COLAGENS DA CRIS

Dedicado a Laís Ramos e todas as mulheres que sofreram ou sofrem assédio ou abuso sexual. NÂO É NÃO!

MESA DE JANTAR 

Quando falamos em assédio sexual as primeiras perguntas que ouvimos ou que, até mesmo, vem a nossa mente (sem hipocrisia, por favor) normalmente são: mas o que ela estava fazendo sozinha ali? AH, mas ela estava dando mole? Mas que roupa ela estava usando?

Pois vou lhes contar um caso pessoal. Por volta dos meus oito anos de idade sofri meu primeiro caso de assédio sexual. O fato foi que um estranho passou sua mão em minha partes mais íntimas em plena Rua da Praia. Eu estava de calça jeans. Em meio a uma multidão. Não vi seu rosto. Não lhe disse uma palavra. Não lhe dirigi um sorriso. Seria eu a culpada por esse ocorrido?

E digo mais! E se eu estivesse de mini saia? E se eu for legal com aquele carinha no bar a uma da manhã? E se eu estivesse sozinha, de minha saia, sendo legal com o carinha no bar a uma da manhã? Isso seria justificativa para ele tocar meu corpo sem consentimento? Se você pensa que sim, amigo, tenho que discordar de você. Mesmo que o “NÃO” não seja proferido em palavras, se o “SIM” não estiver explícito, aconselho não tocar no corpo de ninguém. Seja de forma sexual ou não. Isso deveria ser de conhecimento e uso (!!!) geral.

Mas então, entro em outro ponto. No caso de ocorrer um fato como este. De um tocar no corpo do outro sem consentimento E de forma sexual. O que fazer? Primeiramente, ouvir a vítima, pois esta estará fragilizada (talvez) física e (com certeza) emocionalmente. A opinião da vítima deve ser respeitada acima de tudo. O abusador também deve ser ouvido, pois até onde sabemos, vivemos em uma sociedade democrática e eu, pelo menos, procuro conviver com seres humanos que prezam pela democracia.

Chegamos na questão que não quer calar. E quando o agressor é alguém do círculo de amizades, do local de trabalho ou da família? Deve-se excluir essa pessoa do convívio ou deve-se continuar convivendo como se nada tivesse acontecido? Apenas como um exercício, mudaremos o foco do texto: você sentaria à mesa com uma pessoa declaradamente racista? Ou nazista?

ENTÃO PORQUE CONTINUA SENTANDO À MESA COM ABUSADOR?


Cris Bastienello é escritora, historiadora e artista visual. Além de de ser uma artista engajada, é apresentadora dos Saraus do ColetiveArts Também apresenta o programa de entrevistas Colagens da Cris no instagram do Coletive:https://www.instagram.com/coletivemovimento/

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O Coletive repudia toda e qualquer
forma de assédio ou abuso sexual!
NÃO É NÃO!

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