A MÚSICA SEGUNDO O FILÓSOFO

 

Martinho da Vila - Rosa do Povo


Martinho José Ferreira, ou para os íntimos, Martinho da Vila. Ícone não só do samba, mais da música brasileira. Faltam adjetivos para esse nome e não é necessário ser piegas para falar do grande compositor brasileiro. Mas é preciso se falar de um trabalho desse artista que talvez não tenha atingido tanta repercussão, mas de qualidade musical de bom nível.

O ano era 1976, o compositor vinha de um álbum que teve uma vendagem de 600 mil cópias, o disco intitulado de Maravilha de cenário. Usando o poeta Carlos Drummond de Andrade como inspiração no titulo do álbum, Rosa do Povo, foi o nono álbum da carreira do artista, iniciado em 1967.



A produção ficou a cargo do incansável Rildo Hora, cara que já produziu muita gente boa da música brasileira e toca uma gaita maravilhosa. A arte da capa ficou sob a batuta de Elifas Andreato que também fez a arte da capa do disco de Paulinho da Viola, o excelente Nervos de Aço. E o resultado final, foi mais um belo trabalho desse importante design gráfico.

São sete faixas ao todo. Com Rosinha de Valença no violão, dando um toque especial no arranjo. A poesia pautou o disco. Apesar de não ter musicado nenhum verso de Drummond de Andrade, o poema Rosa do Povo serviu de inspiração para o compositor. Na música João e José, com a participação de João Nogueira na canção, há a citação do poeta na música.

Outro poeta citado em outra faixa do disco foi o poetinha Vinicius de Moraes, na música Não tenha medo amigo. Música bem politizada, ainda mais em tempos de censura imposta pela ditadura, Martinho demonstra sua consciência social, política em forma de canção. Também tinha o lado romântico do cantor. Em parceria com a então novata Leci Brandão, fazem juntos a bela Chorar Não cabe agora.

Até samba-enredo teve espaço no disco. Invenção de Orfeu, samba utilizado pela Vila Isabel no carnaval de 1976, e outro samba-enredo teve seu espaço merecido no álbum. Esse já do Salgueiro, o samba intitulado de História da Liberdade no Brasil, foi usado pela escola no carnaval de 1967. Choro chorão, composto para Ademilde Fonseca, fez parte de Rosa do Povo.

Disco ideal para se conhecer o Martinho em plena forma criativa e botando seu nome de vez na música brasileira com toda pompa e sucesso.



Daniel Filósofo 

Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista Também escreve suas crônicas dominicais na coluna do Daniel Filósofo.



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