DECEPÇÃO: SUPERESTIMEI
OS “HERMANOS”
Sempre tive imenso respeito pelos “Hermanos argentinos”. Tanto no futebol, quanto no belo tango meu coração sempre bateu forte.
Quando visitei as Cataratas do Iguaçú fiz questão de ir do lado Argentino e ver as belezas de lá. Entre outras maravilhas posso citar o Teatro Colón, a Livraria El Ateneo Grand Splendid, a Praça de Maio, o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, Museu Nacional de Belas Artes entre outras e afirmar que a Argentina é um povo culto e muito inteligente.
No domingo, dia 19 de novembro de 2023 o povo argentino mostrou seu outro lado: o lado ignorante e fascista. A cópia fajuta de Trump e Bolsonaro, Javier Milei, venceu no segundo turno das eleições presidenciais na Argentina com votação histórica, vencendo de 55,69% a 44,30% o peronista Sergio Massa.
O mundo todo presenciou a decadência do Brasil na era Bolsonaro e dos EUA na era Trump e mesmo assim os “Hermanos” conseguem repetir o erro, sem medir as consequências que isso causará para seu povo. Na Folha de Pernambuco a manchete, em letras garrafais é “Presidente do México classifica eleição de Milei na Argentina como “gol contra”.
Tanto Milei, como Bolsonaro e Trump foram descritos por alguns analistas como líderes populistas de um novo movimento global de direita anti-políca que se constrói questionando a direita tradicional. Parecidos em seus posicionamentos, Bolsonaro e Trump comemoraram publicamente o resultado das eleições e confirmaram presença na posse .
Julia Braum da BBC de Londres reafirma a imagem antissistema construída pelos três. Usam da narrativa de serem os “redentores” de seus respectivos países e que resgatarão um passado deixado para trás. Lembra, também, que os três foram eleitos usando as redes sociais, fugindo do “politicamente correto”, espalhando ódio e fake News. Foram beneficiados pelo sentimento de alienação política, econômica e cultural de seus eleitores. Abusaram das críticas à China e às ideias e políticas da esquerda e utilizaram-se de religiões para angariar seu “rebanho” (gado). Tanto Bolsonaro como Trump, após a derrota, usaram a narrativa de fraude eleitoral e Milei já estava preparando o discurso ao afirmar, logo após o 1º turno, que cédulas haviam desaparecido e que “se perdesse seria porque as eleições haviam sido roubadas”. Essas são apenas algumas coincidências, além de negar a ciência e as atrocidades das ditaduras militares.
Enfim, eu que sempre admirei o povo argentino, hoje lamento pelos 44,30% de pessoas que não escolheram este destino mas que viverão um inferno chamado direita-radical durante quatro anos. Hoje choro pelo futuro incerto dos “Hermanos”. Cazuza dizia que “a burguesia fede”, eu digo que a “direita fede”.
Até 2027 a terra será plana na Argentina e que Deus tenha piedade deste povo.
Isab-El Cristina Soares |
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