faço parte de um grupo de pessoas que cresceu com o videogame, com isso, temos uma identificação muito forte com um jogo, um console antigo, ou até mesmo com um da época. E olha que nem estou falando do fator social, exacerbado com a entrada da era dos jogos online. Estou falando simplesmente da experiência de sentar e jogar algo.

            Como eu já disse, as pessoas que não fazem parte dessa cultura, normalmente lembram de videogames por suas obras mais polêmicas. Justamente, elas se tornam polêmicas pela força que têm ao propiciar uma experiência tão abundante sob certo ponto de vista de realidade. Seja social, político, afetivo, etc. Quero ressaltar ao meu caro leitor que essa mesma força ocorre de todas as formas, só que no lado alternativo da coisa, como sempre. Temos
Valiant Hearts, um jogo feito para lembrar a primeira guerra em seu centenário. Feito junto à organizações que estruturam a história da época. Várias memórias reais foram empregadas no jogo. Não existe quem não chore com essa história. Temos Never Alone, uma história de uma menina esquimó e sua amiga raposa, totalmente inspirada em lendas esquimós e com um forte cunho ambiental, ressaltando a importância de estarmos atentos ao aquecimento global e à destruição de biomas.

              Enfim, muitos e muitos jogos que te colocam, literalmente, no meio de um contexto
importantíssimo, com um texto primoroso e uma arte mais maravilhosa ainda. Ah, e as músicas! Que músicas! Isso me lembra que eu tinha que voltar no assunto “avanços tecnológicos”. Então, por mais que eu tenha usado esse termo provocativo no título, devo dizer que eu mesmo nunca encostei nessas realidades virtuais de nova geração. É tipo videogame, mas não é. Afinal, deram mais um passo na imersão. Ou seja, será que teremos uma arte suprema algum dia? Isso é assunto para outra hora.

            Aqui o Simióide encerrando mais uma transmissão. Feliz de poder extrapolar o pensamento
além do futuro da arte em um momento tão sombrio da existência brasileira. É...basicamente aqui. Aqui que não se aprende nem com o bom senso, imagina com a natureza. Em pensar que fora daqui, em alguns lugares, a coisa já deve ir voltando ao normal. Aqui, acho que nunca voltaremos ao normal, se é que estivemos um dia.
 


André Palma Moraes
 

Postar um comentário

0 Comentários