Amo trabalhar em grupo. Foi assim que cresci enquanto profissional, com muitas aventuras e trabalhos em equipes. Contudo, isso nunca foi fácil. Tanto nos grupos de pesquisa dentro da Universidade, quanto nos meus estágios, eu e minhas equipes batalhamos muito para caminhar no mesmo passo, harmonizar as mesmas ações e trabalhar em igualdade.
Essa igualdade nunca foi abrir mão das nossas individualidades para generalizar todo mundo. Pelo contrário, trazíamos à luz o potencial de cada um e suas fraquezas, para que cada um atuasse no momento certo. O mais carismático sempre fala pelo grupo todo o que o mais racional e estratégico tinha sugerido. O mais criativo (normalmente era eu) sempre organizava as ações artísticas e inovadoras, enquanto que o mais ponderado e articulado negociava diante dos conflitos. Nós aprendemos a respeitar a posição de cada um e aceitar nossas limitações.
Atualmente, os trabalhos de grupo que presencio são totalmente descompassados, como se uma banda de indie-pagode-funk-folk tentasse fazer sucesso. Cada integrante quer brilhar mais, quer ser o papel de todos, quer provar que faz o que todos fazem, quer ser o mais essencial, popular e necessário, deixando de lado a tarefa básica a qual lhe foi delegada. Ninguém percebe o quão desastroso está sendo o show, para a plateia. O palhaço força um solo de guitarra, enquanto que o baterista tenta tirar notas de um violino, para completar o desastre, o vocalista corre por todos os demais instrumentos, tentando tapar os furos do grupo e se esquece de cantar. É o caos!
Quando finalmente a cortina se fecha, os integrantes da banda sem título ou estilo percebem o desastre de forma distorcida: culpam cada outro do conjunto, invés de admitir que seu próprio trabalho também deixou a desejar. Depois de horas de drama, amizades desfeitas e picuinhas enraizadas, o conjunto retorna aos palcos, a mercê da própria sorte, se equilibrando na corda bamba entre o pandemônio e o fiasco.
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