Que vençam as bruxas!
Vocês acreditam em bruxas? Pois eu sempre acreditei. E sempre tive muitas perguntas sobre elas. Seriam as bruxas senhoras idosas, feias e moradoras da floresta como se ouve nas lendas e histórias infantis? Seriam elas mulheres assustadoras como nos filmes? Ou amigáveis e sábias, estilo professora McGonagall, de Harry Potter? E a que mais me incomoda, se tudo isso for verdade, porque quando vemos representações das fogueiras da inquisição a seuposta bruxa ali, sendo queimada, costuma ser uma jovem bonita e não uma senhora como as descritas anteriormente?
Tudo isso, meus amigos, me leva a refletir. Como historiadora e boa curiosa que sou, estou sempre procurando sanar minhas dúvidas. Pus-me a estudar a inquisição e as ações do Tribunal do Santo Ofício. Iniciando suas atividades no início do século XII até o século XV, com o que é chamado de Inquisição Medieval, em seguida, iniciou-se a Inquisição Moderna, que perdura até o início do século XIX. O tal tribunal foi responsável por tentar acabar com toda e qualquer prática que fosse considerada heresia pela Igreja Católica. Dentro destas formas de heresia encontra-se toda e qualquer manifestação religiosa que não estivesse de acordo com os preceitos da Igreja.
Nisso, iniciou-se uma verdadeira “caça às bruxas”. Desde torturas, cujos métodos até Deus duvida, até testes absurdos que levavam a vítima a uma morte cruel e absurda. De nada mais podia-se duvidar dos inquisidores. Todos homens. Homens de Deus, claro. E as vítimas? Mulheres, na sua maioria. As consideradas culpadas pelo Tribunal eram levadas a fogueira, queimadas em praça pública, como bruxas, claro. E assim se começa a cultura do medo.
Mas quem, afinal, eram essas mulheres? Aquelas que não casavam, que muitas vezes viviam isoladas. Aquelas que detinham conhecimentos ancestrais, sobre ervas e outros métodos de cura. Talvez mulheres a frente do seu tempo. Talvez bruxas, de fato. Nunca saberemos. Porém, mulheres que certamente incomodavam a Igreja.
O que me leva a pensar nos dias atuais. Quantas somos nós, as mulheres, que incomodam. Que incomodam Igrejas e seus fiéis. Que incomodam políticos e seus seguidores. Que incomodam tantos homens, que se dizem donos de uma verdade que nem é deles.
Seriam sábias? Seriam anciãs? Jovens? Bonitas? Feias?
Não sei.
Talvez todas as respostas acima.
Seriam bruxas?
Com certeza, mulheres a frente do seu tempo.
Se forem bruxas, que vençam as bruxas!
Cris Bastienllo é escritora, historiadora e artista visual. Além de de ser uma artista engajada, é apresentadora dos Saraus do ColetiveArts Também apresenta o programa de entrevistas Colagens da Cris no instagram do Coletive:https://www.instagram.com/coletivemovimento/
E hoje tem Colagens da Cris Live, às 20;00 no istagram do Coletive, uma entrevista com a fanzineira e agitadora cultural Thina Curtis, cola com a gente.
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