REAL DEVANEIO

O carro preto misterioso

Eu sempre fui muito observadora e adorava correr, qualquer coisa que pudesse acontecer já estava preparada para dá no pé.

Certo dia, minha mãe resolveram levar meu irmão e eu até a casa da minha vó junto com uma amiga, minha mãe pegou a bicicleta e nos colocou na garupa, enquanto Sandra a amiga ia na outra bicicleta. Fomos caminhando conversando e rindo distraidamente, até que minha mãe se acidentou, conseguiu cair da bicicleta conosco na garupa e acabou machucando o braço.

O acidente foi um pouco estranho, talvez ela tenha perdido o equilibro, mas prosseguimos até chegarmos na casa da minha avó. Ela não estava em casa, pois trabalhava durante a semana. Nós apenas íamos lá para limpar a casa, assim quando ela chegasse encontraria tudo limpinho.

Bem, casa limpa, tudo em ordem, caçamos o caminho da roça novamente. Ah, essa expressão é usada quando vamos para casa. Dessa vez fomos caminhando, pois mamãe estava com o braço machucado, a caminhada foi um tanto quanto divertida, já se passava mais das 21h e a rua era um pouco deserta com pouca iluminação nos postes da cidade. Como disse anteriormente, a caminhada estava divertida, quando de repente passamos por um local chamado “Portão de Pedra” esse lugar era muito mal falado por conta dos sequestros e mortes que aconteceram ali na época.

Éramos quatro pessoas, dois adultos e duas crianças, estávamos distraídos e conversando normalmente. Quando nos demos conta, surgiu um carro todo preto com vidros escuros que parou bem do nosso lado. Rapidamente dois homens armados e com jaquetas pretas gritaram pra gente entrar no carro, nós olhamos para o lado e a amiga da minha mãe só ria de nervoso e minha mãe só disse: Corre!!!!!!!!!! Segurei na mão do meu irmão e corremos muito para buscar ajuda, chegamos num ponto de ônibus e perguntei para um pessoal que estava aguardando o ônibus:

Vocês viram um carro preto passando por aqui agora? Eles pediram pra gente entrar no carro.

Uma mulher olhou para mim e disse:
Como assim criança? Cadê os seus pais?

Eu respondi:
Moça, minha mãe ficou pra trás, não sei nem se ela está bem, eu só preciso de ajuda, pois dois homens com jaqueta preta e armados tentaram nos pegar.

A mulher ficou sem saber o que dizer, mas também não teve nem tempo, pois logo em seguida minha mãe e a amiga chegaram sãs e salvas. Elas falaram que os bandidos se assustaram com a risada da Sandra e que talvez por isso eles tenham ido embora, provavelmente por medo de algo vai saber né. Nos abraçamos e fomos todos para a casa, todos pensativos com o que acabara de acontecer naquela noite esquisita.

Ao chegarmos, meu pai ficou furioso por não nos encontrarmos em casa, como ele chegava tarde do trabalho não gostava que a minha mãe andasse na rua até tarde por causa da falta de segurança e os perigos e ainda por cima com a gente, errado ou não, tive que dá razão pra ele. Bem, você se lembra do acidente da minha mãe? Costumo pensar que foi mais um aviso para tomarmos cuidado e não seguirmos adiante, mas tudo nessa vida serve de aprendizado, seja ele ruim ou bom.

Depois daquele dia só saíamos pela manhã e voltávamos a tarde, tipo umas 17h no máximo.


Vivi Moreira é compositora, contabilista, vegana e idealizadora da Rádio Rota 220.

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