Se Fosse Contada Pelas Mulheres
A História Não Seria Mentirosa
Preciso tirar o meu chapéu
Para a história contada pelas mulheres
Que não vivem só de fogão e talheres
Sonhando um dia com buquê e véu
São as únicas com direito reto ao céu
Reproduzem a vida de forma honrosa
Tem seus amores em verso e prosa
Não se entregam por motivos reles
Se Fosse Contada Pelas Mulheres
A História Não Seria Mentirosa
-G. G. Carsan
Todos sabemos que a história é contada pelos vencedores. Como envolvem as batalhas, combates e lutas insanas em todas as épocas, sempre foi obra dos homens. Os reis mantinham escrivães de confiança para contarem as suas façanhas. Homens de dentro do palácio para acompanhar cada ato e fato do reino. Que pena que não escolheram as mulheres para tal tarefa. (Claro, elas não sabiam ler, não podiam mostrar o rosto, não podiam falar diante dos homens, etc.).
Não era campo para as mulheres, cujas funções se restringiam à procriação.
Analisando a história pelas mulheres percebemos logo que a literatura é escassa. As obras milenares e seculares foram escritas por Homero, por Camões, por Caminha. Como seriam as mesmas histórias escritas pelas mulheres?
Não preciso invocar Cecília Meirelles, Agatha Christie, para atestar a qualidade das mulheres com uma pena à mão.
Tenho acompanhado a performance das mulheres escritoras do ColetiveArts e percebido com êxtase positivo a profundidade dos temas abordados, que sinalizam para verdades, posições e abordagens sob um ponto de vista praticamente jogado pela linha de lado pelos escritores homens.
A escritora Miriam Coelho em sua "Armadura" questiona assim o nosso tempo tão caótico:
"E se estivermos vivendo batalhas infindáveis por coisas inúteis? E se estivermos nos armando inconscientemente para não deixar nada mais entrar? E se nossas atitudes, mente e coração estiverem blindados com armaduras impenetráveis até dentro dos nossos próprios lares? E se estivermos vivendo traumas de pós guerra, representando injustamente até com inocentes?"
Realmente, do ponto de vista masculino é sempre mais fácil e simples empurrar e dar porrada, esconder nossas falhas e fraquezas, batendo no 'atacado' como faz a Rússia contra a Ucrânia, punindo os civis.
Restart - Uma Chance Para me Corrigir, de Isab-El Cristina Soares, é um tapa na cara de uma montanha de hipocrisia espalhada por aí.
"Muitos falam na melhor idade e eu pergunto: - melhor idade para quem? Para as farmácias, para as clínicas de plástica, para as fábricas de cremes, para as instituições de longa permanência para idosos? Alguns acham a velhice bonita, eu tenho medo da velhice. A velhice me lembra dependência, dor e sofrimento. Estou envelhecendo e o medo só aumenta. Aquela velha que fica me encarando e imitando no espelho, não sou eu".
Quem quiser saber mais visite hospitais e praças para ver o descaso nacional com os velhos. Hoje se tenta mascarar tudo com vagas para idosos, melhor idade, academias de saúde, mas quando o assunto é medicamento controlado e cirurgia, é melhor morrer.
A narrativa feminina é mais elaborada, centrada, responsável, robusta, parece que escrita e reescrita, comprovada, como se fosse saída do fato em tempo real, exprimindo cada sensação, cada percepção, todas as nuances com a maior naturalidade.
Não tenho dúvidas na capacidade, concentração e vontade de acertar das mulheres. Elas se contrapõem aos homens em suas missões mais básicas. Costumo defender a tese de que as mulheres têm as funções impreteríveis, indispensáveis e intransferíveis de manter a espécie com a proteção da família. É visível que as mulheres respiram a família e o romance, contrapondo-se aos homens que só enxergam o poder e o sexo (embora o empoderamento feminino esteja colocando as mulheres nas linhas de comando e, quem sabe, contaminando-lhes).
Ouso dizer que as mulheres, apesar da proximidade, vivem num mundo totalmente diferente e distante dos homens. Não sei como explicar tamanha distorção.
Juntos e separados. Não fosse assim, a diferença seria tão grande. Os maridos deitam com suas mulheres, os pais criam suas filhas, os avós amam suas netinhas, mas são tão diferentes que parecem iguais.
Que as mulheres continuem surpreendendo com temáticas e performances inusitadas para preencher o vazio de nossa visão masculina, extirpada e equivocada.
Parabenizar todas as damas do ColetiveArts, de tão belas peças literárias, venho.
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| G. G. Carsan |
G. G. Carsan é cidadão do mundo, gosta de caminhadas na natureza, tocar violão nas horas de folga, passar horas na internet papeando com os amigos, escrever editoriais e matérias nos seus grupos e páginas, preparar novos livros e poesias, manter os storys atualizados, viajante internauta pelas imagens e mapas... é um escritor brasileiro cujo principal lema de vida é valorizar a justiça, a honra e o caráter; escreve histórias reais e ficções e tem dez produções lançadas entre livros físicos e e-books (o último: Pandemia Brasil – Uma Bala na Agulha). É um colecionador, divulgador e historiador do personagem de quadrinhos TEX, com uma dúzia de exposições em eventos pelo Brasil, quatro livros publicados, páginas e grupos na internet desde 2002, cinco temporadas no canal do youtube "Tex Show", uma dúzia lives na página Texianos Live Show e foi o primeiro cosplay do personagem no Brasil.
Para conhecer um pouco mais sobre GG Carsan, escute o episódio de nosso podcast, o Coletive Som, gravado com esse grande pard. Clique Aqui.
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| Sempre algo interessante para contar! |
5 Comentários
É uma honra ler esse texto e me deixa sem palavras. Nós, mulheres, que ainda temos q conviver com machistas e com a hipocrisia de muitos homens, ler esse texto nos faz acreditar que estamos no caminho certo para ombrear, lado a lado, o mundo masculino. Obrigada, GG Carsan. A taxa de feminicidio cairia se mais homens pensassem como tu. Muito obrigada por trazer felicidade aos nossos textos e nossa vida.
ResponderExcluirNossa, que texto maravilhoso! Amei ler a escrita de um homem valorizando e se conectando com o feminino.
ResponderExcluirNão temos registros históricos de feitos das mulheres da antiguidade porque foram destruído pelas religiões cristãs. Antes do cristianismo iniciar as conquistas, a vida era "pagã". As mulheres eram líderes, guerreiras, donas de terras e sacerdotisas, por serem férteis como a terra. Se pegar a imagem do Diabo e do Fauno, por exemplo, verão que é a mesma. O Fauno é um ser mágico da natureza, adorado por trazer bençãos à tudo que era fértil. Por isso elas faziam rituais nas matas. Mas a nova ordem criou a fantasia de demônio e matou todas que mantinham essa tradição. Na história celta, tem registros das mulheres chefes.
Acredito em Jung, quando diz que todos temos as duas energias dentro de nós: masculina e feminina. Porém o masculino tóxico ou o feminino tóxico em nós é o que nos faz agir de formas doentias. Por isso temos tantos problemas. O homem saudável e a mulher saudável são complementos harmônicos. As atitudes se fecham e são de mesma intensidade. Gratidão por esse texto lindíssimo. Amei ler!
No Egito também tem histórias de mulheres faraós. Que lideraram o povo egípcio.
ExcluirObrigadaço meninas. Sintam-se abraçadas.
ResponderExcluirQue lindo ver um homem valorizando as mulheres escritoras. Realmente no Coletive tem tantas mulheres escritoras incríveis, que são dignas de homenagens.
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