NATASHA
Os percursos que fazemos ao longo de nossas vidas revelam surpresas e conhecimentos incomuns; também oferecem as oportunidades necessárias para que
conheçamos pessoas interessantes, biografias, culturas, fazeres e dizeres diferentes. Bom, hoje serei mais coloquial, mais informal, trazendo aos leitores minhas impressões sobre um livro que me tocou sobremaneira e sobre sua escritora.
Falando sobre mim, trabalhei muito tempo como Técnico Eletrônico, minha mais antiga profissão, formado que sou pela Escola Técnica Parobé, de Porto Alegre, RS. Neste meio, trabalhei em algumas multinacionais, e conheci muita gente bacana, profissionais interessantes, pessoas capacitadas, formando base para alguns de meus estudos mais tarde quando de minha graduação, em especial nas áreas de educação e educação continuada, modelo de Tendência Liberal Tecnicista (sou primordialmente fruto deste modelo) e tantos outros caminhos e pensamentos; também conheci a jovem Priscila Lindenbach, moradora de São Paulo – SP e que foi minha coordenadora de campo por muitos anos. Desta relação de trabalho ficou uma ótima amizade, os caminhos seguiram direções diferentes; esta amiga, assim como eu, tomou novos rumos, formando-se em Psicologia e atuando nesta área. No ano de 2019, estávamos conversando via redes sociais, quando Priscila comentou sobre uma paciente sua, uma jovem de muito talento e determinação, que havia lançado recentemente um livro autobiográfico, falando de sua trajetória e superação; fiquei bastante interessado por aquela história interessante, aquela vida que ainda estava se construindo, mas que já apresentara momentos marcantes. O livro, cujo título é Deficiência, e a autora, Natasha Marques.
Deficiência
Neste livro, detalho como é a visão de uma pessoa que passa por uma mudança tão dura e como foi o processo para conseguir me adaptar a viver com limitações. Este não é um livro (apenas) motivacional, é um livro da vida real, de como a realidade pode ser dura e de como podemos nos posicionar diante dela.
Um resumo do ótimo conteúdo; ao mesmo tempo que encanta, remete a reflexões sobre assuntos importantes. A jornada da escritora fornece um diálogo prazeroso com o leitor, onde há momentos em que quase dá para sentir o que ela sente, passa e internaliza. Momentos de angústia e de grande superação. Temas como saúde física e mental tratadas de uma maneira tão delicada, porém bruta no modo com que acontece. Natasha, então com seus 21 anos, sobrevivente de um acidente de moto que trouxe reflexos importantes em todos os campos de sua vida. A narrativa da leitora começa antes do acidente, traçando seus passos até então ... paixão pelas artes e o teatro, a maquiagem profissional, episódio sofrido de assédio em ambiente de trabalho, infelizmente algo recorrente às mulheres devido a ainda haver pensamentos machistas e autoritários, mesmo com todos os avanços nas legislações. O livro oferece uma imersão total, o leitor passa a “devorar” as páginas, tal o desejo de ver os desfechos das histórias, retratando também as dificuldades como as questões de acessibilidade e a construção de novas identidades, uma nova forma de ver a vida, as pessoas e as instituições. Tal qual uma peça de teatro, o relato da autora se eterniza, trazendo luz a um tema pertinente, que é a depressão. Com sua história ainda sendo construída, Natasha fornece uma obra que, muito mais que um exemplo de superação, inspira! Faz com que tenhamos mais rigor em uma autocrítica sobre tudo, nivelando por cima nossos conceitos.
Estava na época em que recebi e li este maravilhoso livro, responsável no serviço por dois estagiários em tenra idade ... sempre fazemos associações, e um livro bem escrito provoca este sentimento, causa este efeito, e para mim causou uma reflexão importante, talvez até tornando-me um profissional melhor, pois de forma subjetiva são tratadas também questões como responsabilidades no trato entre colegas de serviço, entre supervisor e supervisionado, abarca relações íntimas e pessoais, relacionamentos, amizades, o importante papel da família. Como pai, minha filha hoje está com 19 anos, é difícil não se emocionar com relatos de alguém tão jovem, pulsante, com paixões e sentimentos aflorando, maturando seus pensamentos e sua identidade.
Nada melhor que uma citação da autora, na apresentação do livro:
“Intuitiva que sou, sempre senti que alguém me abraçava enquanto eu choravaem desespero, quando eu sofri com dores intensas e desejava morrer para ter descanso, algo espiritual me acalentava e segurava minha mão, me trazendo uma paz incomum.Essa presença sussurrava em meus ouvidos: ‘Continue, porque você é forte’.”
Quem quiser conferir, o livro é Deficiência, de Natasha Marques, ed. Autografia, 2017: https://www.autografia.com.br/produto/deficiencia/
Sandro Ferreira Gomes, Professor de Língua Portuguesa, Servidor Público na Biblioteca Monteiro Lobato, Gravataí ... Porto Alegrense, admirador das belas artes, das culturas, do texto bem escrito e das variedades de pensamento.
03 ANOS DE COLETIVEARTS
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2 Comentários
Parece muito interessante esse livro
ResponderExcluirÉ sim, Laís ... abarca assuntos que remetem a reflexões profundas. Eu gostei muito!
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